O meu medo de dirigir e um conselho poderosíssimo pra VIDA | De Carona com Elas

No dia do meu aniversário de 18 anos estávamos, minha mãe e eu, na porta da autoescola. Minha mãe me empurrava nervosa e eu, com cara emburrada, só queria sair dali. Eu odiava a idéia de guiar um carro, tinha medo de dirigir e das inúmeras possibilidades que envolvem andar no trânsito de São Paulo e pensava que seria absolutamente irrelevante tirar ou não a carta de motorista – afinal eu já me locomovia bem de transporte público.

Foi então que minha mãe me disse uma coisa que carrego até hoje para diversas situações da minha vida: “Filha, não importa se você QUER OU NÃO dirigir, se você VAI OU NÃO usar um carro um dia… O importante é que você TENHA A ESCOLHA e QUE A ESCOLHA DE PEGAR OU NÃO NO VOLANTE SEJA SOMENTE SUA. Dessa forma, você só vai depender de alguém se VOCÊ quiser. Mas para isso, você tem que ter a carta de motorista…

[blockquote author=”” pull=”normal”]”Filha, não importa se você QUER OU NÃO dirigir, se você VAI OU NÃO usar um carro um dia… O importante é que você TENHA A ESCOLHA e QUE A ESCOLHA DE PEGAR OU NÃO NO VOLANTE SEJA SOMENTE SUA. Dessa forma, você só vai depender de alguém se VOCÊ quiser. Mas para isso, você tem que ter a carta de motorista…”[/blockquote]

Ela se referia à minha nonna (avó em italiano), que nunca aprendeu por medo de dirigir e precisou ficar mendigando caronas para o nonno ou para vizinhas quando precisava ir ao médico, à padaria, ao supermercado e até à casa das próprias filhas. Se ninguém pudesse, ela não saía de casa…

No meu aniversário de 18 anos minha mãe me deu 2 lições de vida maravilhosas, mesmo que no dia eu nem sequer tenha percebido e hoje eu vejo que cada comentário importa.


1. Ela me ensinou que por maior que sejam nossos medos, temos que enfrentá-los e seguir em frente, porque só assim conseguimos conquistar mais liberdade e podemos realizar coisas maiores.

2. Ela me mostrou de forma prática o valor da liberdade e da independência. Ter seu próprio jeito de se virar na vida é impagável! Não é sobre dirigir ou não, mas sobre ter o controle da própria vida. A vida de cada uma é só nossa e só tem que dizer respeito a nós mesmas, então ter o poder de escolha sobre nosso corpo e nossa locomoção é o princípio básico da liberdade e independência.


 

Conclusão: DEU MEDO?! VAI COM MEDO MESMO!

Foi o que eu fiz: encarei o medo e me matriculei na autoescola. Pedi a minha irmã mais velha que me levasse em um bairro calmo, nas tardes de domingo, para que eu pudesse pegar o carro dela e ir me acostumando. Ela me deixava livre, não brigava comigo, não ria da minha cara… Só dava bons conselhos e incentivos.

Dessa forma acabei ficando confortável dentro do carro e passei a me entender bem mais como uma motorista independente do que como uma dependente do transporte alheio. Minha mãe não sabe, mas naquele aniversário de 18 anos ela mudou a minha vida…

Hoje, ainda tenho um pouco de medo do trânsito, mas não deixo que o medo me impeça e eu dirijo todo dia e não dependo de ninguém para ir trabalhar, ir aos treinos ou apenas dar um pulo na praia quando eu quiser.

Mas foi um comentário da minha mãe que transformou minha visão e me encorajou, assim como outras mulheres fazem no De Carona com Elas. Na ação chamada No Volante Sem Medo, as ilustradoras Vanessa Kinoshita, Nina Moraes e Ana Paula Zonta transformaram em quadrinhos lindos (como esse acima) os comentários das seguidoras sem que elas soubessem e o resultado foi lindo. Inclusive, fica aqui o convite para você também baixar as ilustrações e compartilhar com outras mulheres nas suas redes sociais, para dar ainda mais amplitude a essa rede de apoio tão inspiradora, no link http://hotsitesbr.com.br/decarona/campanha/no-volante-sem-medo

É emocionante ver a história de superação dos nossos medos, é inspirador ver mulheres se apoiando. Olha que lindo esse vídeo:

Eu tive apoio da minha mãe e da minha irmã, com comentários positivos e incentivo que me deram confiança para superar um medo. Então, sim, cada comentário importa e cada comentário que incentiva apaga um comentário que desencoraja.

Assim como eu aqui e essas mulheres incríveis, você também pode deixar seu comentário de incentivo, sua história de superação do medo de dirigir ou apenas suas experiências bem sucedidas ao volante na página do Facebook do projeto https://www.facebook.com/DeCaronaComElas

Já se tiver dúvidas ou inseguranças na hora de dirigir, o site http://hotsitesbr.com.br/decarona tem um monte de informação legal sobre carro e direção, além de todas as fotos e textos serem direcionadas pras mulheres. Para que a gente se sinta em casa mesmo e saiba que nós podemos estar no controle do volante e das nossas vidas.

Acho muito legal campanhas como a No Volante Sem Medo, que cria uma rede power de mulheres que se apoiam mutuamente e se dão forças para crescerem juntas cada vez mais. É como dizem: seja uma mulher que levanta outra mulher… Assim todas nós ficaremos em pé e mais fortes 😉

 

Bom, gatonas, o projeto é super legal e visa empoderar ainda mais todas as mulheres. Eu fico muito feliz de encarar esse medo e de poder ajudar vocês compartilhando minha história e os conselhos que mudaram minha vida!

Me conta se você dirige, se você tem medo e vamos ampliar essa rede de mulheres se ajudando e se encorajando!!!

 

HUA HUA

BJÓN

 

 

Mulher, me promete respeito, que eu te prometo liberdade!

Quando eu comecei a escrever um blog de moda, fiz isso porque sou a favor de que a mulher pode usar o que ela quiser. Pouco tem a ver com a passarela da última estação, e muito tem a ver com a expressão de cada mulher dentro do seu estilo, independente do seu formato de corpo. Eu acredito que a mulher é dona de seu próprio corpo e que ninguém pode lhe dizer como se vestir, como se comportar e como ela deve viver sua vida a não ser ela mesma – e ninguém tem nada a ver com suas escolhas pessoais. E se você está lendo esse texto, nesse blog, acredito que você também seja a favor dessa ideia.

Então me diz, como você quer ter liberdade para usar um top cropped e botar a pancinha plus size de fora, se quando uma menina usa saia curta você pensa “aff que vagabunda”?!? Quando vê uma menina com decote e peitão e pensa: “essa quer dar”. Como você quer que as pessoas respeitem seu estilo e suas escolhas, se você mesma não consegue olhar outra pessoa sem julga-la?!? Me diz por que você acha que as pessoas devem respeito a você enquanto você mesma não respeita a decisão delas?!? Como você pretende parar de ser julgada, se nem você mesma para de julgar a outra?!?!

Eu pensei muito sobre os acontecimentos trágicos dessa semana, pensei muito sobre como as pessoas falam sobre a mulher, pensei muito sobre o que falamos por aqui. Infelizmente vi na minha timeline pipocarem várias opiniões de mulheres plus size bem resolvidas que querem ter suas escolhas respeitadas, mas esbravejaram opiniões invasivas sobre a maneira que outra mulher vivia sua vida, se vestia, se comportava, como se ela fosse culpada por uma decisão que ela não tomou.

Alguém me explica: a gorda sempre foi excluída, limitada nas suas escolhas de roupa e comportamento por conta de julgamentos e preconceitos alheios, mas não é justamente disso que a gente quer se libertar? Não queremos e lutamos todos os dias para que as pessoas PAREM de nos julgar pelo nosso corpo e escolhas e possamos finalmente tomar nossas decisões como SÓ nossas e com a maior liberdade possível?

Então fiquei pensando, a gente tem mesmo que parar é de ser hipócrita e fingir que lutamos pela liberdade, enquanto formos egoístas a ponto de acreditar que a liberdade só é válida para um grupo de mulheres ou, pior, só para nós mesmas.

A gente tem que desconstruir TODO E QUALQUER julgamento que a gente cresceu ouvindo, porque não é o que as pessoas olham por fora que define você. Não é seu corpo que define sua personalidade. Não é sua roupa que define suas vontades sexuais. Não é seu comportamento que dá liberdade para alguém invadir sua privacidade e seu corpo.

Compartilhei uma frase na minha página esses dias e acredito que esqueci de completar o pensamento:

Mulher, SEU CORPO É SÓ SEU, E NINGUÉM TEM O DIREITO DE OPINAR SOBRE ELE, TOCÁ-LO OU TOMÁ-LO COMO PÚBLICO. ASSIM COMO O CORPO DA OUTRA NÃO CABE A MAIS NINGUÉM, TAMPOUCO A VOCÊ.

 

Acho que antes de pedir respeito, a gente tem que começar a exercer o que desejamos. Não olhe outra mulher como uma inimiga, ela não é. Ela é sua irmã, ela sofre as mesmas dores que você, ela tem as mesmas pressões sociais que você, ela luta ao seu lado e suas conquistas beneficiam sua vida também. 

A gente faz parte de um grupo plus size, mas antes fazemos parte de um grupo muito maior chamado MULHERES. Se uma lutar pela outra, todas nós saímos ganhando.

Eu luto há 9 anos por vocês, mulheres, para que vocês enxerguem a beleza única de cada uma, para que vocês tenham cada vez mais liberdade. Nessa luta, criando empatia pelos problemas de mulheres que nunca conheci ao vivo, já vi e vivi muitos avanços. Eu acredito porque vi com os próprios olhos que quando as mulheres se ajudam, vidas são mudadas para melhor. VIDAS.

Imagem do movimento She For She

Fica aqui minha reflexão, meu posicionamento e minha promessa de que SEMPRE, sempre mesmo, eu vou lutar pela liberdade de cada mulher. Pela liberdade de que cada mulher possa ser o que, como e quando quiser, sem ter medo sem precisar se calar. Vou lutar sempre por mais respeito e gostaria muito que você fizesse parte dessa reflexão comigo e se juntasse a mim e outras mulheres nessa luta. A (r)evolução começa dentro de cada mulher.

 

Vem comigo?!? 

 

 

 

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