Candidata a Miss Bumbum é desclassificada porque engordou

Primeiro vamos ao fato: a organização do concurso Miss Bumbum Brasil informou, ontem, a desclassificação da candidata Andrea do Valle representante do estado do Piauí. O motivo? Ela engordou.

Como boa defensora das curvas e das mulheres, confesso que eu odeio a mensagem implícita nessa desclassificação, a de que se você engordar você não pode ser a mais bonita. Como se um concurso para eleger o bumbum mais perfeito já não fosse ridículo o suficiente,  ele ainda reafirma a ideia de que a mulher deve ser vista como um objeto. Ela deve ser como um bom carro: deve ter as medidas perfeitas para caber na garagem e deve vir sem arranhões – ou caber na cama e sem celulites, no caso.

Recebi hoje o “comunicado” oficial que diz:

A organização do concurso Miss Bumbum Brasil quer informar a desclassificação da candidata Andrea do Valle representante do estado do Piauí. 
 
Andrea teve um evidente ganho de peso desde a realização das fotos de divulgação do concurso. Regra que consta no regulamento no site oficial www.missbumbumbrasil.com.br e deixa claro que as candidatas devem manter o peso e a estética do corpo. 

Miss bumbum

Ok, curiosíssima para ver o regulamento de um concurso tão sério e tão importante para a humanidade (#ironia) fui ler e, como vocês podem ver com os próprios olhos, NENHUMA parte do regulamento diz que as candidatas não podem ganhar peso. Diz só que:

Art. 7º – As participantes comprometem-se a cumprir a agenda do CONCURSO até o final, durante todo o período, que envolverá compromissos designados pela CONCORRÊNCIA 1 EVENTOS E PROMOÇÕES LTDA, tais como, mas não se limitando a estes:

1)     Participação nos programas de televisão;

2)     Cessão de fotos;

3)     Reuniões;

4)     Tomadas de medidas periódicas;

5)     Provas de roupas;

6)     Comparecimentos eventuais necessários.

Para mim “tomadas de medidas periódicas” e “provas de roupas” não é deixar claro que a candidata não pode engordar.

 

Tirando essa parte, eu não acho que devemos lutar para a Andrea do Valle volte ao concurso com os seus quilinhos e celulites a mais. Nós devemos é brigar para que concursos como “Misses o caralho a 4” não existam mais. Porque esses concursos além de colocarem a mulher como um objeto, também querem dizer como deve ser sua genética, quais devem ser suas medidas e como você, mulher, deve se comportar para ser “perfeita”. O que significa que tudo que estiver fora do “Miss Whatever” é imperfeito. Isso mesmo, minha amiga. Eu, você, sua prima, sua mãe, sua tia… Todas nós somos imperfeitas, não importa como sejamos. Se estivermos fora das medidas, já era…

Esse tipo de concurso traz o pensamento mesquinho de que você deve ser igual às outras mulheres, que você deve se encaixar em um padrão e que só assim, tendo as medidas perfeitas, as pessoas vão te aceitar. Pensamento que, infelizmente, é tão adotado  pelas mulheres que se deitam em mesas de cirurgia em busca de uma perfeição criada. Esse pensamento e esse tipo de “concurso”, amiga, é o culpado por você acordar de manhã e brigar com o próprio espelho. É culpado pela maior parte das suas inseguranças. É culpado por você não achar que merece o melhor que a vida pode oferecer. Simplesmente porque você não se encaixa nas medidas e não é perfeita. Mas, reflita comigo, quem foi que criou essas medidas?

Antes que alguém pergunte, eu também sou contra o Miss Plus Size . Sim, sou contra. Porque eu acho beleza subjetiva, eu acho que todo mundo tem um lado lindo e um lado horrível – e nem sempre esses lados são vistos por fora. Eu sou contra qualquer concurso de beleza, simplesmente porque eles reafirmam a auto-estima de uma pessoa só, enquanto destroem a de milhares de outras. E tentam fazer todo mundo ser igual. 

Parafraseando a eterna musa Coco Chanel: “Para ser insubstituível, você precisa ser diferente”

 

Obs.  E nem vou começar a falar sobre o porquê (meu Deus, por quê?!) das mulheres, que já são lindas, se submeterem a esse tipo de concurso, com esse tipo de foto, etc.

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