Miss Brasil Plus Size em ensaio fashion contra o sedentarismo

Olá queridas, achei legal compartilhar o ensaio que a atual Miss Brasil Plus Size, a Denise Gimenez, participou porque é do tipo que ajuda a quebrar esteriótipos não só de que “toda gorda é sedentária e vive a comer porcarias”, mas acima disso o ensaio ajuda a mostrar que a modelo plus size não precisa sempre estar colocada no cenário plus size e pode SIM aparecer em um ensaio de moda sem ser específico do segmento.

Como já contei aqui no começo, estrela do editorial é a atual Miss Brasil Plus Size, Denise Gimenez de 35 anos, uma das primeiras modelos profissionais do Brasil e que defende um estilo de vida saudável independentemente do peso, nas redes sociais. “A obesidade só se torna uma doença a partir do momento em que te impede de viver bem ou traz limitações. O estilo de vida e a má alimentação são os grandes vilões da saúde humana. Assim como tem gordinhos com propensão a várias doenças, também temos magrinhos com colesterol alto, etc. Estar acima do peso não é sinônimo de doença, mas ser sedentário e ter hábitos ruins sim. Eu não me privo de comer nada que tenho vontade, mas vou à academia, tenho uma alimentação saudável durante a semana, se exagero um pouco em algo, acabo compensando em outras coisas. Por conta das viagens de trabalho, frequentar só a academia passou a ser um desafio, então quando dá faço caminhadas, danço no quarto do hotel, etc. O importante é não ficar parado”, explicou a modelo.

Bom, eu não acho que ninguém é dono de ninguém para ficar cagando regra de saúde na vida alheia. Pelo contrário, acho que cada um sabe o melhor jeito de viver e cuidar ou não de sua saúde, afinal ninguém tem nada com isso. Mas eu realmente gosto de exercícios e sempre me sinto feliz em ver outras plus size que gostam também heheh

Bom, gostando ou não de fazer exercícios, fica aí o ensaio de inspiração para ver também que a modelo plus size pode participar de ensaios de moda para além do segmento de tamanhos grandes e, quem sabe um dia, a gente não estampe os editoriais de revistas de grande circulação, não especificamente como uma “modelo plus size” mas apenas como “uma modelo”, não é?

Miss Brasil Plus Size em ensaio fashion Yes, We R Fit ♥

Top Patra | Óculos de Sol Só no Luxo

Body Galfe Modas | Short Mania de Grandeza | Cinto, lenço e sandália acervo | Óculos de Sol Só no Luxo

Body Candelabro |Top Patra | Blazer Galfe Modas | Óculos de Sol Só no Luxo | Sandália acervo

Body Le Quintao | Short Mania de Grandeza | Blazer Palank Fashion | Tênis Acervo

Body Galfe Modas | Colete acervo | Óculos de Sol Só no Luxo | Acessórios acervo

Body Candelabro | Legging Galfe Modas | Blazer acervo | Acessórios acervo

A Fashion Curvy, idealizadora do ensaio, criou a hashtag #yeswerfit no Facebook para que mais e mais pessoas mostrem que já aderiram e incorporaram hábitos saudáveis no seu dia a dia.

 


Ficha Técnica:

Editorial: Yes, We r Fit

Criação e Direção: Joyce Matsushita (Fashion Curvy)

Fotografia e Arte: Filipe Menegoy

Make e Hair: Thayná Brito

Modelo: Denise Gimenez, Miss Brasil Plus Size 2015


 

 

 

Bom gatonas, independentemente do tema eu adoro uma foto diferente e tals, mas me contem: o que vocês acharam? Curtiram o ensaio? Me contem tudo nos comentários!

 

HUA HUA

BJÓN

Confissões de uma mulher normal

Eu já fui obcecada por peso. Já fui tão obcecada que sentia meu estômago se desdobrando de fome dentro da minha barriga, abria a porta da geladeira e a única coisa que conseguia fazer era chorar. Não, nem um Polenguinho. Nenhum alimento era pouco o suficiente para o tanto que eu precisava emagrecer. Eu usava 36 – hoje visto 50. Não sei bem ao certo onde eu queria chegar. Só sabia que não era ali, era mais. Eu queria ser mais magra. Achava que a numeração das calças estava errada, que não era possível ser gorda daquele jeito e já vestir 36. Sim, eram as calças que estavam erradas, porque eu me via no espelho muito gorda. Pra piorar eu não ia ao banheiro. Eu não comia quase nada, mas queria que o pouco que comia saísse logo. Uma amiga recomendou um remedinho natural, “vende na farmácia sem prescrição, você toma e dentro de 6 horas vai ao banheiro”. Eu tomava um a cada 6 horas. Quando o remedinho começou a ter efeito rebote, achei melhor começar a vomitar. Contava 10 grãos de arroz, tomava um litro de água e saía da mesa com a desculpa que precisava ir fazer xixi. E vomitava.

Eu vomitava e chorava – de fome, de tristeza, de solidão. É muito solitário viver a prisão do seu corpo. É muito triste não conseguir pensar em mais nada além de emagrecer.

 

 

Fiquei encarcerada durante mais ou menos 1 ano. Foi o tempo que tomei o Roacutan, remédio para espinhas que tem a pior bula de efeitos colaterais de todos, entre eles distúrbios alimentares, depressão, desejo suicida. E eu tive todos os efeitos colaterais. Depois que parei o remédio, minha vida foi voltando ao normal. Mas claro, o desejo de ser magra está cravado na gente desde criança, o remédio potencializou, mas parar com ele não fez desaparecer toda a pressão que eu sofria para ter o corpo perfeito. Eu achava que não era perfeita. Eu achava que precisava ser…

Foi só 4 anos e 20 sessões de terapia depois que eu consegui tocar nesse assunto (e ainda hoje, 10 anos depois, quando falo meu olho se enche de lágrimas). Foi muita dor. Dor não é só o que a gente sente quando corta o dedo ou quando opera a vesícula. A pior dor que a gente sente é da tortura mental, que te mata por dentro.

Dona Vera, minha terapeuta, com suas sobrancelhas arqueadas, me perguntava:

– “quem liga para como é o seu corpo? Se é gordo ou magro?”

– “os outros”

– “mas quem são os outros?”

– “todas as outras pessoas!”

– “e como essas pessoas influenciam no curso que leva a sua vida?”

–  ………

– “então por que você se importa tanto com o que elas acham de você?”

– ……….

– “já parou para pensar, que você está deixando sua vida ser levada pela opinião de pessoas que não influenciam em nada nela? Já pensou que você está anulando sua personalidade para isso?”

 

Dona Vera me deu um estalo que eu estava precisando. Eu precisava desse “clic” para conseguir analisar de fora como tinha sido horrível aquilo pelo que eu passei. Como eu tinha maltratado o meu corpo, a minha mente e a minha vida em busca de aprovação. E era isso mesmo que eu queria: aprovação. Eu queria que minha mãe não achasse defeitos em mim, que os meninos do colégio quisessem me namorar, me exibir, eu queria ser irretocável. Eu queria negar tudo que fizesse de mim quem eu era, para simplesmente virar um objeto de exposição. Mal sabia eu que só fica em exposição o que já está morto.

Eu costumo dizer que foi a faculdade que me fez enxergar a beleza que cada pessoa tem, cada uma a seu modo. Mas acho que quem realmente me fez enxergar isso foi eu mesma. Uma vez que eu entendi que cada pessoa é única e o que torna uma pessoa o que ela é seu conjunto de qualidades e defeitos, passei a admirar cada pessoa como um quebra-cabeça. Todas as peças são necessárias para montar um lindo quadro no final. E não dá para simplesmente tirar umas pecinhas de um quebra-cabeça só porque ele tem 500 peças – da mesma forma que não dá para tirar uns quilinhos só porque alguém tem de sobra.

As pessoas são diferentes e isso é bom. Cada pessoa gosta de uma coisa e isso é muito bom. Eu aprendi a descobrir do que eu realmente gostava. Descobri quem era a Juliana, o que ela tinha prazer em comer, em beber, em conversar, em ouvir, em usar, em escrever… Eu conheci uma pessoa incrível: eu mesma. E passei a amar tudo que essa pessoa fazia, passei a apreciar cada momento com ela e a dar valor aos pequenos prazeres que ela me proporcionava. E nunca mais quis brigar com ela. Só cuidar, com carinho, para que ela durasse muitos anos.

Hoje falo de boca cheia que sou uma gorda saudável e prefiro assim. Acho engraçado alguém falar “impossível alguém não querer emagrecer”. Eu já fui magra e já fui gorda. Escolhi ser assim. Eu não quero emagrecer, estou assim por opção, obrigada. Eu nunca mais quis ser diferente do que eu sou. Sim, eu quero que amanhã eu sempre seja uma versão melhorada de hoje, mas que para isso eu não tenha que sacrificar as minhas horas de alegria e nem o meu prazer de viver. Que para isso, eu não tenha que derramar lágrimas toda vez que me vejo no espelho. Eu sou assim, gordinha, com a mente muito mais rápida que o metabolismo.

Eu já disse e levo isso como mantra na minha vida: a minha aparência é tão pouco e tão pequena perto da mulher incrível que eu posso ser. Pra quê perder a vida tentando transformar a minha aprência, enquanto eu posso crescer de tantas outras formas? Enquanto o que está por dentro pode ser tão mais lindo e gerar muito mais frutos do que o que vem por fora?

O tempo passa, a gente envelhece, os padrões mudam, as pessoas vão e vêm. A única coisa que você consegue salvar é o que você cultivou de dentro para fora.

 

Confesso que já fui obcecada por peso e isso não me levou a lugar algum. Hoje sou apaixonada pela vida e vou para onde quiser (e isso inclui a academia, se me der vontade).

 

 

Obs: demorei mais de 4 anos para compartilhar essa história no blog, mas senti que era a hora de fazer o “Confissões de uma mulher normal” depois de um comentário infeliz de um rapaz que dizia “quero ajudar as meninas a se livrarem do martírio que é ser gordinha”. Eu digo que martírio é viver em função do seu corpo, gordo, magro, alto baixo, musculoso ou raquítico. Martírio é viver em função de futilidades. Ser quem você é não é um peso, é uma libertação!

 

 Obs 2: antes que alguém fale alguma coisa, eu cuido do meu corpo, da minha alimentação e do meu bem-estar. Só não deixo que isso tome conta da minha vida e de todas as minhas experiências!

 

 

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