Mulherão da porra: a linha tênue entre autoestima e arrogância + como se sentir maravilhosa

Mulherão da porra! Olha o lacre! Abaixa que é tiro! Pisa menos! Com certeza você já deve ter visto algumas dessas expressões em legendas de fotos no Instagram. Quando você se depara com esse tipo de postagem, qual é o seu primeiro pensamento? Vamos combinar que autoestima, empoderamento e todas essas questões que envolvem o feminismo ainda estão engatinhando. Por isso, o ato de se amar pode ser facilmente confundido com arrogância. Mas será mesmo que existe uma linha tênue entre as duas palavras? Vamos analisar isso juntas!

A expressão “mulherão da porra” encosta na linha tênue entre autoestima e arrogância: vamos entender a diferença? 

Para entender qual é a principal diferença entre essas duas palavras, vamos procurar no dicionário. No dicionário, autoestima é “característica da pessoa que se valoriza, estando satisfeita com sua maneira de ser, com sua forma de pensar ou com sua aparência física”. Já arrogância é ”prepotência; atitude de quem se sente superior aos demais”.

Partindo dessas duas definições, já dá para ver que são completamente diferentes, certo? Ter autoestima alta não significa ser arrogante, já que o objetivo não é se sentir superior e, sim, saber valorizar a própria imagem e se amar do jeitinho que você é. E não existe nenhuma fórmula mágica: é um processo gradativo e você precisa estar disposta a se conhecer e respeitar o seu corpo acima de tudo.

Seja livre para se empoderar aonde quiser! 

Já percebeu como você lida com a autoestima boa de uma amiga ou até de uma mulher que você admira na internet? Vale a reflexão! Se sentir bem e estar feliz com a própria aparência é tão libertador que é normal querer exibir essa tão sonhada conquista pelas redes sociais. Você é um mulherão da porra e pode se empoderar aonde quiser!

E é sempre bom lembrar que o empoderamento também é uma forma de ajudar outras mulheres a se conscientizarem de que todas nós somos dignas de respeito, independentemente da aparência. Ser gorda não é uma ofensa e o corpo gordo é tão lindo como qualquer outro. Se você ainda tem dificuldades de autoaceitação, procure seguir mulheres que te inspiram e que tenham características parecidas com as suas.

Se liga no bate-papo sobre o assunto com Alexandrismos e Raquel_Brandao 

Antes mesmo de escrever essa matéria, eu a minha amiga Raquel Brandão (@raquel_brandao, segue lá) já tínhamos conversado sobre o assunto em um vídeo no meu canal Alexandrismos. Além de falarmos sobre autoestima e arrogância, abordamos a questão de como os likes no Instagram podem afetar diretamente nosso amor-próprio/autoestima e como ter uma rede de apoio é importante para o processo de empoderamento.

Empoderamento também é resistência! 

Não há o menor problema em se amar e querer mostrar para o mundo que você tem, sim, uma autoestima boa. Já não é nenhuma novidade que nós, mulheres, sofremos pressão estética desde que nos entendemos por gente.  Sendo assim, você externar que está tudo bem com sua aparência pode causar um certo estranhamento. Principalmente quando se trata de mulheres gordas nessa sociedade gordofóbica, né?

Mas é aquela coisa: se empoderar também é resistir! Gorda ou magra, a sua aparência é apenas uma parcela do que você é. Como diz a música “Triste, louca ou má”, da banda Francisco El Hombre: sua carne não te define, você é seu próprio lar!

E aí, bora ser um mulherão da porra hoje e sempre?

Candidata a Miss Bumbum é desclassificada porque engordou

Primeiro vamos ao fato: a organização do concurso Miss Bumbum Brasil informou, ontem, a desclassificação da candidata Andrea do Valle representante do estado do Piauí. O motivo? Ela engordou.

Como boa defensora das curvas e das mulheres, confesso que eu odeio a mensagem implícita nessa desclassificação, a de que se você engordar você não pode ser a mais bonita. Como se um concurso para eleger o bumbum mais perfeito já não fosse ridículo o suficiente,  ele ainda reafirma a ideia de que a mulher deve ser vista como um objeto. Ela deve ser como um bom carro: deve ter as medidas perfeitas para caber na garagem e deve vir sem arranhões – ou caber na cama e sem celulites, no caso.

Recebi hoje o “comunicado” oficial que diz:

A organização do concurso Miss Bumbum Brasil quer informar a desclassificação da candidata Andrea do Valle representante do estado do Piauí. 
 
Andrea teve um evidente ganho de peso desde a realização das fotos de divulgação do concurso. Regra que consta no regulamento no site oficial www.missbumbumbrasil.com.br e deixa claro que as candidatas devem manter o peso e a estética do corpo. 

Ok, curiosíssima para ver o regulamento de um concurso tão sério e tão importante para a humanidade (#ironia) fui ler e, como vocês podem ver com os próprios olhos, NENHUMA parte do regulamento diz que as candidatas não podem ganhar peso. Diz só que:

Art. 7º – As participantes comprometem-se a cumprir a agenda do CONCURSO até o final, durante todo o período, que envolverá compromissos designados pela CONCORRÊNCIA 1 EVENTOS E PROMOÇÕES LTDA, tais como, mas não se limitando a estes:

1)     Participação nos programas de televisão;

2)     Cessão de fotos;

3)     Reuniões;

4)     Tomadas de medidas periódicas;

5)     Provas de roupas;

6)     Comparecimentos eventuais necessários.

Para mim “tomadas de medidas periódicas” e “provas de roupas” não é deixar claro que a candidata não pode engordar.

 

Tirando essa parte, eu não acho que devemos lutar para a Andrea do Valle volte ao concurso com os seus quilinhos e celulites a mais. Nós devemos é brigar para que concursos como “Misses o caralho a 4” não existam mais. Porque esses concursos além de colocarem a mulher como um objeto, também querem dizer como deve ser sua genética, quais devem ser suas medidas e como você, mulher, deve se comportar para ser “perfeita”. O que significa que tudo que estiver fora do “Miss Whatever” é imperfeito. Isso mesmo, minha amiga. Eu, você, sua prima, sua mãe, sua tia… Todas nós somos imperfeitas, não importa como sejamos. Se estivermos fora das medidas, já era…

Esse tipo de concurso traz o pensamento mesquinho de que você deve ser igual às outras mulheres, que você deve se encaixar em um padrão e que só assim, tendo as medidas perfeitas, as pessoas vão te aceitar. Pensamento que, infelizmente, é tão adotado  pelas mulheres que se deitam em mesas de cirurgia em busca de uma perfeição criada. Esse pensamento e esse tipo de “concurso”, amiga, é o culpado por você acordar de manhã e brigar com o próprio espelho. É culpado pela maior parte das suas inseguranças. É culpado por você não achar que merece o melhor que a vida pode oferecer. Simplesmente porque você não se encaixa nas medidas e não é perfeita. Mas, reflita comigo, quem foi que criou essas medidas?

Antes que alguém pergunte, eu também sou contra o Miss Plus Size . Sim, sou contra. Porque eu acho beleza subjetiva, eu acho que todo mundo tem um lado lindo e um lado horrível – e nem sempre esses lados são vistos por fora. Eu sou contra qualquer concurso de beleza, simplesmente porque eles reafirmam a auto-estima de uma pessoa só, enquanto destroem a de milhares de outras. E tentam fazer todo mundo ser igual. 

Parafraseando a eterna musa Coco Chanel: “Para ser insubstituível, você precisa ser diferente”

 

Obs.  E nem vou começar a falar sobre o porquê (meu Deus, por quê?!) das mulheres, que já são lindas, se submeterem a esse tipo de concurso, com esse tipo de foto, etc.

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