Olá queridas, não tenho como ser polida, educada, simpática, sensata ou qualquer outra coisa… Porque o que apenas consegui pensar e dizer foi “MAS QUE PORRA É ESSA?!?!” quando li a carta editorial da Mônica Salgado, a última de 2015 e que encerra o ano da revista Glamour. Me desculpe, mas faltou GLAMOUR na minha reação… E com razão! Eu não quero corroborar com a ideia insana de uma ex-gorda, que decidiu por desejo pessoal emagrecer, que toda gorda é, ou deve ser, infeliz. Ok, todo mundo tem uma opinião, inclusive as repórteres, e acho que todo mundo tem que buscar felicidade, mas uma revista apoiar um discurso que OFENDE e OPRIME a liberdade corporal da mulher é GRAVÍSSIMO. Também não acho que o “politicamente correto” é errado ou chato, principalmente quando ele significa RESPEITAR o próximo.
“Ei, não é OK ser gorda. Não é possível se sentir bem com obesidade. Falo com propriedade: fui obesa infantil e vivi o efeito sanfona por 15 anos, até fazer cirurgia bariátrica. Emgareci 47kg e hoje sou feliz com o meu manequim 44” Kariny Grativol, produtora-executova da Revista Glamour
E vem cá, que merda é essa de dizer como as pessoas devem ou não viver? Que porra é essa de dizer o que é “OK” eu fazer da minha vida e o que não é? O quão legal, incrível e tão melhor que a minha é a vida dessas pessoas da redação pra dizer como EU devo lidar com as decisões sobre O MEU corpo e as consequências que isso terá para a MINHA vida?
Vou dizer o que não é OK: não é bom, não é saudável, não é educado e não é legal uma revista de circulação nacional apoiar – mesmo que indiretamente – discursos de ódio. Apoiar a opinião pessoal de uma repórter que afirma que ser gordo não é legal APENAS E UNICAMENTE aumenta o ódio e a gordofobia.
Vou te contar uma coisa Monica Salgado, a opinião da sua repórter não vai fazer eu entrar em um regime e também não vai fazer com que eu acorde mais magra amanhã. Mas INFELIZMENTE ela pode fazer com que uma série de leitoras da revista passem a me olhar com cara feia, nojo, pena ou que passem a se sentir no direito de julgar meu corpo só porque eu sou gorda – direito que NINGUÉM tem, aliás. Para mim, tudo bem, eu já aprendi a lidar com o meu corpo, a amá-lo e aceitá-lo, mas e para as meninas que ainda estão trabalhando a autoestima? E para as que sofrem bullying no colégio?
Falar que não é legal ser gorda não faz diminuir as doenças decorrentes da obesidade, apenas faz com que aumentem as consequências psicológicas da opressão corporal em quem é gorda.
Agora me diz, cara diretora de redação: A REVISTA GLAMOUR NÃO É FEITA PARA MULHERES? Por que então você está tentado tanto OPRIMIR a mulher com esse discursinho barato e cheio de chorume? Por que você não LUTA PELA mulher, pela sua liberdade e pelo seu bem estar em vez de tentar colocar todo mundo na mesma caixinha da infelicidade e preconceitos?!
Olha só, não é porque eu sou gorda (e talvez eu só entenda isso porque eu sou gorda) que eu tenho que pensar e me sentir como todas as outras gordas. Sem contar que essa repórter sofreu por ser gorda e viveu no efeito sanfona até fazer a cirurgia bariátrica provavelmente porque deixou ser influenciada por opiniões equivocadas sobre alimentação, regimes malucos e porque sempre sofreu pressão de discurso como esse que agora ela está reproduzindo e com o aval de um veículo de comunicação de alto alcance. Ou seja, ela se fudeu quando era gorda (como todas nós) e a agora está replicando o mesmo discurso opressor, que não ajuda e só piora a situação de qualquer gorda.
Sem contar as outras opiniões mesquinhas que eu não tenho tanta propriedade pra falar, mas sei lá, só acho que não é porque uma editora é super workaholic que isso desmerece as donas de casa por opção. Eu sou workaholic e namoro, mas não acho que é o trabalho, a carreira, o casamento OU um certo tipo de corpo que faz uma mulher ser mais mulher – ou ser mais “ok” e, portanto, apresentável.
Veja, é incabível para mim que em pleno século 21, com tamanha liberdade que já conquistamos e com tanto mais que buscamos, que uma revista me diga que o MEU corpo e MINHAS decisões não são aceitáveis. Eu não preciso que essa revista me defenda, porque não sou leitora e nem o público alvo dela, mas acho que o MÍNIMO é que ela não me ataque como mulher!
E eu fico com VERGONHA que alguns amigos jornalistas tenham que se submeter à tamanha humilhação de trabalhar em uma revista tão ATRASADA, MESQUINHA e IGNORANTE.
Sim, eu estou nervosa, inconformada e chocada. Esse é um post EMOCIONAL, porque eu não tenho como ser imparcial nessa questão. Só que as pessoas e os veículos TÊM que entender o poder que tem as palavras, a influência que têm os grandes veículos e como isso gera consequências na formação do pensamento social. Gente, não dá mais pra apoiar ou fechar os olhos para o preconceito e essa maneira simplista e excludente de pensar… E uma diretora de redação deveria ter VERGONHA do pensamento horrível de pessoas que trabalham sob o seu nariz e não apoiar esse tipo de estrume verbal.
Apenas minha opinião sincera, coisa que aparentemente a Monica Salgado valoriza acima de qualquer outra coisa, né?!
BJÓN
Ju, assino embaixo de td que disse. E digo mais, há alguns anos atrás fiz uma entrevista de emprego com a Monica Salgado. Ela foi muito simpática e educada comigo por email, mas quando nos encontramos pude sentir sua decepção ao me ver. Soube imediatamente que não seria contratada, por ser gorda. Claro que o motivo real não foi revelado. Mas tudo bem, foi melhor assim. Evitei conviver com uma pessoa que, com certeza, não me agregaria nada como ser humano. Bjs.
Não aprecio mulheres obesas. Denota preguiça e desleixo. Mais do que o aspecto físico, passa por uma questão de personalidade.