- Não estou bebendo, Ju…
- Eita, miga, por que não?
- Porque estou com uma cintura que eu gosto e quero mantê-la
- Ahhh sério que você vai falar isso pra mim?
- Não me julgue… Eu sou assim, aceite. Eu to muito bem tomando suco, não sinto falta de cerveja.
Esse foi um dos diálogos que tive com uma das minhas melhores amigas e logo em seguida percebi que estava tendo uma atitude que mais condeno na minha vida: querendo tomar conta de um corpo que não é meu. Que direito tenho eu de dizer como deve ou não outra pessoa se divertir? Que direito tenho eu, baseada nos MEUS gostos pessoais, dizer o que faz ou não outra pessoa feliz?
Infelizmente esse é o tipo de atitude que presencio muito no meu dia a dia. Fora e dentro do meio plus size, inclusive. As pessoas de fora julgam o que a gente come, como a gente vive e a nossa saúde, da mesma forma que a gente de dentro, julga as pessoas de fora pelos regimes que elas fazem e o que deixam de fazer com seus corpos.
A verdade é que acima de tudo, a gente tem que parar de achar que o que a gente leva como verdade para a NOSSA vida deva ser a verdade para a vida do outro. Eu não sou feliz fazendo regime restritivo. Eu não ligo para o formato da minha cintura e eu jamais deixaria a cervejinha de lado por isso. Mas isso é o que ME faz feliz. Para a minha amiga, a cervejinha não é tão importante. Não é algo que faz diferença na vida dela. Não é um sacrifício deixar a cerveja de lado e ela não deixou para chegar a um corpo ideal. No entanto, ela gosta do jeito que está e quer se manter assim – e isso não é um sacrifício para ela.
É como eu levo a minha vida? Não. Mas é como ela se sente mais feliz, então bom para ela. Eu, como amiga, fico feliz que ela não esteja sacrificando uma coisa importante para ela, fico feliz que ela não esteja em busca de um tipo de corpo “perfeito” e fico feliz também que ela esteja buscando um equilíbrio em sua vida para o que a faz feliz. Isso se chama respeito.
Se fosse o contrário eu não gostaria de ouvir dela que eu tenho que parar de beber ou de comer ou de fazer atividades que me deixam feliz porque ela gosta da minha cintura. E ela nunca fez isso. Isso se chama respeito também.
Vejo todo dia as pessoas que defendem que a gente tem que fazer nossas próprias escolhas julgarem as escolhas alheias – e vida me perdoe, mas fiz isso hoje com a minha amiga também. Quer dizer então que, porque eu escolhi aceitar meu corpo como ele é e amá-lo como ele é, eu não posso querer mantê-lo assim ou mudá-lo quando eu bem entender? Achei que o direito de escolha era meu, não?!
Quer dizer que porque a minha amiga resolveu deixar de lado uma coisa para manter o corpo que ela tem, ela não ama o corpo dela e está em busca de um padrão? Não! Não é todo mundo que faz regime, que emagrece, que muda o corpo, que está tentando se encaixar em um padrão. As vezes, as pessoas só estão buscando o que é melhor para elas mesmas. E não interessa a ninguém os motivos, nem a mim nem a você, só a ela mesma. E se não faz diferença no NOSSO corpo ou na NOSSA vida, por que RAIOS a gente acha que tem direito de opinar?!?!
A discussão é bem complexa e eu acho problemático demais uma pessoa deixar de fazer coisas que gosta em prol de um corpo ideal, é disso que falo desde sempre aqui no blog, mas também temos que tomar cuidado para não radicalizar e pender para o outro lado. Não podemos defender que a mulher tem que se libertar das amarras dos padrões, querendo impor a ela a amarra do “você NÃO pode mudar se quiser”. Todos os extremos são problemáticos.
Qual a solução então? EU não tenho uma solução, não sou dona da verdade. Mas acredito que a informação liberta as pessoas. Dê liberdade para a mulher ser o que ELA quiser, mostre para ela que os padrões não a levarão ao sucesso, que o corpo “perfeito” não existe e não faz diferença o tamanho do corpo dela, se ela tiver amor próprio e autoestima. Uma vez que essas mulheres souberem que a felicidade não está atrelada ao formato de seus corpos, elas poderão escolher COMO é o melhor para SI, como é a melhor versão de si mesmas.
EU hoje acho que meu corpo, tamanho 50, tem o melhor formato para mim. Mas se minha amiga acha que o melhor formato de corpo dela é vestindo 38, quem sou eu para julgar a decisão dela?
Mulher, saiba que você é linda. No tamanho que você for. Saiba também que as decisões sobre o SEU corpo só devem dizer respeito a VOCÊ. Saiba que você não tem que agradar ninguém. Você não tem que se justificar. Você não tem que se desculpar. Você é dona de si e seu corpo é só seu.
E a partir disso tente não julgar as escolhas dos outros, nem as minhas, nem as da minha amiga, porque do nosso corpo só quem sabe somos nós. 😉
Como eu disse acima, não sou dona da verdade, essa foi só uma reflexão que tive hoje e quis compartilhar, mas adoraria ouvir a opinião de vocês também. Então me contem aqui embaixo como vocês se sentem sobre isso também!!!
HUA HUA
BJÓN