Concursos de beleza: a gente precisa rever os nossos conceitos!

Nunca vou me esquecer da Gracie Hart (Sandra Bullock) tendo que transformar toda sua vida, largar seus hábitos únicos e particulares, seu modo de viver confortável, para se tornar uma participante do Miss Universo, no filme Miss Simpatia. Fica claro tamanho sofrimento que é transformar a sua vida para se encaixar em um padrão. Não tem prova maior e sátira melhor que exemplifique o quanto ridículos são esses concursos de beleza e quanto eles precisam chegar ao fim. Eles representam esperanças para algumas mulheres que podem não ter tido oportunidades na vida? Sim, mas queridas essa esperança está sendo apostada em bilhete errado e sai muito caro para todas as mulheres – não só as concorrentes do concurso mas a todas, que ficam achando de forma direta ou indireta que mulheres mais próximas ao tal padrão são “mulheres melhores”. 

Os Miss-o-caramba-que-for chamam atenção mundial e atraem milhares de pessoas para frente da televisão com um único objetivo: eleger a mulher mais bonita entre algumas outras. Mais bonita pra quem? POR QUE mais bonita? Porque ela corresponde a medidas previas de como SERIA um corpo ideal, é isso? Porque ela é o modelo padrão, então? QUE ERRO. Beleza não tem padrão, além de ser muito subjetiva beleza é construção social e influência do meio… Não à toa que por mais diversidade étnica que tenha nesses concursos, sempre ganham as que mais se assemelham ao padrão europeu.

Veja, há anos eu deixo clara minha opinião contra concurso de beleza… Acho que reúne tudo de errado que eu vejo em relação à pressão sobre nossos corpos hoje em dia. Inclusive, também não sou a favor de concursos de beleza plus size. Acho de verdade que colocar um grupo seleto e bem pouco diversificado de mulheres em uma situação de competição estética mais prejudica do que ajuda. É gerar entretenimento ruim em cima de uma questão delicadíssima que é a representação da mulher. É ganhar dinheiro às custas de muitos psicológicos femininos – coisa que a indústria da beleza faz há anos e já estragou tanto a nossa autoestima. É reafirmar a cada ano que passa que a beleza dentro de algum padrão deve ser glorificada em pé. Isso não é saudável, não é bom…

Aí que volto de viagem e começo a receber um monte de notificação sobre um caso de “gordofobia” no Miss Universo. Fui checar. Pra começar, o evento em si é ABSOLUTAMENTE gordofóbico, porque embora não tenha uma medida padrão (segundo o concurso, não tem definição de tamanho ou peso para participar) todo ano a gente vê os mesmos esteriótipos sendo reproduzidos. Aí, pra piorar, quando FINALMENTE tem uma apresentadora como a Ashley Graham, modelo plus size de beleza estonteante, somos obrigadas a nos deparar com comentários ridículos sobre uma das participantes que não se encaixava no padrão de magreza das outras candidatas – sendo que mesmo estando fora do padrão de magreza, nem de longe ela poderia ser chamada de gorda.

Gente, sinceramente, o que poderíamos esperar de um concurso que limita a mulher à uma beleza padronizada? O que esperar da mentalidade de pessoas que acreditam que a beleza é o principal atributo de uma mulher? A gente tem que ligar para esses comentários? A gente tem que dar atenção a esse tipo de coisa?

Esse tipo de concurso, na minha opinião, é um retrocesso tão grande nas nossas lutas – todas elas, seja por igualdade, por autonomia, por aceitação, por amor próprio, por tudo – que não deveria nem sequer ser assistido. 

Você pode assistir porque quer, óbvio, mas saiba que você está contribuindo com uma indústria e com uma mentalidade excludente, que compara a mulher a um objeto, que ajuda na construção de um pensamento atrasado de que a beleza tem só uma medida, de que existe competição entre mulheres, de que a evolução de uma mulher é pautada pela sua beleza (e essa deve se enquadrar nos padrões).

Eu recebi o recado de uma leitora “Ju ajuda a calar a boca dessas pessoas que estão criticando”… Eu não posso calar a boca de ninguém – nem calaria se pudesse, mas gostaria de convidar cada uma a fazer uma reflexão e levar para suas amigas também: é isso que vocês querem da vida? Que tudo em vocês se resuma a quanto perto de umas medidas vocês estão? Vocês querem continuar sendo levadas por uma inércia de pré-conceitos que fazem com que vocês não tenham escolha sobre o que é bonito ou não para vocês? Vocês querem abdicar da sua capacidade e inteligência e aceitar o que é imposto assim, de forma tão autoritária? Reflitam sobre isso e conversem com as mulheres a sua volta… 

É claro que a gente acha uma ou outra mais bonita, baseada em nossos gostos, mas a revolta jamais deveria ser com a escolhida final e sim com o fato de TERMOS QUE ESCOLHER ENTRE UMA OU OUTRA.

A gente tem que, além de tudo, parar de achar que a vida é uma competição de belezas, abra seu coração e sua cabeça. Não tem espaço para duas, três, vinte ou cem mulheres serem as mais bonitas, todas com suas diferenças? Não tem como a gente parar de ficar elegendo “modelos a serem seguidos” e aceitar que cada pessoa é a mais linda do seu próprio universo?! Não tem espaço na sua cabeça para aceitar que não é necessário um modelo estético de beleza e que a televisão não precisa ditar as regras da sua vida? E por fim, abra sua cabeça e perceba que a mulher não precisa ser colocada em exposição para ter suas qualidades avaliadas, como se fosse um objeto em um leilão.

 

Enfim, para mim de todos os problemas que envolvem os concursos de beleza esse comentário “gordofóbico” não foi uma surpresa… Saiba que ele resume tudo que é um concurso de beleza.

E ainda acho que a gente deveria seguir o exemplo da Argentina e tentar de todas as formas suspender esses concursos de beleza (leia mais sobre isso matéria aqui).

 

Enfim, gatonas, perguntaram minha opinião e é essa. Qual a sua? O que você achou? Me conta tudo!

 

 

BJÓN

 

A gorda e a magra na novela Alto Astral

Hoje uma leitora querida veio me contar que rolou um a gorda e a magra na novela Alto Astral ontem! Confesso que não assisto essa novela por motivos de: eu trabalho a noite e perco TODAS as novelas. Mas essa me parece muito interessante para nós, já que a personagem Bia é uma gordinha que sofre bullying dentro de casa, assim como muitas de nós.

Bom, além da relação psicologicamente abusiva do seu irmão, a história parece ser legal e muito semelhante a de muitas outras gordinhas do Brasil, provando que o autor está realmente ligado no universo plus size para escrever a história da personagem. Quer uma prova? Então vou te dar 2:

1. O avô de Bia a inscreve em um concurso de beleza e ela resolve participar. Qualquer semelhança com a Vanessa Braga, do Garota Verão, me custa a acreditar que seja mera coincidência.

2. No episódio de ontem, Bia sai para fazer compras com sua irmã Laura que a convence de provar roupas mais modernas e bonitas. Dado momento elas saem do provador com a mesma roupa: a gorda e a magra! Então, elas começam a tirar fotos com o celular, quase senti no ar a hashtag #agordaeamagra hua hua hua. Pode não ser por causa da nossa campanha, mas que foi muita coincidência, ahhh foi!

♥ A gorda e a magra na novela Alto Astral ♥

 

Pontos de atenção (me corrijam se eu estiver errada, porque afinal não acompanho a novela diariamente):

É um grande passo para teledramaturgia brasileira tratar a gorda decentemente, de forma mais próxima da realidade, porém vale lembrar que a Bia, na Novela Alto Astral, só entrou no concurso de beleza para provar pro seu irmão – o bullyier – que ela pode ser linda. Ei, na vida real nós não precisamos provar a ninguém que somos lindas! A gente tem é que se sentir linda e os outros que lidem com isso, pois definitivamente não importam. E também, a melhor maneira de combater um bullyier é mostrar que você é forte e que não aceita aquela opinião e não achar formas de provar-lhe o contrário. Tipo, uma pessoa me chama de gorda e eu vou provar que não sou ficando magra? Vou perder horas da minha vida tentando provar um babaca que a opinião dele é idiota fazendo justamente o que ele quer? OIIIII???

Outro ponto é o provador do a gorda e a magra que, embora tenha sido MUITO legal colocar as duas irmãs com a mesma roupa, ainda assim, a roupa não era NADA bonita, nem fashion, nem moderna… O que prova que a gorda ainda tem opções muito limitadas, infelizmente. E que, sim, a gente ainda precisa lutar por peças bonitas e que acompanhem a moda dos tamanhos menores.

Mas enfim, não vamos negar que já é um baita avanço ♥

 

Dito isso, queria saber o que vocês acharam da cena?? Acompanham a história da Bia? Me coloquem por dentro dos bafões plus size que rolam na novela!!!

Ahhhh e não deixem de participar da campanha #agordaeamagra já que até a Globo apoia (huahauha poderia ser verdade), se quiser saber mais sobre a campanha a gorda e a magra, veja aqui. 

 

Por hoje é isso,

HUA HUA

BJÓN

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