Eu NÃO VOU ME CALAR… Nem por você, nem por ninguém – nem pra evitar climão!

Hoje eu vi de perto o circo pegar fogo. Eu presenciei uma das discussões que mais me atingem, entre pessoas que eu encontro com prazer 2 vezes por semana – e quem me conhece sabe que me ver 2 vezes na mesma semana é muito difícil e só por muito amor.

Um compartilhou ridicularizando um post contra gordofobia, os outros foram lá e deram risada. Ninguém me ofendeu diretamente, mas também ninguém teve a coragem de se levantar e me defender, defender as minas gordas que eles têm nos seus facebooks e as gordas que literalmente correm ao lado deles na vida real. As minas que eles chamam de família.

Ser conivente com uma situação de humilhação ou corroborar compartilhando e/ou dando risada de uma situação desrespeitosa é tão preconceituoso e desrespeitoso quando o foco inicial. Depois, por inbox, a maioria veio de um jeito destrambelhado pedir alguma coisa que deveria se parecer como desculpa, mas era só um jeito de tirar o corpo fora, se isentar da culpa. Publicamente ninguém quer apontar o dedo pro coleguinha e correr o risco de cortar a zoeira…

Imagem do Instagram @historiadefogo  

O post em questão é o da Daniela Martins: mulher, feminista, gorda e negra. Ela teve sua página de Facebook invadida por tudo quanto é gente, opinando de forma agressiva, por vezes ameaçando sua segurança, apenas por exibir seu corpo da forma que bem lhe convém. Dos famigerados “é pela saúde” e “temos que lutar contra obesidade”, passando por memes ridículos e infantis que só têm graça pra quem não tem humor inteligente, até criação de perfis fakes para ridicularizar a moça, pessoas escondidas atrás da tela de um computador destilaram ódio gratuito e compartilharam milhares de ideias preconceituosas e opressoras. Ideias que diga-se de passagem, não alteram em nada o curso de suas vidas, foi apenas pelo prazer de humilhar e agredir uma pessoa feliz. (Agora reflita: uma pessoa que quer diminuir a felicidade do outro, deve ser apenas porque não consegue encontrar a própria felicidade, né?!)

Me perguntaram minha opinião, a princípio eu disse: todas nós somos atacadas quando damos a cara a tapa, temos que resistir e não dar atenção aos haters, porque é isso que eles querem. Temos que retribuir com amor todo o ódio – assim como a Dani disse em uma entrevista, e da mesma forma que eu disse quando rolou a treta com a propaganda da TNT (relembre aqui).

Mas e quando você vê pessoas tão próximas de você, pessoas que você acha que pode contar, pessoas que até então você admirava, fazendo exatamente o que você repudia com tanto fervor?! Como se isentar da treta, quando ela praticamente te dá um tapa na cara? 

E a decepção de achar que você conhece pessoas incríveis que correm ao seu lado, mas perceber que na hora de entender seu sofrimento, ninguém quer dar a cara a tapa por você APENAS para não quebrar a zoeira?! QUE DECEPÇÃO, HUMANIDADE.

Imagem do Instagram @historiadefogo  

Quando, há 9 anos, eu entrei na briga contra a gordofobia eu entrei por mim, mas não só por mim. Eu entrei pela Dani, por você e por tantas outras mulheres. Eu entrei para que NINGUÉM mais sentisse, como eu senti, uma verdadeira vontade de MORRER por não se encaixar nos padrões, por ser gorda, por sofrer preconceito. Eu entrei na treta para que mulheres gordas pudessem ter uma vida mais digna, que pudessem praticar esportes sem serem ridicularizadas, que pudessem namorar e postar uma foto de biquini sem medo de serem humilhadas. E mesmo depois de toda essa luta, contra mim mesma, contra a sociedade, contra o preconceito velado e público, ter que ouvir de pessoas próximas que isso é mimimi, ter que ler risadas em comentários, é TRISTE, É VERGONHOSO. Me embrulha o estômago ter que olhar de novo para a cara de pessoas que fingem estar ao meu lado, mas que não têm nem coragem de se levantar e defender um ponto de vista que não é só “politicamente correto”, é RESPEITOSO.

Eu digo para vocês: VOCÊS NÃO PRECISAM AGRADAR PESSOAS DE MERDA. Ninguém precisa mudar ou aguentar humilhação quieta por pessoas que não correm ao seu lado. Se as pessoas não estão ao seu lado quando você é atacado, elas estão contra você OU elas não dão a mínima pra você. E ninguém precisa agradar gente que não acrescenta.  

E, SIM, NÃO TENHAM MEDO DE CRIAR TRETAS E INIMIZADES DEFENDENDO A DOR E A LUTA DE VOCÊS. Eu estou aqui, publicamente compartilhando uma história pessoal, comprando briga com pessoas MUITO próximas, caindo pro jogo das inimizades, porque eu NUNCA VOU DEIXAR QUE DIMINUAM O QUE EU DEFENDO. Eu nunca vou deixar que diminuam qualquer outra mulher em sua luta, em sua felicidade e em sua aceitação. E VOCÊ TAMBÉM NÃO PODE. Seja homem, mulher, magra, gorda, alta baixa, negra, branca, amarela ou o que for, NÃO DEIXE QUE NINGUÉM DIMINUA A LUTA OU A DOR DO OUTRO – e também não faça isso achando que sua dor é maior.

Isso se chama EMPATIA: a habilidade de se colocar no lugar de outra pessoa e se sentir como ela se sente. O mundo seria um lugar melhor, as pessoas seriam mais felizes e tudo funcionaria de forma mais gostosa. Isso se chama EVOLUÇÃO. Mas tem gente que faz questão de se fazer de idiota e continuar numa inércia… Pessoas fracas. SEJA FORTE! LEVANTE-SE. Não fique omissa diante de uma situação que humilha, magoa ou violenta outra pessoa, porque NINGUÉM merece ser criticado por qualquer que seja sua situação, da mesma forma como você não gosta de ser criticado. 

Deixei um recado para a Dani, dizendo que meus olhos brilham cada vez que vejo uma postagem dela. Não para puxar saco, mas porque apesar de não conhecê-la A SUA LUTA É A MINHA LUTA: É UMA LUTA POR RESPEITO E NÃO POR PADRÕES FÍSICOS. E não interessa como tá a saúde dela, a conta bancária dela ou as louças na pia dela: ELA MERECE RESPEITO. E PONTO. 

Imagem do Instagram @historiadefogo  

Escrevi muito, falei demais. Mas é um post pessoal de desabafo porque mesmo eu lutando contra isso todo dia é uma merda ter que aguentar a ignorância das pessoas mais próximas e eu sei que vocês também passam por isso. Eu sou a rebelde em todo lugar que vou. Meu pai me apelidou de LÍNGUA DE TRAPO quando eu ainda era criança. Mas isso nunca fez de mim uma pessoa ruim, pelo contrário, foi DEFENDENDO A MINHA LUTA QUE EU AJUDEI TANTAS MULHERES. Você também DEVE fazer isso, por você e pelas outras.

 

Por hoje é só, gente. To chateada, mas não vamos abaixar a cabeça.

 

 

HUA HUA

BJÓN

 

C&A e a propaganda ENGANOSA: close erradíssimo!

Cara amiga gorda, você que acompanha esse e tantos outros blogs, se você ainda não viu a campanha da C&A, já aviso: NÃO SE ABALE. O que você vai ver é uma campanha de marketing mal feita, que tenta se apropriar da nossa luta para reafirmar ainda mais os padrões estéticos de magreza.

A modelo escolhida é a Malu, que veste 44/46 no máximo, ela é linda e talentosa, mas não é gorda e também não acredito que ela passe por um décimo das dificuldades e preconceitos que as gordas passam no dia a dia – como por exemplo tentar achar uma peça que sirva dentro de lojas de departamento, pra dizer o mínimo. Se o objetivo da campanha é mostrar que a indústria esteve errada por tanto tempo e que SIM a gorda pode ser sexy, por que raios a campanha resolve representar a gorda com uma mulher que NÃO é gorda?!?! 

O problema de uma campanha mentirosa – não nas palavras, mas na imagem – é que ela reafirma para todas as mulheres que AQUILO é o aceitável de ser gorda. Quer dizer então que ser magra é só se você vestir 38? Qualquer coisa acima do corpo de uma modelo de passarela, já pode ser considerada gorda?! OI?!?! Na verdade, o bonito pra gorda é na verdade ser magra… DE NOVO, GENTE?! Quando vamos parar?  Onde vamos parar?

Eu te digo: vamos parar em um monte de jovens com distúrbios alimentares. Vamos parar com um monte de mulheres infelizes com seus corpos, se submetendo a situações perigosas para mudarem o que veem no espelho. Vamos parar com um monte de mulheres traumatizadas se esgoelando na academia para serem uma gorda como a Malu OU para deixarem de ser gordas como a Malu e tentarem se encaixar em um padrão de magreza CADA VEZ MAIS MAGRO.

A Malu é linda, gente, mas ela não é gorda. E levar as mulheres a acreditarem que ela é só dá resultados ruins. Para as mulheres que não se aceitam e querem ser magras, faz com que esse objetivo fique ainda mais longe e ainda mais inatingível. Como ainda tem gente (muita, infelizmente) que considera gorda pejorativo, imagine o que pensam essas mulheres ao ver uma modelo como a Malu, que é só curvilínea, estampando a palavra gorda? Já estive no lugar dessas mulheres, quando eu era mais nova eu queria ser magra como a Malu, ter pernas finas e esquias, barriga sequinha, peitões. Aparentemente, seguindo essa campanha, eu nem sei onde eu iria parar, porque se a Malu é classificada como gorda, o que eu teria feito para ficar magra?! Reflita!

Para as mulheres que são gordas, faz com que a gente se sinta fora do nosso próprio segmento. Como se tudo aquilo que tem a ver com a nossa realidade – gordurinhas saltando para fora do jeans, culotes, celulite, gordura interna da coxa – ainda fosse algo realmente feio para se mostrar e, portanto, devesse ser substituído pela imagem mais magra de uma gorda que eles puderam achar.

Mais uma vez: eu não teria problema algum em ver a Malu estrelando a campanha de uma marca como a C&A, acho ótimo que as curvilíneas tenham seus lugares e torço para que a gente tenha uma diversidade maior de modelos mesmo! Mas já que é pra ser uma campanha cheia de representatividade, por que não colocam a Malu como curvilínea e uma modelo maior, como a Mayara Russi, por exemplo, como gorda?  

Ai, ai… A indústria da moda as vezes é tão cansativa. Se por um lado cada dia vejo mais inclusão, por outro vejo marcas e agências de publicidade tentando pegar carona nas lutas como um jeito de lucrar. Veja, eu não teria problemas com o lucro, contanto que finalmente a indústria fizesse com que cada garota se sentisse parte dela, mas a questão é que alguns closes erradíssimos só fazem com que nós, as margens da sociedade (gordas, negras, gays, trans, etc), nos sintamos ainda mais ERRADAS, como se até mesmo dentro da nossa própria causa, tivéssemos que mudar e nos encaixar dentro de um padrão.

Que vergonha! Que vergonha de ver uma marca se apropriar do nosso discurso de liberdade, do nosso discurso de aceitação, das nossas palavras de incentivo diário, para continuar a martelar nas cabeças das mulheres VELHOS E ULTRAPASSADOS padrões de beleza. 

Eu me sinto ultrajada e enganada. Não se engane: subjetivamente essa propaganda apesar da modelo plus size, não tem NADA de inclusiva e realmente só ajuda a reafirmar os padrões de magreza, mas fica a dica, segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor:

[blockquote author=”Idec, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor” ]De acordo com o artigo 37 do Código de Defesa do Consumidor (CDC), a ideia da publicidade abusiva está ligada à valores morais e atuais acontecimentos da sociedade. Em geral, é a publicidade que contém objetiva ou subjetivamente um discurso discriminatório ou preconceituoso. [/blockquote]

Bom, nem sei mais o que dizer sobre isso, mas como a blogueira Kalli Fonseca, do Beleza Sem Tamanho, falou: “nem precisamos pensar em boicote já que a marca já boicota as gordas, não tendo nada que nos sirva nas araras”… Isso porque não é a primeira vez que a C&A dá mancada com as gordas (relembre a campanha da Preta Gil aqui), vamos colocar uma gorda empoderada na equipe de marketing, vamos?! 

Infelizmente, é isso

BJÓN

12 coisas gordofóbicas que comprovam como é fod* ser gorda

Olá queridas, antes de escrever o meu roteiro da China e do Myanmar (de onde acabei de voltar) resolvi escrever esse post com algumas coisas que ainda provam que a gente infelizmente tem que viver em uma sociedade gordofóbica pra caramba, porque passei por algumas situações nessa viagem que me fizeram lembrar – e muito! – como é FODA ser gorda em um mundo pensado pra magros.

Vou dar só um exemplo, mas aconteceram em vários momentos e acontece todos os dias com todas as gordas do mundo. Meu exemplo rolou no começo da viagem, logo no primeiro avião. Sempre ouvi dizer que a Emirates é a melhor companhia aérea e blá blá blá. O que eu estava esperando disso? Uma classe econômica com um assento confortável, espaçoso e decente para um vôo que ia durar 14 (CATORZE) horas. Pois bem, sentei e claramente meu quadril era maior que o espaço entre os dois braços da poltrona. O que a Ju de anos atrás faria? Ficaria extremamente envergonhada e sentindo-se culpada por não me encaixar na cadeira MINÚSCULA (sério, gente, não tinha nem 70cm de assento aquela merda). Mas hoje eu tenho outra visão, acho que as empresas têm obrigação de serem inclusivas, então a vergonha não é minha, é deles. Bom, vi que um comissário de bordo que falava português estava perto e falei para a minha irmã em alto e bom tom: “Bom, eu não vou usar cinto, porque eu apenas não caibo nessa cadeira…”. O comissário super simpático, solícito e discreto, prontamente achou um outro assento duplo que estava vago e perguntou delicadamente se minha irmã não gostaria de se mudar para lá para que ambas ficássemos confortáveis durante o vôo.

OK, o problema foi resolvido, mas fiquei pensando em outras pessoas grandes que não têm autoconfiança ainda e realmente se sentem envergonhadas a ponto de ficarem quietas e desconfortáveis durante 14 horas de vôo. Aí além de chegarem ao destino toda quebradas, ainda chegam sentindo-se inferiores por conta de uma porcaria de um assento minúsculo que não é confortável nem pra quem é magro.

Bom, desabafo feito, montei uma lista de coisas que ainda representam nossa sociedade gordofóbica e estão no meu livro negro de “KIRIDINHAS, APENAS MELHOREM!”

 

  1. Cadeira de avião

O problema: como descrito acima, são feitas para adultos com corpo de criança e quase deixam o sangue circular na sua perna.

A solução: poltronas maiores em todo o avião ou em algumas fileiras específicas, JURO que não é tão difícil. Esses dias peguei uma ponte aérea Rio-SP e as 7 primeiras fileiras eram de poltronas que apelidei carinhosamente de “cadeira de gordo”, já que eram mais largas e com espaço maior de perna. Se não me engano não tinha que pagar extra, era só escolher as cadeiras da frente no check-in.

 

Um sonho: entrar nas cabines maiores, sem olhares de reprovação…

2. Cabine de banheiro público

O problema: ou você abre a porta, ou você entra. E quando você entra, não consegue fechar a porta… Porque a cabine é tão mal feita que a porta quase encosta no vaso sanitário.

Sério, tem coisa mais irritante do que estar apertada pra fazer xixi e ter que entrar e sair da cabine umas 3 vezes até descobrir uma posição que você consiga se espremer contra a parede com sua bolsa e o casaco e ainda assim consiga fechar a porta, sem ter que subir em cima da privada? Não, não tem.

A solução: fazer cabines mais compridas, pelo menos. Como solução imediata, bastaria deixar a cabine específica para deficientes (que também deveria ter em todos os banheiros, aliás) sem o adesivo. Já que elas são mais espaçosas, as gordas poderiam usar numa boa, sem receberem olhares de reprovação como se estivessem fazendo alguma coisa errada. Ou, como é na Ásia, em vez da privada tradicional, poderia ser a privadinha no chão, que apesar de parecer horrível, achei muito mais higiênica na questão “não corre risco de encostar” hahaha.

3. Catraca de ônibus

O problema: é humilhante AND dolorido ter que se espremer pra conseguir passar entre aquele espaço pequeno, com gente te pressionando e ainda fazendo cara feia porque você está demorando pra passar. Vale dizer que a catraca não é pequena só pra quem é gorda, a catraca é apertada pra QUALQUER pessoa que seja um pouquinho maior.

BÔNUS: tudo ainda fica pior se você estiver voltando do trabalho no frio, com sacolas e casacos.

A solução: catracas mais largas, óbvio! Eu sei que todo mínimo espaço está sendo aproveitado para colocar bancos, mas já que nunca os bancos são suficientes para toda a galera que pega ônibus, então não custava nada tirar um – aquele que divide o corredor com a catraca – para aumentar a largura do espaço de entrada.

4. Assento de metrô com divisória

O problema: nádegas doloridas e com uma marca ao chegar em casa, porque você não coube em apenas um espaço pré-dividido e teve que ocupar um assento e meio, ficando com a divisória bem no meio da sua nádega esquerda.

Não sei nem quem foi o infeliz que achou interessante pré dividir um banco, talvez imaginando que isso daria alguma noção de espaço pessoal no transporte público, mas a questão é que além de não servir pra nada, ainda humilha pessoas maiores.

A solução: que tal fazerem bancos sem divisórias? Um banco liso não mata ninguém, dessa forma as pessoas podem se encaixar nos espaços que precisarem.

5. Provador de loja

O problema: mal cabe você pelada lá dentro, imagine sua bolsa, suas compras anteriores, você abrindo os braços, tirando e colocando calças… E quando tem cortinas, sua bunda fica empurrando elas para fora…

Não sei se é porque além de ser gorda, sou claustrofóbica, mas provadores de lojas já me dão um desespero só de saber que eu vou ficar enclausurada em um cubículo cujas laterais quase encostam nos meus braços.

A solução: provedores com cabines maiores, se não forem todas, pelo menos algumas – e que não sejam apenas para deficientes físicos. Minha solução imediata é ficar com a porta do provador aberta pra não ter falta de ar, mas isso não resolve as laterais pequenas do provador, só me ajuda a não ter uma crise claustrofóbica mesmo.

 

6. Espelhos que emagrecem no provador

O problema: isso prova que nossa sociedade é tão gordofóbica, que precisa te passar sua imagem mais magra para que você se sinta mais tentada a comprar uma roupa. O pior? Algumas pessoas ainda gostam.

A solução: nem espelhos que engordem, nem espelhos que emagreçam… Apenas espelhos que reflitam a realidade, pode ser?

7. Cadeiras com braço

O problema: raramente os braços têm um bom espaço entre si, de forma que é só ter um quadril um pouco mais largo que as cadeiras com braços já ficam meio apertadas.

A solução: assentos mais largos, com braços mais distantes ou braços mais altos, sem fechar na lateral da perna – sabe aqueles vazados embaixo?! Não é preciso que TODAS as cadeiras do mercado sejam assim, mas que pelo menos existam opções pra quem é gorda e quer conforto, né!?!? Até a indústria de móveis é um tanto gordofóbica, minha gente… Num tá fácil!

8. Marcas plus size que só fazem até o 50

O problema: se até uma marca especializada em roupas pra gordas acha que existe um “limite aceitável” pra ser gorda, me diz como se sente a mulher que quer se vestir bem e está acima desse limite?!

A solução: fia, se você se propõe a fazer roupa pra gorda, faça direito com uma grade abrangente… Caso contrário tire o plus size do nome da marca e fique quietinha com a numeração pequena.

 

9. O próprio título plus size

O problema: quando a gente fala que alguma coisa é plus size a gente está segmentando aquilo, ou seja, está dizendo que aquele segmento não faz parte da maioria, não é o “comum” nem o “normal”. Quando a gente fala que uma marca é plus size, a gente está dizendo que a mulher gorda não faz parte da moda “tradicional” e, portanto, precisa de um segmento só seu.

A solução: que as marcas aumentem a grade no geral e que tanto a numeração 36, quanto a 60 sejam parte da numeração “normal”, mas que não precise de um nome para isso.

10. Sapatos para pés finos/pequenos

O problema: SÓ tem sapato para pé fino ou no máximo um mediano. Aparentemente a indústria de calçados ignora com fervor a existência de mulheres com pés grandes, largos e/ou altos.

A solução: aumentar a numeração é o básico, já que mulheres altas têm pés grandes normalmente, independentemente de serem gordas ou magras. Agora quanto aos pés largos e/ou altos, custava fazer alguns modelos de botas e sapatos maiores?! Custava fazer umas tiras de sandália com elástico? Custava fazer uns solados mais largos?!? Umas pernas de botas para batatas largas?! A gente até acha algumas, mas com MUITA procura, quase uma caça eu diria…

 

11. Cadeiras que aguentam só até 100 kg

O problema: a maioria das cadeiras no mercado de design só aguenta até 100kg, depois disso as pernas começam a ceder, as juntas ficam moles, o encosto vai se separando do assento e existe um grande risco de acidente. Agora me diz, como faz?! conheço homens grandes que não são gordos e pesam mais que isso (são bem musculosos inclusive). Ou seja, as cadeiras são uma porcaria em questão de qualidade de material, mas se a gorda quebra a culpa e a vergonha são dela?!

A solução: industria de móveis, apenas melhore! As cadeiras não têm que aguentar o mínimo, elas têm que ser bens duráveis, que suportem com segurança qualquer tipo de pessoa. De nada adianta fabricar cadeiras bonitas se elas não servem pra metade da população. Materiais melhores com design desejável, please!

 

12. Corredores e portas de aptos pequenos

O problema: a população está cada vez mais gorda e os apartamentos novos cada vez menores, mas mesmo os que não são menores também apresentam um detalhe bizarro: as portas novas são menores que as antigas. Enquanto uma porta tinha em média 80cm de largura, as novas no interno do apartamento têm 70cm. Pode ser que elas tenham diminuído com o objetivo de aumentar o espaço interno de uso, mas a verdade é que as pessoas gordas foram absolutamente ignoradas nesses casos.

A solução: apenas voltem com portas maiores e, arquitetos e engenheiros, prestem atenção para ver se seu projeto é acessível. Porque sinceramente, se eu que visto 50 não paro de bater os braços nas maçanetas, imagine uma gorda maior ou uma cadeirante tentando passar por essas portas?!

 

Bom, esse é um daqueles posts que a gente faz quando está revoltada por ter passado por uma situação indesejada, mas a verdade é que a gente passa por vários momentos gordofóbicos no nosso dia e sem perceber acaba se sentindo inferiorizada ou humilhada. Por isso a gente não pode parar de lutar por locais públicos mais acessíveis e tem que manter a cabeça bem levantada quando passar por qualquer uma dessas situações. Não se sintam mal se acontecer alguma coisa dessas com vocês, vocês não estão sozinhas!

 

Bom, tem mais alguma situação que não coloquei aqui que você passa? Me conta nos comentários!!!

 

 

HUA HUA

BJÓN

“Ei, não é OK ser gorda”… Oi? WTF essa revista está fazendo?! Shame on you Glamour!

Olá queridas, não tenho como ser polida, educada, simpática, sensata ou qualquer outra coisa… Porque o que apenas consegui pensar e dizer foi “MAS QUE PORRA É ESSA?!?!” quando li a carta editorial da Mônica Salgado, a última de 2015 e que encerra o ano da revista Glamour. Me desculpe, mas faltou GLAMOUR na minha reação… E com razão! Eu não quero corroborar com a ideia insana de uma ex-gorda, que decidiu por desejo pessoal emagrecer, que toda gorda é, ou deve ser, infeliz. Ok, todo mundo tem uma opinião, inclusive as repórteres, e acho que todo mundo tem que buscar felicidade, mas uma revista apoiar um discurso que OFENDE e OPRIME a liberdade corporal da mulher é GRAVÍSSIMO. Também não acho que o “politicamente correto” é errado ou chato, principalmente quando ele significa RESPEITAR o próximo.

 

[blockquote author=”Kariny Grativol, produtora-executova da Revista Glamour” pull=”normal”]”Ei, não é OK ser gorda. Não é possível se sentir bem com obesidade. Falo com propriedade: fui obesa infantil e vivi o efeito sanfona por 15 anos, até fazer cirurgia bariátrica. Emgareci 47kg e hoje sou feliz com o meu manequim 44″ [/blockquote]

 

E vem cá, que merda é essa de dizer como as pessoas devem ou não viver? Que porra é essa de dizer o que é “OK” eu fazer da minha vida e o que não é? O quão legal, incrível e tão melhor que a minha é a vida dessas pessoas da redação pra dizer como EU devo lidar com as decisões sobre O MEU corpo e as consequências que isso terá para a MINHA vida?

Vou dizer o que não é OK: não é bom, não é saudável, não é educado e não é legal uma revista de circulação nacional apoiar – mesmo que indiretamente – discursos de ódio. Apoiar a opinião pessoal de uma repórter que afirma que ser gordo não é legal APENAS E UNICAMENTE aumenta o ódio e a gordofobia.

Vou te contar uma coisa Monica Salgado, a opinião da sua repórter não vai fazer eu entrar em um regime e também não vai fazer com que eu acorde mais magra amanhã. Mas INFELIZMENTE ela pode fazer com que uma série de leitoras da revista passem a me olhar com cara feia, nojo, pena ou que passem a se sentir no direito de julgar meu corpo só porque eu sou gorda – direito que NINGUÉM tem, aliás. Para mim, tudo bem, eu já aprendi a lidar com o meu corpo, a amá-lo e aceitá-lo, mas e para as meninas que ainda estão trabalhando a autoestima? E para as que sofrem bullying no colégio?

Falar que não é legal ser gorda não faz diminuir as doenças decorrentes da obesidade, apenas faz com que aumentem as consequências psicológicas da opressão corporal em quem é gorda. 

Agora me diz, cara diretora de redação: A REVISTA GLAMOUR NÃO É FEITA PARA MULHERES? Por que então você está tentado tanto OPRIMIR a mulher com esse discursinho barato e cheio de chorume? Por que você não LUTA PELA mulher, pela sua liberdade e pelo seu bem estar em vez de tentar colocar todo mundo na mesma caixinha da infelicidade e preconceitos?!

Olha só, não é porque eu sou gorda (e talvez eu só entenda isso porque eu sou gorda) que eu tenho que pensar e me sentir como todas as outras gordas. Sem contar que essa repórter sofreu por ser gorda e viveu no efeito sanfona até fazer a cirurgia bariátrica provavelmente porque deixou ser influenciada por opiniões equivocadas sobre alimentação, regimes malucos e porque sempre sofreu pressão de discurso como esse que agora ela está reproduzindo e com o aval de um veículo de comunicação de alto alcance. Ou seja, ela se fudeu quando era gorda (como todas nós) e a agora está replicando o mesmo discurso opressor, que não ajuda e só piora a situação de qualquer gorda.

Sem contar as outras opiniões mesquinhas que eu não tenho tanta propriedade pra falar, mas sei lá, só acho que não é porque uma editora é super workaholic que isso desmerece as donas de casa por opção. Eu sou workaholic e namoro, mas não acho que é o trabalho, a carreira, o casamento OU um certo tipo de corpo que faz uma mulher ser mais mulher – ou ser mais “ok” e, portanto, apresentável.  

 

Veja, é incabível para mim que em pleno século 21, com tamanha liberdade que já conquistamos e com tanto mais que buscamos, que uma revista me diga que o MEU corpo e MINHAS decisões não são aceitáveis. Eu não preciso que essa revista me defenda, porque não sou leitora e nem o público alvo dela, mas acho que o MÍNIMO é que ela não me ataque como mulher! 

 

E eu fico com VERGONHA que alguns amigos jornalistas tenham que se submeter à tamanha humilhação de trabalhar em uma revista tão ATRASADA, MESQUINHA e IGNORANTE.

 

 

Sim, eu estou nervosa, inconformada e chocada. Esse é um post EMOCIONAL, porque eu não tenho como ser imparcial nessa questão. Só que as pessoas e os veículos TÊM que entender o poder que tem as palavras, a influência que têm os grandes veículos e como isso gera consequências na formação do pensamento social. Gente, não dá mais pra apoiar ou fechar os olhos para o preconceito e essa maneira simplista e excludente de pensar… E uma diretora de redação deveria ter VERGONHA do pensamento horrível de pessoas que trabalham sob o seu nariz e não apoiar esse tipo de estrume verbal. 

 

 

Apenas minha opinião sincera, coisa que aparentemente a Monica Salgado valoriza acima de qualquer outra coisa, né?!

 

 

 

BJÓN

Psiu! 1 minuto de silêncio contra a gordofobia

Eu não ia falar sobre o caso das 4 modelos plus size que fizeram um protesto em Brasília, porque não acredito nessa forma de protesto – tirando a blusa para chamar atenção, reafirmando a associação da mulher plus size com sexo -, mas essa é apenas uma questão pessoal e acho que o protesto é válido, sim, mesmo que tenha sido de uma maneira que eu não faria. No entanto, hoje esse protesto tomou proporções muito maiores ao meu ver – e por isso resolvi escrever sobre ele por aqui.

Um resumo rápido pra você entender: depois que essas 4 moças lindas se sentiram humilhadas em um hotel, quando a recepcionista disse em tom irônico que 2 delas não caberiam em uma cama de casal, elas resolveram fazer um protesto em frente ao Congresso. Claro que a imprensa não deixou passar e se aproveitou da situação para ganhar muita audiência. Até aí, ok. As reportagens ouviram o lado das meninas e apoiaram a causa contra a gordofobia.

O problema é que, depois de aparecerem em diversos jornais, elas saíram na TV e uma pessoa, que aparentemente é da Polícia Militar, escreveu um “pequeno desabafo” xingando as plus size de “saco de toicinho” entre outras frases que nós, gordas, já ouvimos muito. Um ato covarde, que incita claramente violência e dissemina diversos pensamentos preconceituosos. Isso tudo vindo de um P.M. que, teoricamente, está lá para garantir nossa segurança.

A imagem foi apagada do perfil pouco depois, mas tiraram um print

Não sei se começo pelo “a pior obra de engenharia que Deus lançou” ou pela “solução” incrível que esse ignorante deu de banir gordos de transporte público. Sei que o texto todo é um absurdo sem fim.  Como a gente comentou aqui ele abriu a torneira de asneiras no começo da publicação e não fechou nunca mais, vomitou palavras horrorosas e o pior, ele é uma pessoa instruída, já que tem pouquíssimos erros de português… Pra você ver que IGNORÂNCIA, FALTA DE EDUCAÇÃO E RESPEITO não depende de instrução…

 

Não sofra calada!

Aí depois desse absurdo a advogada Vanuza Lopes, que não tinha contato com as misses, compartilhou indignada esse print e foi procurada por elas para representá-las no tribunal contra esse homem. “Vamos ingressar com uma ação penal por crime de injúria e difamação e, certamente, pedido de indenização para as próprias modelos”, disse em entrevista ao G1. “Qualquer mulher que se sinta gorda e que tenha se sentido ultrajada pelas agressões pode entrar na Justiça contra ele, porque ele já começa o texto dizendo que a pior obra de engenharia de Deus foi a mulher gorda.”

Mais que merecido, não? A parte interessante dessa história é que, além de gerar o maior auê nas mídias, ainda se esse homem for penalizado de forma justa, como deve acontecer, isso inibirá outros tantos atos iguais ou piores ao dele. É o nosso maior passo em direção ao fim da gordofobia! Imagina só se toda mensagem gordofóbica fosse levada aos tribunais ou, pelo menos, fosse penalizada de alguma forma? Então atos como o desse PM tenderiam a diminuir cada vez mais. Porque é o que eu sempre digo, você não precisa gostar de uma ou de outra coisa, corpo, comida, música, etc, mas TEM SIM que respeitar os outros. Faz parte do convívio em sociedade. Faz parte de ser respeitado também.

Depois de alguma apuração mais afundo, alguns veículos (não sei qual descobriu primeiro) descobriram que esse mesmo cara que compartilhou a mensagem gordofóbica tem uma doença muscular degenerativa. Agora eu queria saber como ele iria se sentir se as pessoas compartilhassem falando que ele é uma falha de Deus, que deveria ficar sem transporte público para ver se seus músculos voltariam a funcionar e um monte de outras baboseiras sem cabimento, iguais às que ele escreveu em seu depoimento.

 

PSIU!

Na foto, as modelos aparecem com o dedo na frente da boca, com o símbolo de silêncio, meio querendo dizer “sou linda e não quero ouvir seu preconceito” (minha interpretação é essa), mas esse símbolo tomou outras proporções e os internautas começaram a postar fotos com o dedinho na boca em apoio ao ato e contra a gordofobia – esse sim é um tipo de protesto que acho mais interessante, sem um mártir e com a possibilidade de envolver uma nação. O resultado é ÓTIMO e você pode ver com a hashtag #psiu no Instagram. Pesquei umas abaixo, só para ilustrar.

 

Chega de tanto #preconceito, diga não a #Gordofobia . Respeito é fundamental. #Respeito #Amor #Igualdade Uma foto publicada por Viviane Ferreira (@25vivi) em

#Psiu #SilêncioAoPreconceito #ForaPreconceito.

Uma foto publicada por Junior Carneiro (@jhunyorcarneiro) em

 

Acho que o que fica dessa história é a esperança de que atos como esse sejam punidos, de que as pessoas se unam contra todo e qualquer preconceito e que apenas parem de achar que a gorda é diferente ou pior só porque usa um tamanho maior de calça… E a reflexão sobre  compartilhamento irresponsável de ideias preconceituosas. Tais pensamentos não deveriam nem existir dentro da cabeça, mas já que existem, as pessoas deveriam se envergonhar e evitar ao máximo colocar pra fora! #fikadik

 

Então, fica o convite, vamos nos unir para dar um grande PSIU no preconceito e na gordofobia!!! E me conta aí o que você achou dessa história, como você reagiria? Se quiser falar mais, vamos pro meu Face ou no Instagram @ju_romano

 

HUA HUA

BJÓN

 

 

Por que a palavra gorda é ofensa?

Eu bem já estava sentindo falta de uma polêmica (estávamos sem desde a da Abercrombie, lembra?), mas polêmica boa é aquela que nos faz pensar e não só aquela que faz a gente ficar revoltada com o mundo sem sair do lugar. Pois com a polêmica de hoje eu proponho uma discussão e uma grande reflexão: por que a palavra gorda é ofensa? Por que quando alguém diz que uma roupa é “para gordas” isso é negativo?

O motivo do debate é que semana passada rolaram várias discussões e revoltas no mundo com o Walmart lá da gringa, porque eles nomearam a seção de fantasias plus size como “Fat Girl Costumes“, que em tradução é fantasias para garotas gordas. É claro que meio mundo ficou ofendido com a forma como foi colocado e usuários do Twitter compartilharam com ironias, reclamações, indignações… Até que a rede Walmart se desculpou publicamente e trocou o nome da seção para “plus size costumes”. O porta-voz da empresa se retratou “Isso nunca deveria ter estado no nosso site. É inaceitável, e pedimos desculpas. Estamos trabalhando para removê-lo o mais rápido possível e garantir que isso nunca aconteça novamente.”

Bom, acho que, sim, o pedido de desculpas é válido uma vez que ofendeu alguém e por causa da revolta que causou, mas na minha opinião o problema vai muito além da empresa que usa a palavra gorda para se referir a uma mulher plus size. Eu vejo o preconceito em TODOS os lados dessa história e acho que temos muitas discussões para fazer em volta desse único fato:

1ª reflexão: o preconceito está além da palavra

Você não acha que o preconceito maior não vem da palavra gorda, mas parte da marca que separa a numeração “plus size” ou “para mulheres gordas” das outras seções? A marca nomeia essa seção com um nome “especial”, porque simplesmente mulheres gordas são um universo á parte na sociedade ou porque mulheres que vestem acima de um certo número não podem se encaixar na normalidade (sintam a ironia no meu texto, ok?!). Então, teoricamente chamando de gorda ou de plus size, só o fato de separar com um nome especial já é um preconceito, o que nos leva ao 2º item… ↓

2ª reflexão: o emprego dos termos na vida real

Sim, nós também usamos a palavra aqui no blog e usamos o termo moda plus size, moda para gorda, moda GG… Mas veja, quando eu estou fazendo um blog pessoal é claro que eu vou falar sobre a minha vida e os meus dilemas (que também são os dilemas de muitas outras meninas como eu), então se eu sou uma mulher gorda ou plus size é claro que eu vou falar da moda que me serve, que no caso é a moda acima do tamanho 46. E, sim, eu estou segregando a moda no meu blog porque de verdade no meu armário só entra o que está do 48 para cima e a minha realidade é comprar em lojas cuja a seção se chama “plus size” e eu tenho que lidar com isso no dia a dia. Eu aceito a situação, o que não quer dizer que eu deva me acomodar e não achar que o cenário deveria mudar. Eu sempre digo que meu maior sonho é que não exista mais o “plus size” e sim uma grade grande o suficiente para abranger todos os números

3ª reflexão: gorda não é ofensa

Quando eu uso a palavra gorda ou plus size para me definir estou falando de uma característica física minha, da mesma forma que quando eu descrevo algumas amigas minhas e falo “a Amanda é magra, alta, loira…”. Por que isso é pejorativo? Por que nós, gordas, ficamos toda hora reafirmando que a palavra gorda é ruim e a magra é boa? Por que a gente tem que achar ofensivo alguma característica física nossa??!?!? Por que eu não posso me definir como gorda se, sim, meu corpo é muito diferente e tem muito mais gordura do que o das minhas amigas magras?! Afinal, qual é o problema?! Eu não sou uma pessoa melhor, pior, mais ou menos capaz, apenas por ser gorda…

4ª reflexão: devemos renovar os nossos conceitos

Quem se ofendeu e se revoltou com a palavra gorda, não se revoltou com a segregação e, sim, com o uso dessa palavra. Mas é fácil desapegar de conceitos que nos são ensinados desde criança? Não, não é fácil e nós sabemos. Mas e se fizéssemos um esforço coletivo para que a palavra “gorda” fosse riscada da lista proibida de palavras?! E se fizéssemos um esforço para que essa palavra, que foi usada durante tantos anos para ofender e maltratar, começasse a ser apenas mais uma palavra? Eu, que sou bem resolvida com a questão e já me desapeguei dessa palavra como ofensa, sempre que sou chamada de gorda viro com um sorriso e respondo “obrigada, sou mesmo, é tão difícil que as pessoas nos vejam como realmente somos né?!” ou quando me falam “você engordou?” eu respondo “não, não, acho que é impressão. Eu já sou gorda”. O que sempre acontece? A outra pessoa fica sem resposta, porque é isso que acontece quando uma pessoa tenta te ofender e não consegue. Que tal não deixarmos mais que as pessoas usem a palavra gorda como ofensa, hein?! Com certeza se os pais ensinassem suas crianças que a palavra gorda não é ruim, teríamos muito menos bullying nas escolas e menos adultos traumatizados… 

5ª reflexão: associação da palavra gorda com falta de saúde

E como eu sei que VAI TER uma pessoa (ou mais)  que vai falar que “ser gorda é uma questão de saúde”, já vou adiantando: essa é uma desculpa que as pessoas usam para encobrir a gordofobia!!! Existem gordas doentes e gordas saudáveis, da mesma forma que existem magras saudáveis e magras doentes. A diferença é que ninguém finge estar preocupado com a saúde da magra, já na saúde da gorda todo mundo acha que tem o direito de se meter. Ah! Faça me o favor, alguém aí tem um banco de dados na cabeça que armazena todos os exames de todas as pessoas que vê, por acaso!?!? Não. Então como pode dizer quem é saudável ou não? Duvido que essas pessoas virem para outras pessoas magras no meio da rua, na fila do banco, na loja de roupa e do nada falem: “mas sabe, você tem que cuidar da sua alimentação, é uma questão de saúde”. DU-VI-DO. É claro que você pode querer emagrecer porque seus exames deram alterados, mas quem decide isso é você – não eu e muito menos um fulaninho que nem te conhece!

 

Enfim, essas foram as MINHAS 5 discussões internas depois que eu li essas matérias sobre a indignação com o Walmart.  Como a discussão é longa, é obvio que eu ainda não cheguei a muitas conclusões ou soluções… Então por enquanto acho válido a gente ir pensando a respeito dessas questões que nos rodeiam a todos os momentos e passamos as vezes sem nem se dar conta.

 

Agora me conta, o que você achou!?? O que acha dos 5 pontos que coloquei na roda? Conta tuuuudo aí nos comentários e vale lembrar: a gente só consegue crescer e evoluir em uma discussão quando temos diferentes pontos e todos se respeitam, então por favor, sem ofensas! Grata!

 

Bom gatonas, por hoje é isso. Se tiver alguma coisa para me falar em particular vamos lá pro meu Facebook e não deixe de me acompanhar no Instagram @ju_romano

 

HUA HUA

BJÓN

“A perfect 14”: documentário plus size fala sobre a ditadura da magreza e a vida das modelos plus size

Estrelado pelas modelos Elly Mayday, Laura Wells e Kerosene Deluxe, o documentário plus size chamado “A perfect 14” (referência ao tamanho 14, plus size), explora o universo das moda plus e as mulheres incríveis que lutam todos os dias para remodelar os padrões de beleza vigentes.

As três meninas contam cada uma a sua história, como foram cobradas para ter um corpo “padrão” e como isso afetou a vida de cada uma. E nem tudo ficou fácil depois que elas se aceitaram. A Elly Mayday, por exemplo, quando estava prestes a assinar um contrato com uma mega agência de NY (ela é do Canadá), descobriu que tinha um câncer raro de ovário e teve que lidar com o tratamento que a fazia variar o peso e perder o cabelo – além de adiar todos os planos de carreira, é claro. Já a Kerosene Deluxe é o tipo de mulher arretada que a gente ama. Sua infância traumatizante a estimulou a ser uma porta-voz contra o bullying e contra a gordofobia. Detalhe: ela é uma lenda plus size, já saiu em milhares de capas de revistas e campanhas, com o plus de ser toda tatuada (too cool to be cool, beijos).

Além das histórias pessoais, o filme ainda coloca em pauta a controvérsia do termo “plus size”, que segrega as mulheres, e a duvidosa falta de diversidade nas revistas e campanhas.

O documentário plus size foi idealizado e produzido pelos diretores canadenses James Early O’Brien e Giovanna Morales Vargas. Assista o trailer abaixo, em inglês:

 

O que me deixou com mais vontade ainda de assistir esse filme foi uma das frases finais, da qual eu compartilho o mesmo pensamento: “é importante amar seu corpo porque você tem que viver nele. Ele deveria ser seu mundo, deveria ser seu templo, deveria ser amado e respeitado… E vestido de forma adequada!”. O que dizer?? Puro amor!

Como você pode ajudar essa causa

Os produtores do vídeo estão fazendo uma arrecadação para levantar fundos para a pós-produção do documentário plus size. Para isso, eles criaram a possibilidade de doações através do IndieGoGo. Qualquer pessoa pode doar. Compartilhar a ideia também é uma forma de ajudar, já que se você não puder doar dinheiro, pode ajudar a informação chegar a quem possa. Site para doação: https://www.indiegogo.com/projects/a-perfect-14

 

Para finalizar o post com orgulho plus size, apenas essa foto ÓTIMA!

 

 

Curtiu o post? Então ajuda a espalhar esse projeto e vamos fazer barulho!!!!

 

HUÁ HUÁ

BJÓN

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