Recorte lateral para quem tem barriga, pode? | Interditem o Esquadrão da Moda!

Oi, gente linda!!! Em 30 anos de vida, ontem foi a primeira vez que assisti o tal do Esquadrão da Moda inteiro e MEU DEUS DO CÉU aquele programa deveria ser interditado!!! Que SHOW DE HORRORES do começo ao fim.

Não sei o que é pior, pra começar a premissa do programa já é incômoda demais: outras pessoas querendo ditar como uma amiga deve se vestir. De onde as pessoas tiram que os outros devem se vestir de forma que lhes agrade? A gente tem que se vestir como tem vontade, como se sente confortável. Seria muito mais interessante se as próprias pessoas se inscrevessem pedindo ajuda, porque aí sim indicaria uma vontade própria sobre o próprio corpo e o próprio estilo. Muito mais saudável do que ter que se transformar inteira pra agradar os outros. Afff… NERVOUSER.

Mas ontem especificamente no episódio que eu assisti uma coisa me incomodou DEMAIS – e como esse é meu blog me sinto no direito de desabafar hua hua. Uma mulher que tinha o corpo todo malhado e gostava de mostrar o resultado de seus suados treinos com roupas curtas e justas. Até aí tudo bem, porque afinal estilo próprio É PRÓPRIO, né. Mas as amigas se incomodavam demais com o que chamaram de “VULGARIDADE” (um termo altamente questionável, inclusive).

O tal do Esquadrão (formado por 2 apresentadores com gosto duvidável) resolveu que ela deveria se vestir de um jeito mais formal. Não vou entrar no mérito das roupas escolhidas serem horrendas e terem deixado o corpo da participante, que era lindo, um grande fiasco e nem no fato de terem praticamente obrigado a moça a usar sutiã – que ela não gostava nem precisava e a gente bem sabe é super desconfortável.

O que mais me irritou foi que em dado momento do programa a apresentadora mostrou  um vestido com recortes laterais – aqueles que ficam nas costelas – e soltou a seguinte frase: “esse vestido funciona pra você porque você tem barriga pra usar isso…”

É O QUÊ???? É O QUÊ ISABELLA FIORENTINO??? Eu praticamente gritei com a televisão no meio da madrugada, Junão dormindo de um lado, minhas mãos abanando no ar do outro. COMO ASSIM TEM UM TIPO DE BARRIGA PRA USAR UMA ROUPA???

Eu me senti na máquina do tempo, assistindo um programa dos anos 90 onde a mulher não pode usar o que tem vontade porque os outros não gostam, tem que usar sutiã porque sim e, PIOR, tem que ter um certo tipo de corpo pra usar uma roupa. Detalhe: ESTAMOS EM 2020, CACETA! 

Bom, respirei fundo, terminei de assistir o programa com pena da participante que estava muito mais bonita antes, com suas roupas originais, desliguei a televisão e tirei meu sono da beleza.

Hoje de manhã eu acordei ainda lembrando disso e pensando que NÃO EXISTE UM CERTO TIPO DE CORPO PRA UM CERTO TIPO DE ROUPA. Que você NÃO TEM QUE TER UMA BARRIGA específica pra usar uma peça e que TODO MUNDO TEM BARRIGA pra usar o que quiser. Eu inclusive…

Então bem peguei meu vestido de recorte na costela, com a minha barriga de circunferência positiva e fui fotografar e provar pra esses 2 apresentadores cafonas e pra todas as mulheres que INFELIZMENTE assistiram esse programa que VOCÊ PODE USAR TUDO, SIM SENHORA e que seu estilo não tem que mudar por causa da opinião dos outros.

Vestido de recortes laterais para quem tem barriga (seja ela como for) ♥

Minha barriga não é malhada, ela é BEM macia inclusive, tem até umas celulites nas gordurinhas laterais… Mas o vestido FICOU LINDÍSSIMO! Agora vai dizer que eu não tenho barriga pra usar esse vestido, dona apresentadora?!? ME POUPE, sabe…

Pior de tudo é que eu fiquei pensando que se eu não fosse bem resolvida com o meus estilo e com o meu corpo, talvez eu nunca tivesse coragem de usar um vestido assim porque assisti àquele programa porcaria que fica cagando regra em cima do corpo da mulher e de seu estilo.

Então fica aqui meu conselho: use o que você quiser, com o corpo que tiver. Não deixe que a opinião dos outros estrague ou limite seu modo de expressão.

Existem jeitos de se vestir melhor? Sim, existem, mas isso tem mais a ver com corte de roupa, tamanho certo e tecido do que de fato com o formato do seu corpo. Existem tecidos mais nobres que deixam qualquer look mais bonito, seja tamanho 36 ou 56.

Então assim, já passou da hora de interditarem esses programas que não acrescentam em nada na vida da mulher e são tão ultrapassados que da vontade de desligar a televisão e ir jogar bola. Credo.


DE ONDE SÃO AS PEÇAS

Sobre o meu look, vou deixas as marcas das peças, mas algumas são de coleções mais antigas, então pode ser que nem venda mais:

Vestido plus size com recortes > Malusa 

Sandália estampada > Shutz

Bolsa estampada > Ashua

Armação dos óculos de grau > Menina Flor

Colares e tornozeleira > Ammetá Acessórios


Bom gatonas, senti saudades dos meus desabafos por aqui e de postar os lookinhos, mas é sempre bom voltar porque enquanto existirem programas RUINS pras mulheres, nós estaremos aqui pra lembrar que a gente pode SIM usar o que quiser! Vem comigo?

Me conta aqui nos comentários o que vocês acham desse programa e o que acharam do look!!! E bora lá pro Instagram que tem muito mais conteúdo  www.instagram.com/ju_romano

Por hoje é isso

HUA HUA

BJÓN

Gorda pelada: militância ou egotrip?

Oi, gente linda! Toda vez que entro no meu Instagram sou bombardeada por bundas nuas. Nada contra, amo a liberdade, conquistada a muita luta, que temos  em poder exibir nossos corpos gordos como quisermos e acho que o corpo nu é político, sim, portanto militância. Corpo gordo e livre é a coisa mais linda de se ver. 

Quando colocamos um corpo fora do padrão em um lugar comum, transformando a imagem de um corpo gordo como normal, como qualquer outro como tantos magros por aí, isso é de certa forma avançar na despatologização de um corpo gordo. O que é necessário e extremamente importante para que uma pessoa gorda consiga conviver harmoniosamente em sociedade, enfrentando menos preconceito. 

Mas, então, por que esse bombardeio de bundas no meu feed me incomodou tanto? 

É fato que bunda dá like. É só comparar a quantidade de curtidas em relação a outra foto da mesma criadora vestida. Então comecei a me questionar: será que em algum momento essa bunda política não acabou virando uma bunda caçadora de likes? Será que em certo momento, a criadora de conteúdo esqueceu-se do conteúdo em si e passou a postar apenas “o que funciona pra dar engajamento” (acredite, já ouvi isso várias vezes de colegas de profissão). 

Até onde um corpo pelado, querendo likes, é de  fato empoderador? Até onde ele pode ser opressor? 

Um corpo gordo nu não me incomoda. ter corpo gordo nu, sim. 

E veja, NÃO estou falando de criadoras de conteúdo que postam uma vez ou outra um fotão foda de nu militante acompanhado de um texto incrível e cheio de debates. Essas eu acho que são EXTREMAMENTE necessárias (inclusive tem aqui nesse post da Bia Gremion um exemplo fantástico de nu com conteúdo).

 

Estou falando daquelas que o feed é 90% foto pelada com legendas rasas e sem serviço algum. Você nem sabe do que a menina fala ao olhar o feed, porque só tem bunda e peito. Acho confuso… E talvez até um pouco prejudicial para quem vê, explico: 

A gorda não precisa ficar pelada pra ser validada como bonita, como empoderada, como mulher digna de ser desejada, elogiada e bem resolvida.

SPOILER necessário: você não precisa ficar pelada pra ser empoderada ok?! No entanto, se você quiser, é incrível que você tenha liberdade para isso. 

A ideia de que ser gorda e empoderada é sinônimo só de ficar postando fotos pelada talvez seja o que me incomoda – além claro de cairmos de novo na problemática da fetichização do corpo gordo

Não me incomoda por ver corpos nus (inclusive, adoro), mas porque eu nunca vi o empoderamento, a autoestima e autoconfiança como algo que precisasse ser validado por um grande público, por uma quantidade específica de likes ou por comentários biscoiteros.

O empoderamento, autoestima e autoconfiança vão muito além do corpo físico e externo. Têm inclusive muito mais a ver com sentimentos e certezas internas, que não precisam de validação online. Ser bem resolvida não significa que você precise ficar pelada na internet. 

O que me leva a pensar: será que as fotos peladas do Instagram querem de fato empoderar as seguidoras ou são só uma imensa egotrip, onde o que importa mesmo são os likes e os comentários validando seus corpos?

Será que ao falar de autoestima e aceitação usando apenas fotos nuas, elas não estão buscando fora, em comentários e curtidas, o que na verdade elas deveriam estar sentindo por dentro – e não estão? 

 

Eu não sei a resposta, até porque duvido que alguma seja capaz de dizer a verdade e admitir caso seja uma questão de ego. Mas ainda assim, involuntariamente, comecei a revirar os olhos cada vez que vejo uma bunda nua a cada 2 fotos do meu feed. Para mim, cada vez mais tem passado de empoderamento a ranço. Eu continuo aguardando algum conteúdo que de fato acrescente alguma coisa na minha vida, porque de bunda pelada, já vejo a minha no espelho todo dia e não preciso ficar mostrando nas redes sociais para saber que ela é bem maravilhosa. 

 

Além desses questionamentos, fico pensando: o que a bunda nua causa em uma seguidora que ainda não se aceita? Será que tantos corpos nus, o tempo inteiro, ajuda ela a se olhar com mais carinho no espelho ou só faz com que ela se sinta insuficiente e frustrada por não conseguir expor seu corpo com aquela “coragem”? Será que esse bombardeio liberta ou oprime ainda mais? 

O que você acha? As bundas do feed te empoderam ou te fazem se sentir insuficiente? 

 

Eu não consigo chegar a uma conclusão. Eu sou SEMPRE a favor da liberdade, a gente tem que postar o que quiser como quiser e segue quem quiser também. Mas achei o questionamento válido, pra gente pensar mesmo em como tem sido a produção de conteúdo no nosso meio, em como nós estamos interagindo nas redes e como essas imagens que chegam até nós realmente nos impactam.

 

O que vocês acham? Me contem tudo aqui!

 

HUA HUA

BJÓN

 

Concursos de beleza: a gente precisa rever os nossos conceitos!

Nunca vou me esquecer da Gracie Hart (Sandra Bullock) tendo que transformar toda sua vida, largar seus hábitos únicos e particulares, seu modo de viver confortável, para se tornar uma participante do Miss Universo, no filme Miss Simpatia. Fica claro tamanho sofrimento que é transformar a sua vida para se encaixar em um padrão. Não tem prova maior e sátira melhor que exemplifique o quanto ridículos são esses concursos de beleza e quanto eles precisam chegar ao fim. Eles representam esperanças para algumas mulheres que podem não ter tido oportunidades na vida? Sim, mas queridas essa esperança está sendo apostada em bilhete errado e sai muito caro para todas as mulheres – não só as concorrentes do concurso mas a todas, que ficam achando de forma direta ou indireta que mulheres mais próximas ao tal padrão são “mulheres melhores”. 

Os Miss-o-caramba-que-for chamam atenção mundial e atraem milhares de pessoas para frente da televisão com um único objetivo: eleger a mulher mais bonita entre algumas outras. Mais bonita pra quem? POR QUE mais bonita? Porque ela corresponde a medidas previas de como SERIA um corpo ideal, é isso? Porque ela é o modelo padrão, então? QUE ERRO. Beleza não tem padrão, além de ser muito subjetiva beleza é construção social e influência do meio… Não à toa que por mais diversidade étnica que tenha nesses concursos, sempre ganham as que mais se assemelham ao padrão europeu.

Veja, há anos eu deixo clara minha opinião contra concurso de beleza… Acho que reúne tudo de errado que eu vejo em relação à pressão sobre nossos corpos hoje em dia. Inclusive, também não sou a favor de concursos de beleza plus size. Acho de verdade que colocar um grupo seleto e bem pouco diversificado de mulheres em uma situação de competição estética mais prejudica do que ajuda. É gerar entretenimento ruim em cima de uma questão delicadíssima que é a representação da mulher. É ganhar dinheiro às custas de muitos psicológicos femininos – coisa que a indústria da beleza faz há anos e já estragou tanto a nossa autoestima. É reafirmar a cada ano que passa que a beleza dentro de algum padrão deve ser glorificada em pé. Isso não é saudável, não é bom…

Aí que volto de viagem e começo a receber um monte de notificação sobre um caso de “gordofobia” no Miss Universo. Fui checar. Pra começar, o evento em si é ABSOLUTAMENTE gordofóbico, porque embora não tenha uma medida padrão (segundo o concurso, não tem definição de tamanho ou peso para participar) todo ano a gente vê os mesmos esteriótipos sendo reproduzidos. Aí, pra piorar, quando FINALMENTE tem uma apresentadora como a Ashley Graham, modelo plus size de beleza estonteante, somos obrigadas a nos deparar com comentários ridículos sobre uma das participantes que não se encaixava no padrão de magreza das outras candidatas – sendo que mesmo estando fora do padrão de magreza, nem de longe ela poderia ser chamada de gorda.

Gente, sinceramente, o que poderíamos esperar de um concurso que limita a mulher à uma beleza padronizada? O que esperar da mentalidade de pessoas que acreditam que a beleza é o principal atributo de uma mulher? A gente tem que ligar para esses comentários? A gente tem que dar atenção a esse tipo de coisa?

Esse tipo de concurso, na minha opinião, é um retrocesso tão grande nas nossas lutas – todas elas, seja por igualdade, por autonomia, por aceitação, por amor próprio, por tudo – que não deveria nem sequer ser assistido. 

Você pode assistir porque quer, óbvio, mas saiba que você está contribuindo com uma indústria e com uma mentalidade excludente, que compara a mulher a um objeto, que ajuda na construção de um pensamento atrasado de que a beleza tem só uma medida, de que existe competição entre mulheres, de que a evolução de uma mulher é pautada pela sua beleza (e essa deve se enquadrar nos padrões).

Eu recebi o recado de uma leitora “Ju ajuda a calar a boca dessas pessoas que estão criticando”… Eu não posso calar a boca de ninguém – nem calaria se pudesse, mas gostaria de convidar cada uma a fazer uma reflexão e levar para suas amigas também: é isso que vocês querem da vida? Que tudo em vocês se resuma a quanto perto de umas medidas vocês estão? Vocês querem continuar sendo levadas por uma inércia de pré-conceitos que fazem com que vocês não tenham escolha sobre o que é bonito ou não para vocês? Vocês querem abdicar da sua capacidade e inteligência e aceitar o que é imposto assim, de forma tão autoritária? Reflitam sobre isso e conversem com as mulheres a sua volta… 

É claro que a gente acha uma ou outra mais bonita, baseada em nossos gostos, mas a revolta jamais deveria ser com a escolhida final e sim com o fato de TERMOS QUE ESCOLHER ENTRE UMA OU OUTRA.

A gente tem que, além de tudo, parar de achar que a vida é uma competição de belezas, abra seu coração e sua cabeça. Não tem espaço para duas, três, vinte ou cem mulheres serem as mais bonitas, todas com suas diferenças? Não tem como a gente parar de ficar elegendo “modelos a serem seguidos” e aceitar que cada pessoa é a mais linda do seu próprio universo?! Não tem espaço na sua cabeça para aceitar que não é necessário um modelo estético de beleza e que a televisão não precisa ditar as regras da sua vida? E por fim, abra sua cabeça e perceba que a mulher não precisa ser colocada em exposição para ter suas qualidades avaliadas, como se fosse um objeto em um leilão.

 

Enfim, para mim de todos os problemas que envolvem os concursos de beleza esse comentário “gordofóbico” não foi uma surpresa… Saiba que ele resume tudo que é um concurso de beleza.

E ainda acho que a gente deveria seguir o exemplo da Argentina e tentar de todas as formas suspender esses concursos de beleza (leia mais sobre isso matéria aqui).

 

Enfim, gatonas, perguntaram minha opinião e é essa. Qual a sua? O que você achou? Me conta tudo!

 

 

BJÓN

 

Falar de amor próprio não é incentivar obesidade #ficaadica

Eu sempre penso muito depois de receber alguns comentários negativos (como aconteceu depois que saiu a propaganda da TNT estrelada por mim e pela maravilhosa Flávia Durante AQUI). Entre os ataques cheios de ódio gratuito, um em especial me chamou a atenção e me levou a uma velha discussão que sempre tive comigo mesma: afinal o trabalho que venho fazendo há tantos anos com o blog e nas redes sociais incentiva a obesidade?

Pensei muito sobre isso e gostaria de compartilhar uma conclusão parcial que tive. Digo parcial porque como todos os outros assuntos complexos, esse é motivo de debates internos e externos diários, então sempre pode mudar e se completar.

Eu sempre falei de amor próprio, de autoestima e autoconfiança. Acredito que esses 3 sentimentos são empoderadores e tiram a mulher da posição de submissa e a colocam em posição de dona de si mesma. Uma mulher submissa, vejam, não é apenas aquela cujo marido a manda lavar a louça depois de fazer a janta. A submissão está em diversos graus da sociedade. Uma mulher que sacrifica sua vida social, seus prazeres e bons momentos da vida em prol de um ideal de corpo perfeito, é uma mulher submissa aos padrões. Uma mulher que não se veste como gostaria porque teme o que os outros vão falar dela, é uma mulher submissa a padrões de comportamento. Esses exemplos entre tantos outros de submissão é o que eu tento quebrar com diversos discursos aqui do blog. É levar a mulher a um patamar onde ela entenda que SEU corpo SÓ pertence a ELA MESMA.

Foto da Marcha das Vadias. Não sei a autoria, se souber me avise, por favor 🙂

A questão é que não digo APENAS para a mulher gorda. É claro que me identifico mais com essa parcela de mulheres, já que eu também sou gorda. Mas esse é um discurso geral, para todas as mulheres, de todos os tamanhos, pesos, cores, etnias, lugares… É um discurso de LIBERDADE, para que a mulher decida POR SI PRÓPRIA o que fazer com SEU corpo.

Eu acredito de verdade e com todo o meu coração que quando nós aceitamos que podemos fazer o que quisermos com o nosso corpo, nós passamos a cuidar dele da forma como NÓS achamos ideal. Eu acredito nisso porque quando eu era muito submissa a padrões de beleza e magreza, acabei fazendo dietas radicais, prejudicando minha saúde de forma extrema, apenas para atingir um padrão visual – e carrego até hoje uma série de traumas. Atualmente, apesar de ser gorda, cuido do meu corpo como um templo, faço dele o que eu bem entendo e, PARA MIM, isso significa fazer esportes, academia, comer de forma equilibrada e me divertir muito. Porque assim eu mantenho minha saúde física E mental. Mas, veja, eu coloquei o PARA MIM em caixa alta, porque eu não acredito que o que EU quero para o MEU corpo seja o que todas as outras mulheres devam querer para os delas. Tá aí a magia da liberdade: cada uma fazer o que quiser com o que é seu.

Imagem do Brasil Post aqui 

Mas como conclusão no geral, eu não incentivo que a mulher seja magra… Tampouco que ela seja gorda. Falar de amor próprio e de autoaceitação não é incentivar um tipo de corpo. É apenas falar para a mulher que o que ELA decidir sobre seu corpo é de única e exclusiva responsabilidade dela mesma. Para mim, descobrir que meu corpo era só meu, me trouxe uma noção maior de que eu deveria cuidar dele, porque ele é minha casa até o fim da vida – e cuidar dele não tem nada a ver com como ele se parece por fora. Essa noção é extremamente saudável e não incentiva doença alguma.

Doença mesmo é achar que mulher empoderada é um risco à saúde… Aí, minha gente, é como eu falo… O problema está nos outros, não na gente 😉 

Gordas na passarela da LAB e representatividade na SPFW

EMOÇÃO é a palavra que eu tenho para definir essa edição da São Paulo Fashion Week, que trouxe gordas na passarela, na LAB, e um desfile só com modelos transexuais, no Ronaldo Fraga – que, bonitinho, também chorou emocionado ao final do desfile. Essa edição foi histórica!

A modelo Bia Gremion desfilando pela LAB | Foto: FFW

Quando eu comecei a falar, timidamente, de moda (lá em 2008) sendo uma blogueira gorda é claro que nos meus sonhos mais otimistas eu imaginava gordas em tudo quanto é lugar. E sempre que me perguntavam onde eu esperava chegar com esse trabalho eu falava em tom de brincadeira, mas com fundinho de verdade, que eu ficaria feliz quando visse gordas na passarela do SPFW, que é o principal evento de moda do Brasil.

A cantora Ellen Oléria desfilando pela LAB | Foto: FFW

Não porque a gente precise da “aprovação” de ninguém, mas porque ver o que ainda é “diferente” como as trans e gordas na passarela e em lugares de visibilidade quer dizer INCLUSÃO e, além da REPRESENTATIVIDADE, faz com que cada vez mais a sociedade acostume seu olhar para essas pessoas – e quem sabe parem de olhar como “diferentes”. Também quer dizer que a moda começou a abrir os olhos para essa parcela tão grande de mulheres, que sempre foram ignoradas. Significa um passinho a mais em direção à quebra de padrões que aprisionam as mulheres, que geram essa ansiedade louca pela magreza e pela perfeição dentro de moldes. Acostumar o olhar a diferentes corpos faz com que a nossa relação com as nossas diferenças seja mais bem vista e mais bem aceita por nós mesmas em frente ao espelho. Ter um exemplo bem sucedido com quem possamos nos identificar de várias formas faz com que acreditemos no nosso potencial – seja físico, na carreira, nas relações afetivas, etc.

Olha, só sei que fiquei feliz e sempre vou ficar orgulhosa de ver cada vez mais gordas tomando o espaço que sempre foi “proibido” para nós, porque a gente faz parte da sociedade e também precisamos de representação em todos os aspectos. Só sei que vai ficar feio pra todas as outras marcas que continuam insistindo em ignorar a diversidade. Vai feder pro lado dos preconceituosos. E tem que ser assim: a gente tem que exigir o espaço e não parar de lutar enquanto ainda fizerem a gente se sentir excluída seja onde for. 

O modelo Akeen dos Santos desfilando pela LAB | Foto: FFW

SOBRE O DESFILE DA LAB

Pra quem não conhece, a LAB é uma marca de streetstyle, do Emicida e do Evandro Fióti. Ela começou em 2009, como um coletivo batizado de Na Humilde Crew, e hoje virou a Laboratório Fantasma que vende nos shows e na própria loja virtual.

Entrevistei o Fióti durante esse SPFW e ele disse que os tamanhos grandes partiram de uma demanda do próprio público da marca.Quando lançamos tínhamos tamanhos grandes, aí as vendas caíram e paramos de produzir, mas há uns 2 anos voltaram a pedir por números maiores e voltamos com a grade até o 5X“, disse o sócio. Também perguntei de onde tinha saído a ideia de desfilar com modelos plus size e se ele tinha noção que, em seu primeiro desfile na SPFW, ele já estava mudando a história da moda no Brasil, ele respondeu na lata: “foi natural colocar modelos plus size para desfilar, não foi uma coisa pensada como estratégia. Eu acho que a gente tem que trazer roupas para todos os tipos de corpos. Não faz sentido você querer dialogar com esse publico que já existe, o nosso no caso, e as pessoas não se sentirem representadas pela marca, não se sentirem representadas dentro da passarela, né?!

A coleção desfilada se chama Yasuke, voltada para o streetstyle ela teve duas influências: o Japão, com o grafismo, a geometria, o contraste do preto e do branco e o minimalismo das aplicações, e a África, com as estampas estilizadas a partir da padronagem dos tecidos tradicionais de Angola, a Samakaka.

Eu que amo geometria e P&B nem sei o que dizer, apenas que AMEI! Sem dúvida foi um desfile incrível… Começou com o Emicida cantando, logo a platéia foi à loucura quando entrou a Ellen Oléria, cantora e a primeira plus size, depois de novo quando entrou a Bia Gremion exibindo seu tamanho 60. Ainda tinha um modelo BAFO e lindo com a pele bicolor por conta do vitiligo, além de muitos cabelos crespos e cacheados naturalmente maravilhosos. Teve até Seu Jorge. Pra fechar tudo, o Emicida ainda cantou ao vivo durante o desfile todo e ao final saiu com todos os modelos e o público para um show de encerramento nos corredores da SPFW. Em 10 anos cobrindo a SPFW esse desfile sem sombra de dúvida foi o melhor momento de todos! Dá pra ver os vídeos no meu instagram @ju_romano 😉

Se você ficou curiosa, vou deixar o site da LAB aqui, mas já aviso, não se empolgue tanto nas compras, porque os números grandes ainda não chegaram… Eu acabei de mandar um e-mail perguntando sobre a tabela de medidas e questionando sobre os tamanhos plus size, quando responderem eu atualizo o post 😉 Se quiser já ir olhando, o site é www.laboratoriofantasma.com

 

Para encerrar esse post com mais questionamentos, quero te convidar para assistir a matéria que eu e o Lucas fizemos no SPFW. Há um ano a gente lançou a teoria que a moda odiava as gordas e nessa edição fomos lá para conversar e ver as reações dos fashionistas quando o tema vem à tona. Aperta o play e se inscreve no nosso canal >> https://www.youtube.com/channel/agordaeogay 

 

Bom, tiveram gordas na passarela e dá pra ver que muita coisa já mudou, mas MUITO ainda precisa mudar ainda, né?!?! Enquanto isso a gente vai comemorando as vitórias e lutando por cada vez mais espaço 😉 

 

 

HUA HUA

BJÓN

 

 

C&A e a propaganda ENGANOSA: close erradíssimo!

Cara amiga gorda, você que acompanha esse e tantos outros blogs, se você ainda não viu a campanha da C&A, já aviso: NÃO SE ABALE. O que você vai ver é uma campanha de marketing mal feita, que tenta se apropriar da nossa luta para reafirmar ainda mais os padrões estéticos de magreza.

A modelo escolhida é a Malu, que veste 44/46 no máximo, ela é linda e talentosa, mas não é gorda e também não acredito que ela passe por um décimo das dificuldades e preconceitos que as gordas passam no dia a dia – como por exemplo tentar achar uma peça que sirva dentro de lojas de departamento, pra dizer o mínimo. Se o objetivo da campanha é mostrar que a indústria esteve errada por tanto tempo e que SIM a gorda pode ser sexy, por que raios a campanha resolve representar a gorda com uma mulher que NÃO é gorda?!?! 

O problema de uma campanha mentirosa – não nas palavras, mas na imagem – é que ela reafirma para todas as mulheres que AQUILO é o aceitável de ser gorda. Quer dizer então que ser magra é só se você vestir 38? Qualquer coisa acima do corpo de uma modelo de passarela, já pode ser considerada gorda?! OI?!?! Na verdade, o bonito pra gorda é na verdade ser magra… DE NOVO, GENTE?! Quando vamos parar?  Onde vamos parar?

Eu te digo: vamos parar em um monte de jovens com distúrbios alimentares. Vamos parar com um monte de mulheres infelizes com seus corpos, se submetendo a situações perigosas para mudarem o que veem no espelho. Vamos parar com um monte de mulheres traumatizadas se esgoelando na academia para serem uma gorda como a Malu OU para deixarem de ser gordas como a Malu e tentarem se encaixar em um padrão de magreza CADA VEZ MAIS MAGRO.

A Malu é linda, gente, mas ela não é gorda. E levar as mulheres a acreditarem que ela é só dá resultados ruins. Para as mulheres que não se aceitam e querem ser magras, faz com que esse objetivo fique ainda mais longe e ainda mais inatingível. Como ainda tem gente (muita, infelizmente) que considera gorda pejorativo, imagine o que pensam essas mulheres ao ver uma modelo como a Malu, que é só curvilínea, estampando a palavra gorda? Já estive no lugar dessas mulheres, quando eu era mais nova eu queria ser magra como a Malu, ter pernas finas e esquias, barriga sequinha, peitões. Aparentemente, seguindo essa campanha, eu nem sei onde eu iria parar, porque se a Malu é classificada como gorda, o que eu teria feito para ficar magra?! Reflita!

Para as mulheres que são gordas, faz com que a gente se sinta fora do nosso próprio segmento. Como se tudo aquilo que tem a ver com a nossa realidade – gordurinhas saltando para fora do jeans, culotes, celulite, gordura interna da coxa – ainda fosse algo realmente feio para se mostrar e, portanto, devesse ser substituído pela imagem mais magra de uma gorda que eles puderam achar.

Mais uma vez: eu não teria problema algum em ver a Malu estrelando a campanha de uma marca como a C&A, acho ótimo que as curvilíneas tenham seus lugares e torço para que a gente tenha uma diversidade maior de modelos mesmo! Mas já que é pra ser uma campanha cheia de representatividade, por que não colocam a Malu como curvilínea e uma modelo maior, como a Mayara Russi, por exemplo, como gorda?  

Ai, ai… A indústria da moda as vezes é tão cansativa. Se por um lado cada dia vejo mais inclusão, por outro vejo marcas e agências de publicidade tentando pegar carona nas lutas como um jeito de lucrar. Veja, eu não teria problemas com o lucro, contanto que finalmente a indústria fizesse com que cada garota se sentisse parte dela, mas a questão é que alguns closes erradíssimos só fazem com que nós, as margens da sociedade (gordas, negras, gays, trans, etc), nos sintamos ainda mais ERRADAS, como se até mesmo dentro da nossa própria causa, tivéssemos que mudar e nos encaixar dentro de um padrão.

Que vergonha! Que vergonha de ver uma marca se apropriar do nosso discurso de liberdade, do nosso discurso de aceitação, das nossas palavras de incentivo diário, para continuar a martelar nas cabeças das mulheres VELHOS E ULTRAPASSADOS padrões de beleza. 

Eu me sinto ultrajada e enganada. Não se engane: subjetivamente essa propaganda apesar da modelo plus size, não tem NADA de inclusiva e realmente só ajuda a reafirmar os padrões de magreza, mas fica a dica, segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor:

[blockquote author=”Idec, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor” ]De acordo com o artigo 37 do Código de Defesa do Consumidor (CDC), a ideia da publicidade abusiva está ligada à valores morais e atuais acontecimentos da sociedade. Em geral, é a publicidade que contém objetiva ou subjetivamente um discurso discriminatório ou preconceituoso. [/blockquote]

Bom, nem sei mais o que dizer sobre isso, mas como a blogueira Kalli Fonseca, do Beleza Sem Tamanho, falou: “nem precisamos pensar em boicote já que a marca já boicota as gordas, não tendo nada que nos sirva nas araras”… Isso porque não é a primeira vez que a C&A dá mancada com as gordas (relembre a campanha da Preta Gil aqui), vamos colocar uma gorda empoderada na equipe de marketing, vamos?! 

Infelizmente, é isso

BJÓN

12 coisas gordofóbicas que comprovam como é fod* ser gorda

Olá queridas, antes de escrever o meu roteiro da China e do Myanmar (de onde acabei de voltar) resolvi escrever esse post com algumas coisas que ainda provam que a gente infelizmente tem que viver em uma sociedade gordofóbica pra caramba, porque passei por algumas situações nessa viagem que me fizeram lembrar – e muito! – como é FODA ser gorda em um mundo pensado pra magros.

Vou dar só um exemplo, mas aconteceram em vários momentos e acontece todos os dias com todas as gordas do mundo. Meu exemplo rolou no começo da viagem, logo no primeiro avião. Sempre ouvi dizer que a Emirates é a melhor companhia aérea e blá blá blá. O que eu estava esperando disso? Uma classe econômica com um assento confortável, espaçoso e decente para um vôo que ia durar 14 (CATORZE) horas. Pois bem, sentei e claramente meu quadril era maior que o espaço entre os dois braços da poltrona. O que a Ju de anos atrás faria? Ficaria extremamente envergonhada e sentindo-se culpada por não me encaixar na cadeira MINÚSCULA (sério, gente, não tinha nem 70cm de assento aquela merda). Mas hoje eu tenho outra visão, acho que as empresas têm obrigação de serem inclusivas, então a vergonha não é minha, é deles. Bom, vi que um comissário de bordo que falava português estava perto e falei para a minha irmã em alto e bom tom: “Bom, eu não vou usar cinto, porque eu apenas não caibo nessa cadeira…”. O comissário super simpático, solícito e discreto, prontamente achou um outro assento duplo que estava vago e perguntou delicadamente se minha irmã não gostaria de se mudar para lá para que ambas ficássemos confortáveis durante o vôo.

OK, o problema foi resolvido, mas fiquei pensando em outras pessoas grandes que não têm autoconfiança ainda e realmente se sentem envergonhadas a ponto de ficarem quietas e desconfortáveis durante 14 horas de vôo. Aí além de chegarem ao destino toda quebradas, ainda chegam sentindo-se inferiores por conta de uma porcaria de um assento minúsculo que não é confortável nem pra quem é magro.

Bom, desabafo feito, montei uma lista de coisas que ainda representam nossa sociedade gordofóbica e estão no meu livro negro de “KIRIDINHAS, APENAS MELHOREM!”

 

  1. Cadeira de avião

O problema: como descrito acima, são feitas para adultos com corpo de criança e quase deixam o sangue circular na sua perna.

A solução: poltronas maiores em todo o avião ou em algumas fileiras específicas, JURO que não é tão difícil. Esses dias peguei uma ponte aérea Rio-SP e as 7 primeiras fileiras eram de poltronas que apelidei carinhosamente de “cadeira de gordo”, já que eram mais largas e com espaço maior de perna. Se não me engano não tinha que pagar extra, era só escolher as cadeiras da frente no check-in.

 

Um sonho: entrar nas cabines maiores, sem olhares de reprovação…

2. Cabine de banheiro público

O problema: ou você abre a porta, ou você entra. E quando você entra, não consegue fechar a porta… Porque a cabine é tão mal feita que a porta quase encosta no vaso sanitário.

Sério, tem coisa mais irritante do que estar apertada pra fazer xixi e ter que entrar e sair da cabine umas 3 vezes até descobrir uma posição que você consiga se espremer contra a parede com sua bolsa e o casaco e ainda assim consiga fechar a porta, sem ter que subir em cima da privada? Não, não tem.

A solução: fazer cabines mais compridas, pelo menos. Como solução imediata, bastaria deixar a cabine específica para deficientes (que também deveria ter em todos os banheiros, aliás) sem o adesivo. Já que elas são mais espaçosas, as gordas poderiam usar numa boa, sem receberem olhares de reprovação como se estivessem fazendo alguma coisa errada. Ou, como é na Ásia, em vez da privada tradicional, poderia ser a privadinha no chão, que apesar de parecer horrível, achei muito mais higiênica na questão “não corre risco de encostar” hahaha.

3. Catraca de ônibus

O problema: é humilhante AND dolorido ter que se espremer pra conseguir passar entre aquele espaço pequeno, com gente te pressionando e ainda fazendo cara feia porque você está demorando pra passar. Vale dizer que a catraca não é pequena só pra quem é gorda, a catraca é apertada pra QUALQUER pessoa que seja um pouquinho maior.

BÔNUS: tudo ainda fica pior se você estiver voltando do trabalho no frio, com sacolas e casacos.

A solução: catracas mais largas, óbvio! Eu sei que todo mínimo espaço está sendo aproveitado para colocar bancos, mas já que nunca os bancos são suficientes para toda a galera que pega ônibus, então não custava nada tirar um – aquele que divide o corredor com a catraca – para aumentar a largura do espaço de entrada.

4. Assento de metrô com divisória

O problema: nádegas doloridas e com uma marca ao chegar em casa, porque você não coube em apenas um espaço pré-dividido e teve que ocupar um assento e meio, ficando com a divisória bem no meio da sua nádega esquerda.

Não sei nem quem foi o infeliz que achou interessante pré dividir um banco, talvez imaginando que isso daria alguma noção de espaço pessoal no transporte público, mas a questão é que além de não servir pra nada, ainda humilha pessoas maiores.

A solução: que tal fazerem bancos sem divisórias? Um banco liso não mata ninguém, dessa forma as pessoas podem se encaixar nos espaços que precisarem.

5. Provador de loja

O problema: mal cabe você pelada lá dentro, imagine sua bolsa, suas compras anteriores, você abrindo os braços, tirando e colocando calças… E quando tem cortinas, sua bunda fica empurrando elas para fora…

Não sei se é porque além de ser gorda, sou claustrofóbica, mas provadores de lojas já me dão um desespero só de saber que eu vou ficar enclausurada em um cubículo cujas laterais quase encostam nos meus braços.

A solução: provedores com cabines maiores, se não forem todas, pelo menos algumas – e que não sejam apenas para deficientes físicos. Minha solução imediata é ficar com a porta do provador aberta pra não ter falta de ar, mas isso não resolve as laterais pequenas do provador, só me ajuda a não ter uma crise claustrofóbica mesmo.

 

6. Espelhos que emagrecem no provador

O problema: isso prova que nossa sociedade é tão gordofóbica, que precisa te passar sua imagem mais magra para que você se sinta mais tentada a comprar uma roupa. O pior? Algumas pessoas ainda gostam.

A solução: nem espelhos que engordem, nem espelhos que emagreçam… Apenas espelhos que reflitam a realidade, pode ser?

7. Cadeiras com braço

O problema: raramente os braços têm um bom espaço entre si, de forma que é só ter um quadril um pouco mais largo que as cadeiras com braços já ficam meio apertadas.

A solução: assentos mais largos, com braços mais distantes ou braços mais altos, sem fechar na lateral da perna – sabe aqueles vazados embaixo?! Não é preciso que TODAS as cadeiras do mercado sejam assim, mas que pelo menos existam opções pra quem é gorda e quer conforto, né!?!? Até a indústria de móveis é um tanto gordofóbica, minha gente… Num tá fácil!

8. Marcas plus size que só fazem até o 50

O problema: se até uma marca especializada em roupas pra gordas acha que existe um “limite aceitável” pra ser gorda, me diz como se sente a mulher que quer se vestir bem e está acima desse limite?!

A solução: fia, se você se propõe a fazer roupa pra gorda, faça direito com uma grade abrangente… Caso contrário tire o plus size do nome da marca e fique quietinha com a numeração pequena.

 

9. O próprio título plus size

O problema: quando a gente fala que alguma coisa é plus size a gente está segmentando aquilo, ou seja, está dizendo que aquele segmento não faz parte da maioria, não é o “comum” nem o “normal”. Quando a gente fala que uma marca é plus size, a gente está dizendo que a mulher gorda não faz parte da moda “tradicional” e, portanto, precisa de um segmento só seu.

A solução: que as marcas aumentem a grade no geral e que tanto a numeração 36, quanto a 60 sejam parte da numeração “normal”, mas que não precise de um nome para isso.

10. Sapatos para pés finos/pequenos

O problema: SÓ tem sapato para pé fino ou no máximo um mediano. Aparentemente a indústria de calçados ignora com fervor a existência de mulheres com pés grandes, largos e/ou altos.

A solução: aumentar a numeração é o básico, já que mulheres altas têm pés grandes normalmente, independentemente de serem gordas ou magras. Agora quanto aos pés largos e/ou altos, custava fazer alguns modelos de botas e sapatos maiores?! Custava fazer umas tiras de sandália com elástico? Custava fazer uns solados mais largos?!? Umas pernas de botas para batatas largas?! A gente até acha algumas, mas com MUITA procura, quase uma caça eu diria…

 

11. Cadeiras que aguentam só até 100 kg

O problema: a maioria das cadeiras no mercado de design só aguenta até 100kg, depois disso as pernas começam a ceder, as juntas ficam moles, o encosto vai se separando do assento e existe um grande risco de acidente. Agora me diz, como faz?! conheço homens grandes que não são gordos e pesam mais que isso (são bem musculosos inclusive). Ou seja, as cadeiras são uma porcaria em questão de qualidade de material, mas se a gorda quebra a culpa e a vergonha são dela?!

A solução: industria de móveis, apenas melhore! As cadeiras não têm que aguentar o mínimo, elas têm que ser bens duráveis, que suportem com segurança qualquer tipo de pessoa. De nada adianta fabricar cadeiras bonitas se elas não servem pra metade da população. Materiais melhores com design desejável, please!

 

12. Corredores e portas de aptos pequenos

O problema: a população está cada vez mais gorda e os apartamentos novos cada vez menores, mas mesmo os que não são menores também apresentam um detalhe bizarro: as portas novas são menores que as antigas. Enquanto uma porta tinha em média 80cm de largura, as novas no interno do apartamento têm 70cm. Pode ser que elas tenham diminuído com o objetivo de aumentar o espaço interno de uso, mas a verdade é que as pessoas gordas foram absolutamente ignoradas nesses casos.

A solução: apenas voltem com portas maiores e, arquitetos e engenheiros, prestem atenção para ver se seu projeto é acessível. Porque sinceramente, se eu que visto 50 não paro de bater os braços nas maçanetas, imagine uma gorda maior ou uma cadeirante tentando passar por essas portas?!

 

Bom, esse é um daqueles posts que a gente faz quando está revoltada por ter passado por uma situação indesejada, mas a verdade é que a gente passa por vários momentos gordofóbicos no nosso dia e sem perceber acaba se sentindo inferiorizada ou humilhada. Por isso a gente não pode parar de lutar por locais públicos mais acessíveis e tem que manter a cabeça bem levantada quando passar por qualquer uma dessas situações. Não se sintam mal se acontecer alguma coisa dessas com vocês, vocês não estão sozinhas!

 

Bom, tem mais alguma situação que não coloquei aqui que você passa? Me conta nos comentários!!!

 

 

HUA HUA

BJÓN

Mulher, me promete respeito, que eu te prometo liberdade!

Quando eu comecei a escrever um blog de moda, fiz isso porque sou a favor de que a mulher pode usar o que ela quiser. Pouco tem a ver com a passarela da última estação, e muito tem a ver com a expressão de cada mulher dentro do seu estilo, independente do seu formato de corpo. Eu acredito que a mulher é dona de seu próprio corpo e que ninguém pode lhe dizer como se vestir, como se comportar e como ela deve viver sua vida a não ser ela mesma – e ninguém tem nada a ver com suas escolhas pessoais. E se você está lendo esse texto, nesse blog, acredito que você também seja a favor dessa ideia.

Então me diz, como você quer ter liberdade para usar um top cropped e botar a pancinha plus size de fora, se quando uma menina usa saia curta você pensa “aff que vagabunda”?!? Quando vê uma menina com decote e peitão e pensa: “essa quer dar”. Como você quer que as pessoas respeitem seu estilo e suas escolhas, se você mesma não consegue olhar outra pessoa sem julga-la?!? Me diz por que você acha que as pessoas devem respeito a você enquanto você mesma não respeita a decisão delas?!? Como você pretende parar de ser julgada, se nem você mesma para de julgar a outra?!?!

Eu pensei muito sobre os acontecimentos trágicos dessa semana, pensei muito sobre como as pessoas falam sobre a mulher, pensei muito sobre o que falamos por aqui. Infelizmente vi na minha timeline pipocarem várias opiniões de mulheres plus size bem resolvidas que querem ter suas escolhas respeitadas, mas esbravejaram opiniões invasivas sobre a maneira que outra mulher vivia sua vida, se vestia, se comportava, como se ela fosse culpada por uma decisão que ela não tomou.

Alguém me explica: a gorda sempre foi excluída, limitada nas suas escolhas de roupa e comportamento por conta de julgamentos e preconceitos alheios, mas não é justamente disso que a gente quer se libertar? Não queremos e lutamos todos os dias para que as pessoas PAREM de nos julgar pelo nosso corpo e escolhas e possamos finalmente tomar nossas decisões como SÓ nossas e com a maior liberdade possível?

Então fiquei pensando, a gente tem mesmo que parar é de ser hipócrita e fingir que lutamos pela liberdade, enquanto formos egoístas a ponto de acreditar que a liberdade só é válida para um grupo de mulheres ou, pior, só para nós mesmas.

A gente tem que desconstruir TODO E QUALQUER julgamento que a gente cresceu ouvindo, porque não é o que as pessoas olham por fora que define você. Não é seu corpo que define sua personalidade. Não é sua roupa que define suas vontades sexuais. Não é seu comportamento que dá liberdade para alguém invadir sua privacidade e seu corpo.

Compartilhei uma frase na minha página esses dias e acredito que esqueci de completar o pensamento:

Mulher, SEU CORPO É SÓ SEU, E NINGUÉM TEM O DIREITO DE OPINAR SOBRE ELE, TOCÁ-LO OU TOMÁ-LO COMO PÚBLICO. ASSIM COMO O CORPO DA OUTRA NÃO CABE A MAIS NINGUÉM, TAMPOUCO A VOCÊ.

 

Acho que antes de pedir respeito, a gente tem que começar a exercer o que desejamos. Não olhe outra mulher como uma inimiga, ela não é. Ela é sua irmã, ela sofre as mesmas dores que você, ela tem as mesmas pressões sociais que você, ela luta ao seu lado e suas conquistas beneficiam sua vida também. 

A gente faz parte de um grupo plus size, mas antes fazemos parte de um grupo muito maior chamado MULHERES. Se uma lutar pela outra, todas nós saímos ganhando.

Eu luto há 9 anos por vocês, mulheres, para que vocês enxerguem a beleza única de cada uma, para que vocês tenham cada vez mais liberdade. Nessa luta, criando empatia pelos problemas de mulheres que nunca conheci ao vivo, já vi e vivi muitos avanços. Eu acredito porque vi com os próprios olhos que quando as mulheres se ajudam, vidas são mudadas para melhor. VIDAS.

Imagem do movimento She For She

Fica aqui minha reflexão, meu posicionamento e minha promessa de que SEMPRE, sempre mesmo, eu vou lutar pela liberdade de cada mulher. Pela liberdade de que cada mulher possa ser o que, como e quando quiser, sem ter medo sem precisar se calar. Vou lutar sempre por mais respeito e gostaria muito que você fizesse parte dessa reflexão comigo e se juntasse a mim e outras mulheres nessa luta. A (r)evolução começa dentro de cada mulher.

 

Vem comigo?!? 

 

 

 

LACRAÇÃO! Plus size Ashley Graham faz par com Joe Jonas em clipe

GENTE! Pára tudo que eu quero morrer de amor ♥ com esse clipe novo da banda DNCE!!! A banda que tem Joe Jonas como vocalista acabou de lançar o novo clipe da música Toothbrush e o par romântico do cantor é a modelo plus size Ashley Graham!!!

Deixemos a discussão de “ela é plus ou não” para outro momento, porque o que importa agora é que pela primeira vez a gente vê um clipe pop com uma mulher com gordurinhas, coxas grossas, braço gordinho e que foge do padrão de magreza-modelo-tradicional!

O que eu acho legal é que Ashley faz um papel fofo, de namorada e aparentemente por quem Joe Jonas é completamente apaixonado. Ela NÃO faz o já batido e estereotipado papel da gorda que estamos tão acostumadas (e desgostosas) a ver. Não! No clipe Ashley faz uma mulher tão incrível como qualquer outra (afinal, é o que somos, né!) que namora com um cara como qualquer outro. O clipe NÃO gira em torno do fato dela ser plus size em momento algum, pelo contrário: seu corpo é tratado de forma natural. Mais que justo, não?!?

OK, mas o que isso muda Ju?! O que muda é que as fãs da banda (jovens ou mais velhas) podem FINALMENTE se ver representada em um papel legal, podem se colocar no lugar da Ashley e sonhar e imaginar e desejar um amor como o do clipe (ah, vai, quem nunca ficou imaginando como seria estar no papel dos pares românticos dos clipes e filmes?!). E mais: tratar um braço gordo, uma coxa grossa, uma barriguinha como normal, comum, cotidiano e digno de uma vida normal e tranquila só faz com que diminua o preconceito e a gordofobia, sem contar que dá uma freada na compulsão obsessiva de algumas mulheres pela magreza excessiva! 

Gente, to assim: de queixo caído! Adorei a iniciativa, adorei o clipe, adorei a música e já to aqui ó, querendo largar as escovas de dentes na casa de todo mundo huahauhauhauahu #alocka

Aperta o play e vem dançar comigo pra comemorar mais um passo em direção à diversidade, mais um passo em direção à alegria:

♥ Toothbrush: plus size Ashley Graham e Joe Jonas ♥

 

O que vocês acharam do clipe?! Curtiram? Confesso que nunca fui muito fã dos Jonas Brothers, mas depois desse clipe eu bem topava ser a Ashley por um dia pra dar uns rolês com Joe huahauhau

 

Me contem TUDO!

 

 

HUA HUA

BJÓN

Ashua a coleção plus size da Renner | O que achei

Olá queridas! Ontem foi o lançamento da Ashua a coleção plus size da Renner e já vi vários bafões nas redes sobre as peças. Li de um tudo e me preparei para o pior, achei que a coleção seria daquelas que as marcas fazem só para “calar a boca” das gordas e realmente ficaria ultra frustrada com as peças. Fiquei postergando a minha entrada no site até a noite, mas quando entrei eu me surpreendi de maneira tão positiva que suspeitei não estar lendo sobre a mesma coisa que estava vendo.

Para quem acompanha com olhos de desejo algumas marcas gringas como a Asos, a Topshop e a Nasty Gal, tanto as peças dessa coleção quanto as fotos, a produção dos looks e até a escolha de modelos pareceu muito com as lojas gringas que eu fico babando. É uma coleção mais básica, mas daqueles básicos com a leitura fashion na medida. Nem “exagerado-ultra-fashionista”, nem “básico-to-indo-no-mercado”. Achei até o nome Ashua parecido com Asos hua hua hua e na verdade, acho ótimo que tenha sido inspirada mesmo, porque a Asos Curvy tem coisas lindíssimas que me fazem ter siricutico de desejo.

Mas vamos a uma análise pontual da coisa, para ficar mais fácil:

Cores

Das peças que vi no site tem muito preto, muito branco e muito caramelo, cores que ornam bem com a estação (outono e inverno) e são realmente as apostas em todas as coleções (não só do plus). Também são cores mais sóbrias, sérias e adultas, o que faz eu pensar que essa coleção é para uma mulher jovem e não uma menininha metida a fashionista. As estampas também seguem esse estilo. Não espere encontrar nada ultracolorido, com aquele mix de animal print + floral + renda + o samba todo na mesma peça. São peças chiques, com estampas discretas e elegantes.

Cortes

Os cortes são bem diferentes do que estamos acostumadas a ver no plus. A Ashua investiu em uma coleção que conversa entre si, portanto algumas peças, como por exemplo as que têm uma pegada mais anos 60, vieram um corte mais reto, sem tanta cintura marcada e detalhes que deixam o visual mais rico, como fendas laterais nas blusas, golas e botões frontais nas saias (gente, o que é a saia jeans evasê?! Quase morri de amor!). Outras são mais justas e acinturadas, mas sem ser aquela caracterização de pin up. As calças skinny são realmente skinny, sabe? Meu ponto alto, porque amo uma saia, são as saias midi, que apareceram em vários estilos: da jeans até a fina com rendaVale dizer que essa é uma coleção de inverno seguindo as tendências de corte da temporada, então tudo pode mudar na próxima.

Tecidos

Os tecidos são o que achei de mais legal na coleção toda. Para quem está acostumada com um mercado talhado em malhas é um respiro ver tecidos planos e bem cortados. Poliéster, jeans estruturados, tecidos em jacquard, viscose, suede e rendas… Claro, tem a malha básica também, mas fica como um complemento aos outros tecidos mais finos.

Preços

Esse foi um motivo de reclamação e até entendo, algumas peças são de fato caras. Mas a Renner é uma das lojas de departamento mais caras que temos e os preços não fogem dos preços das peças de numeração menor. Vale comprar aquela peça desejo e depois esperar pelo que entrar na liquidação hua hua hua Já pensaram por esse lado?! Teremos peças PLUS SIZE EM LIQUIDAÇÃO ♥ Não sei vocês, mas eu sou a louca das araras finais, aquelas das últimas peças por precinhos incríveis, sabe? Só que até agora nunca tinha nada minimamente possível para mim e na próxima troca de coleção teremos \o/

Tamanhos

Vou fazer a Glória: não posso opinar. hua hua hua A verdade é que diz na tabela de medidas que vai até o 54, mas a medida do quadril 52 na tabela é a mesma do meu quadril que veste 50.  E pra ficar mais confusa ainda, eu recebi uma calça jeans pelo lançamento (a das fotos abaixo) que é tamanho 50 e ficou certinha como eu gosto, quando entra parece apertada mas depois fica perfeita seguindo as curvas do corpo. Então de fato eu teria que provar outras peças para saber mais ou menos. O colete que veio com o jeans é tamanho único e achei bem decente, porque eu visto 48/50 na parte de cima mas ele daria para meninas maiores que eu numa boa.

Críticas

Minha única e maior crítica vai para o corte das mangas. Sei que é inverno e tudo mais, porém eu sou uma pessoa que valoriza muito a região do colo, então para mim uma cava mais aberta ou uma manga mais elaborada e com um corte elaborado faz toda a diferença na parte de cima. Achei a maioria das mangas muito “esconde braço” e aí, só aí, para mim, a coleção lembrou as tantas outras plus size que são tão comuns . Ok, se quiser incluir os preços nas críticas até pode… Eu não fiquei tão assustada, porque comprando na Asos, pagando em dólar e com as taxas da alfândega, pagaria mais caro.

Ashua plus size da Renner: básico fashion com conforto ♥

 

Impressões finais

Bom, não é a coleção mais fashionista que eu já vi na vida, mas achei bem elegante e de muito bom gosto. Acho que essa coleção é para uma plus size chique, discreta, mas que gosta de estar por dentro das tendências. Para quem precisa de uma roupa mais classuda para trabalhar, mas não quer pagar mais de R$ 300 em uma camisa, está ótima. E tem peças-chave que podem fazer toda a diferença em um look, como a saia em suede caramelo, o jeans destroyed e até esse colete meio boho.

Eu achei uma coleção muito positiva e achei que a marca teve um olhar dedicado às mulheres curvilíneas. Eles fizeram até um site próprio para a linha, com o benefício de vender online!!! \o/ 

 

ONDE ENCONTRAR

Renner > http://www.ashua.com.br/

 

 

 

Enfim, gatonas, o que vocês acharam da coleção? Já tinham visto? Me contem TUDO!!!!

 

HUÁ HUÁ

BJÓN

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