Hoje eu vi de perto o circo pegar fogo. Eu presenciei uma das discussões que mais me atingem, entre pessoas que eu encontro com prazer 2 vezes por semana – e quem me conhece sabe que me ver 2 vezes na mesma semana é muito difícil e só por muito amor.
Um compartilhou ridicularizando um post contra gordofobia, os outros foram lá e deram risada. Ninguém me ofendeu diretamente, mas também ninguém teve a coragem de se levantar e me defender, defender as minas gordas que eles têm nos seus facebooks e as gordas que literalmente correm ao lado deles na vida real. As minas que eles chamam de família.
Ser conivente com uma situação de humilhação ou corroborar compartilhando e/ou dando risada de uma situação desrespeitosa é tão preconceituoso e desrespeitoso quando o foco inicial. Depois, por inbox, a maioria veio de um jeito destrambelhado pedir alguma coisa que deveria se parecer como desculpa, mas era só um jeito de tirar o corpo fora, se isentar da culpa. Publicamente ninguém quer apontar o dedo pro coleguinha e correr o risco de cortar a zoeira…
O post em questão é o da Daniela Martins: mulher, feminista, gorda e negra. Ela teve sua página de Facebook invadida por tudo quanto é gente, opinando de forma agressiva, por vezes ameaçando sua segurança, apenas por exibir seu corpo da forma que bem lhe convém. Dos famigerados “é pela saúde” e “temos que lutar contra obesidade”, passando por memes ridículos e infantis que só têm graça pra quem não tem humor inteligente, até criação de perfis fakes para ridicularizar a moça, pessoas escondidas atrás da tela de um computador destilaram ódio gratuito e compartilharam milhares de ideias preconceituosas e opressoras. Ideias que diga-se de passagem, não alteram em nada o curso de suas vidas, foi apenas pelo prazer de humilhar e agredir uma pessoa feliz. (Agora reflita: uma pessoa que quer diminuir a felicidade do outro, deve ser apenas porque não consegue encontrar a própria felicidade, né?!)
Me perguntaram minha opinião, a princípio eu disse: todas nós somos atacadas quando damos a cara a tapa, temos que resistir e não dar atenção aos haters, porque é isso que eles querem. Temos que retribuir com amor todo o ódio – assim como a Dani disse em uma entrevista, e da mesma forma que eu disse quando rolou a treta com a propaganda da TNT (relembre aqui).
Mas e quando você vê pessoas tão próximas de você, pessoas que você acha que pode contar, pessoas que até então você admirava, fazendo exatamente o que você repudia com tanto fervor?! Como se isentar da treta, quando ela praticamente te dá um tapa na cara?
E a decepção de achar que você conhece pessoas incríveis que correm ao seu lado, mas perceber que na hora de entender seu sofrimento, ninguém quer dar a cara a tapa por você APENAS para não quebrar a zoeira?! QUE DECEPÇÃO, HUMANIDADE.
Quando, há 9 anos, eu entrei na briga contra a gordofobia eu entrei por mim, mas não só por mim. Eu entrei pela Dani, por você e por tantas outras mulheres. Eu entrei para que NINGUÉM mais sentisse, como eu senti, uma verdadeira vontade de MORRER por não se encaixar nos padrões, por ser gorda, por sofrer preconceito. Eu entrei na treta para que mulheres gordas pudessem ter uma vida mais digna, que pudessem praticar esportes sem serem ridicularizadas, que pudessem namorar e postar uma foto de biquini sem medo de serem humilhadas. E mesmo depois de toda essa luta, contra mim mesma, contra a sociedade, contra o preconceito velado e público, ter que ouvir de pessoas próximas que isso é mimimi, ter que ler risadas em comentários, é TRISTE, É VERGONHOSO. Me embrulha o estômago ter que olhar de novo para a cara de pessoas que fingem estar ao meu lado, mas que não têm nem coragem de se levantar e defender um ponto de vista que não é só “politicamente correto”, é RESPEITOSO.
Eu digo para vocês: VOCÊS NÃO PRECISAM AGRADAR PESSOAS DE MERDA. Ninguém precisa mudar ou aguentar humilhação quieta por pessoas que não correm ao seu lado. Se as pessoas não estão ao seu lado quando você é atacado, elas estão contra você OU elas não dão a mínima pra você. E ninguém precisa agradar gente que não acrescenta.
E, SIM, NÃO TENHAM MEDO DE CRIAR TRETAS E INIMIZADES DEFENDENDO A DOR E A LUTA DE VOCÊS. Eu estou aqui, publicamente compartilhando uma história pessoal, comprando briga com pessoas MUITO próximas, caindo pro jogo das inimizades, porque eu NUNCA VOU DEIXAR QUE DIMINUAM O QUE EU DEFENDO. Eu nunca vou deixar que diminuam qualquer outra mulher em sua luta, em sua felicidade e em sua aceitação. E VOCÊ TAMBÉM NÃO PODE. Seja homem, mulher, magra, gorda, alta baixa, negra, branca, amarela ou o que for, NÃO DEIXE QUE NINGUÉM DIMINUA A LUTA OU A DOR DO OUTRO – e também não faça isso achando que sua dor é maior.
Isso se chama EMPATIA: a habilidade de se colocar no lugar de outra pessoa e se sentir como ela se sente. O mundo seria um lugar melhor, as pessoas seriam mais felizes e tudo funcionaria de forma mais gostosa. Isso se chama EVOLUÇÃO. Mas tem gente que faz questão de se fazer de idiota e continuar numa inércia… Pessoas fracas. SEJA FORTE! LEVANTE-SE. Não fique omissa diante de uma situação que humilha, magoa ou violenta outra pessoa, porque NINGUÉM merece ser criticado por qualquer que seja sua situação, da mesma forma como você não gosta de ser criticado.
Deixei um recado para a Dani, dizendo que meus olhos brilham cada vez que vejo uma postagem dela. Não para puxar saco, mas porque apesar de não conhecê-la A SUA LUTA É A MINHA LUTA: É UMA LUTA POR RESPEITO E NÃO POR PADRÕES FÍSICOS. E não interessa como tá a saúde dela, a conta bancária dela ou as louças na pia dela: ELA MERECE RESPEITO. E PONTO.
Escrevi muito, falei demais. Mas é um post pessoal de desabafo porque mesmo eu lutando contra isso todo dia é uma merda ter que aguentar a ignorância das pessoas mais próximas e eu sei que vocês também passam por isso. Eu sou a rebelde em todo lugar que vou. Meu pai me apelidou de LÍNGUA DE TRAPO quando eu ainda era criança. Mas isso nunca fez de mim uma pessoa ruim, pelo contrário, foi DEFENDENDO A MINHA LUTA QUE EU AJUDEI TANTAS MULHERES. Você também DEVE fazer isso, por você e pelas outras.
Por hoje é só, gente. To chateada, mas não vamos abaixar a cabeça.
Quando chegou um e-mail da Playboy, eu dei risada… Não dei risada pelo convite em si, mas porque eu não me vejo – e nunca me vi – como uma mulher sensual e sair assim era impensável para mim. Por acaso, na hora que abri o e-mail estava conversando com a Marcinha, minha amiga de faculdade que também trabalha comigo aqui no blog.
A Marcinha é gordinha, ela não é plus size, mas tem barriguinha, coxas grossas, bracinho gordo, formas arredondadas e já lutou muito contra a balança. Contei pra ela o motivo do riso e ela ficou séria. “Não sei por que você achou graça, Ju. Eu fico pensando que se eu tivesse visto uma representação da gorda como uma mulher sexy, em revistas ou em seriados, talvez eu tivesse tido menos problemas com o meu corpo, talvez eu tivesse me sentido mais sensual e mais confiante na hora do sexo, na hora de tirar a roupa e até na frente do espelho…”
A Marcinha me fez repensar. Eu luto há mais de 9 anos para que a mulher não precise da aprovação de ninguém, eu sou feminista a ponto de saber que eu não preciso ser NADA para agradar a homem nenhum, mas eu também luto para que a sociedade olhe a mulher gorda como uma mulher normal, que as pessoas encarem uma mulher gorda da mesma forma que encaram uma mulher magra e um dos meios para conquistar isso se chama REPRESENTATIVIDADE.
É colocar a gorda em revistas, em seriados, em filmes… E não só como a gorda coitadinha ou alívio cômico, é colocar a gorda como uma mulher empoderada, bem sucedida, amada, desejada, confiante e de forma positiva, provando que a gorda não tem que se esconder e que faz parte sim da sociedade, como qualquer outra mulher com qualquer outro formato de corpo.
Pois bem, a edição é toda voltada para internet e a seção se chama MQA: Mulheres Que Amamos, uma seção de entrevista onde os editores da revista chamam mulheres que eles consideram inteligentes, bonitas, sensuais e que têm muito mais que um corpo para oferecer ao mundo, é uma seção de entrevista que apesar das fotos de lingerie, fala sobre o meu trabalho e um pouco também da minha vida pessoal. Achei a seção legal, me senti honrada de ter sido chamada para fazer parte de uma matéria que vai além do corpo gordo.
Mas ainda fiquei preocupada: “eu não sei ser sexy no estilo Playboy” desabafei com a repórter que fez a minha entrevista. Ela me falou, “Ju, queremos que você seja você mesma, com a maior naturalidade possível, como se você estivesse em casa mesmo, do jeito que você fica. Você pode não se ver sexy, mas existem vários tipos de sensualidade que vão além daquelas fotos fazendo caras e bocas…“
No final das contas, nem precisei encarnar uma personagem. Não precisei fazer “a mulher que quer conquistar um homem”, eu apenas estava lá de boas sendo eu mesma. Tiramos algumas fotos do meu celular (pra eu mostrar pra minha mãe e ela não ter um ataque do coração como foi quando eu sai na capa da Elle hua hua hua) e para todas as meninas que mostrei a foto a reação foi a mesma: CARACA QUE LINDA, QUE FODA, AMEI, VAI TER UMA GORDA NA PLAYBOY… Nenhuma se sentiu ofendida, pelo contrário: elas acharam muito legal mostrar que a sensualidade não está só em ter uma calça 36 ou ter peitão (duas coisas que eu definitivamente não tenho) e um corpo fora dos padrões pode ser tão desejado e enaltecido quanto tantos outros.
E quando me mandaram as fotos finais, com quase nada de Photoshop, com as minhas gordurinhas marcando a lingerie, com as minhas celulites aparecendo, eu olhei e pensei: caraca, talvez eu seja sexy e eu só não consiga me enxergar desse jeito porque aprendi desde sempre que eu tinha outras qualidades incríveis, mas que ser sensual não poderia ser uma delas ja que meu corpo não é padrão.
Eu ainda só posso mostrar uma foto que tiramos no dia, porque a revista vai pras bancas dia 25 de outubro, mas vou colocar um comparativo da foto que tirei com o celular e da que tiraram com a câmera profissional pra vocês verem que foi super fiel ao meu corpo e à minha cara, coisa que achei importantíssimo já que o objetivo é mesmo mostrar que a gente pode ser sensual, SIM, do jeitinho que é ♥
♥ Pela primeira vez vai ter uma GORDA na Playboy – com gordurinhas e celulite \o/ ♥
Na foto do ensaio:
Na foto que tiramos do meu celular, sem filtro nem correção de luz:
Enfim, fiquei orgulhosa de ter sido a primeira gorda a sair na Playboy, fiquei feliz de descobrir um lado meu que eu achava que nem existia e fiquei AINDA mais feliz de poder representar todas as gordas que também não se sentem sexy por algum motivo.
Essas fotos são pra vocês meninas, para que vocês nunca duvidem de si mesmas, para que vocês acreditem que podem ser lindas e maravilhosas com o corpo que tiverem.
Espero que vocês gostem e como disse a Marcinha depois de ver o resultado das fotos: “Essa vai ser a primeira Playboy que vou deixar meu marido comprar porque EU quero ver!” hua hua hua
Até sair a revista (25/10) vou vendo se consigo soltar mais spoilers hehehe Mas me contem o que acharam aqui nos comentários!
Olá queridas! Me mudei da casa dos meus pais esse ano, para morar sozinha-sozinha, tipo sem nenhuma amiga ou namorado… Só eu, eu mesma e Ju Romano. Aí que percebi que existem alguns medos REAIS em morar sozinha. Eu achei que ia me sentir cada dia mais adulta, sabe? Mas a verdade é que em alguns momentos eu me sinto exatamente como o Kevin McCallister, em Esqueceram de Mim, fazendo travessuras e falando sozinha para espantar algum inconveniente.
Sem contar que alguns desses medos reais eu nem sequer achei que faziam algum sentido… Algumas coisas você nunca achou que fossem te assustar de verdade e que eram só neurose de mãe, ou outras você só descobre passando pela experiência de estar sozinha à noite, no escuro, no silêncio… Bom, já deu pra imaginar, né!? hua hua hua
Então olha aí minha listinha – que diga-se de passagem, cresce todos os dias – e depois me conta quais são os seus! Ahhhh!!! Se não carregarem os GIFS espera um pouquinho, porque tudo fica mais engraçado com eles huahuahua 😉
♥ 15 medo REAIS de morar sozinha ♥
1. Perder o celular pela casa
E aí você tem que instalar um telefone fixo, só para poder achar o celular…
2. Chegar ao último rolo de papel higiênico
Medo real do constrangimento de ligar pro papai vir aqui com a chave extra e me trazer um rolinho…
3. Descobrir um inseto enorme na cozinha
Sai da frenteeeee, tem um MONSTRO NA COZINHA!!!!
4. Apagar as luzes antes de dormir (principalmente depois de assistir um filme de suspense/terror)
E só a gente sabe o alívio que é chegar ao quarto \o/
5. Abrir a última garrafa de coca cola
Me sinto a última pessoa na face da Terra, abandonada no altar, sem ter o que vestir… Volta pra mim, Coca!
6. Ter no mínimo 8 contas fixas (celular, água, luz, gás, internet, TV a cabo, telefone, condomínio) e o medo de não conseguir pagar no final do mês
Alegria #SQN
7. Esquecer as roupas molhadas dentro da máquina de lavar – e encontrar depois com aquele cheiro de mofo
Aí tem que lavar tudo de novo, de preferência com um amaciante bem cheiroso…
8. Botar fogo na casa tentando assar uma torta
Ou fazer torradas, ou fritar um ovo… Basicamente qualquer coisa que envolva comida e calor!
9. Escorregar e cair no chão molhado e não ter pra quem pedir ajuda
(por isso sempre lavo o chão com o celular por perto)
10. Esquecer as janelas abertas antes de sair – e correr o risco de chegar com a casa alagada caso chova
Tenho uma poltrona inflável que comprei já pensando em usar como bote salva vidas…
11. Ralos entupidos
Nem sei o que dizer sobre isso…
12. Comer comidas estragadas que você podia jurar que ainda estavam boas
Espero que ainda tenha papel higiênico no banheiro…
13. Engasgar sozinha em casa
ME-DO
14. Colocar uma coisa no lugar e voltar e ela estar fora
Se não fui eu quem mexeu de lugar, QUEM FOI?!!?!?!
15. Ouvir barulhos da cozinha quando você já está deitada
A eterna dúvida: checar o que é ou se esconder bem quietinha embaixo do edredom!??!
Bom, quem nunca teve nenhum desses medos reais, que atire a primeira pedra, né non?! Mas me conta aqui nos comentários quais são os SEUS medos reais se você já mora ou morou sozinha, ou quais são os medos reais se você ainda não mudou!
Olá queridas! Não sei se já compartilhei aqui, mas eu adoro um livro, nada exatamente intelectual, porque eu gosto de ler mesmo no meu tempo livre, como hobbie e não necessariamente como evolução de conhecimento hahaha. Meus favoritos são os romances de época, alguns romances mais picantes, poesias e… LIVROS INTERATIVOS!
“Tá bom, Ju, mas o que raios são livros interativos?”, você me pergunta. Quando eu era criança e pegava livro na biblioteca, era praticamente um CRIME escrever qualquer coisa nos livros – o que não impedia os piadistas infames, infelizmente. Mas hoje existem livros que foram feitos especificamente para você RABISCAR, DESENHAR E ESCREVER NAS PÁGINAS. Nem sei o que dizer desse momento de glória na literatura da minha estante. hua hua hua
Eu tenho 3 desses maravilhosos livros interativos e se você é do tipo que curte um livro, ou do tipo que adorava escrever diários e até se curte registrar momentos, você provavelmente também vai amar essas belezuras. Então anota aí a listinha do amor ♥
♥ 3 livros interativos para deixar seus dias mais divertidos♥
♥ Livro do Bem 2 – Ariane Freitas e Jessica Grecco
(o 1 também é incrível, mas eu só tenho o 2)
Livro que saiu da bem sucedida página Indiretas do Bem, é o segundo da saga e mais voltado para assuntos ligados a viagens e o mundo exterior – sempre relacionado com o que a gente está sentindo, claro. Com ilustras lindas e frases inspiradoras, o livro interativo convida a leitora a pegar carona na criatividade das autoras e compartilhar nessas páginas detalhes inesquecíveis, músicas, sonhos, recados, aspirações e até detalhes práticos como a lista de coisas pra levar na mala. Fofo, inspirador e útil!
♥ As coisas mais legais do mundo – Karol Pinheiro
A Karol é uma fofa, que mantém o blog Karol Pinheiro. De tanta fofura, Karol selecionou 100 textos inéditos e pessoais sobre amores, aventuras, medos, sonhos e coisas do dia a dia para escrever esse livro onde ela praticamente conversa com quem está lendo. Além de sacadas incríveis sobre a vida, o livro interativo é uma dose diária de inspiração e incentivo para que a gente realize tudo que deseja. Ao final de cada página de texto é a vez de quem está lendo refletir e escrever sobre o tema. Legal para conhecer mais da Karol e também para se conhecer melhor junto com ela.
♥ 1 página de cada vez – Adam J. Kurtz
Com mais humor e ironia, a proposta desse é fazer com que você dê uma risadinha com coisas do dia a dia – e ele oferece justamente 365 quaisquer coisas. Esse livro interativo pode ser encarado como um passatempo mesmo, pra aqueles momentos em que você precisa relaxar e desviar o pensamento do que quer que esteja te agoniando. Todas as páginas exigem um tipo de interação diferente e sugerem ações tanto na vida real, quanto nas redes sociais. Para ver algumas interações, clique na hashtag #1pagina, por exemplo.
Bom, gatonas, apesar de livros interativos, os 3 são bem diferentes um do outro. Vale a pena dar uma folheada na livraria mais próxima! Espero que vocês tenham curtido as recomendações e me contem se vocês têm outras aqui nos comentários!
Olá queridas, antes de escrever o meu roteiro da China e do Myanmar (de onde acabei de voltar) resolvi escrever esse post com algumas coisas que ainda provam que a gente infelizmente tem que viver em uma sociedade gordofóbica pra caramba, porque passei por algumas situações nessa viagem que me fizeram lembrar – e muito! – como é FODA ser gorda em um mundo pensado pra magros.
Vou dar só um exemplo, mas aconteceram em vários momentos e acontece todos os dias com todas as gordas do mundo. Meu exemplo rolou no começo da viagem, logo no primeiro avião. Sempre ouvi dizer que a Emirates é a melhor companhia aérea e blá blá blá. O que eu estava esperando disso? Uma classe econômica com um assento confortável, espaçoso e decente para um vôo que ia durar 14 (CATORZE) horas. Pois bem, sentei e claramente meu quadril era maior que o espaço entre os dois braços da poltrona. O que a Ju de anos atrás faria? Ficaria extremamente envergonhada e sentindo-se culpada por não me encaixar na cadeira MINÚSCULA (sério, gente, não tinha nem 70cm de assento aquela merda). Mas hoje eu tenho outra visão, acho que as empresas têm obrigação de serem inclusivas, então a vergonha não é minha, é deles. Bom, vi que um comissário de bordo que falava português estava perto e falei para a minha irmã em alto e bom tom: “Bom, eu não vou usar cinto, porque eu apenas não caibo nessa cadeira…”. O comissário super simpático, solícito e discreto, prontamente achou um outro assento duplo que estava vago e perguntou delicadamente se minha irmã não gostaria de se mudar para lá para que ambas ficássemos confortáveis durante o vôo.
OK, o problema foi resolvido, mas fiquei pensando em outras pessoas grandes que não têm autoconfiança ainda e realmente se sentem envergonhadas a ponto de ficarem quietas e desconfortáveis durante 14 horas de vôo. Aí além de chegarem ao destino toda quebradas, ainda chegam sentindo-se inferiores por conta de uma porcaria de um assento minúsculo que não é confortável nem pra quem é magro.
Bom, desabafo feito, montei uma lista de coisas que ainda representam nossa sociedade gordofóbica e estão no meu livro negro de “KIRIDINHAS, APENAS MELHOREM!”
Cadeira de avião
O problema: como descrito acima, são feitas para adultos com corpo de criança e quase deixam o sangue circular na sua perna.
A solução: poltronas maiores em todo o avião ou em algumas fileiras específicas, JURO que não é tão difícil. Esses dias peguei uma ponte aérea Rio-SP e as 7 primeiras fileiras eram de poltronas que apelidei carinhosamente de “cadeira de gordo”, já que eram mais largas e com espaço maior de perna. Se não me engano não tinha que pagar extra, era só escolher as cadeiras da frente no check-in.
Um sonho: entrar nas cabines maiores, sem olhares de reprovação…
2. Cabine de banheiro público
O problema: ou você abre a porta, ou você entra. E quando você entra, não consegue fechar a porta… Porque a cabine é tão mal feita que a porta quase encosta no vaso sanitário.
Sério, tem coisa mais irritante do que estar apertada pra fazer xixi e ter que entrar e sair da cabine umas 3 vezes até descobrir uma posição que você consiga se espremer contra a parede com sua bolsa e o casaco e ainda assim consiga fechar a porta, sem ter que subir em cima da privada? Não, não tem.
A solução: fazer cabines mais compridas, pelo menos. Como solução imediata, bastaria deixar a cabine específica para deficientes (que também deveria ter em todos os banheiros, aliás) sem o adesivo. Já que elas são mais espaçosas, as gordas poderiam usar numa boa, sem receberem olhares de reprovação como se estivessem fazendo alguma coisa errada. Ou, como é na Ásia, em vez da privada tradicional, poderia ser a privadinha no chão, que apesar de parecer horrível, achei muito mais higiênica na questão “não corre risco de encostar” hahaha.
3. Catraca de ônibus
O problema: é humilhante AND dolorido ter que se espremer pra conseguir passar entre aquele espaço pequeno, com gente te pressionando e ainda fazendo cara feia porque você está demorando pra passar. Vale dizer que a catraca não é pequena só pra quem é gorda, a catraca é apertada pra QUALQUER pessoa que seja um pouquinho maior.
BÔNUS: tudo ainda fica pior se você estiver voltando do trabalho no frio, com sacolas e casacos.
A solução: catracas mais largas, óbvio! Eu sei que todo mínimo espaço está sendo aproveitado para colocar bancos, mas já que nunca os bancos são suficientes para toda a galera que pega ônibus, então não custava nada tirar um – aquele que divide o corredor com a catraca – para aumentar a largura do espaço de entrada.
4. Assento de metrô com divisória
O problema: nádegas doloridas e com uma marca ao chegar em casa, porque você não coube em apenas um espaço pré-dividido e teve que ocupar um assento e meio, ficando com a divisória bem no meio da sua nádega esquerda.
Não sei nem quem foi o infeliz que achou interessante pré dividir um banco, talvez imaginando que isso daria alguma noção de espaço pessoal no transporte público, mas a questão é que além de não servir pra nada, ainda humilha pessoas maiores.
A solução: que tal fazerem bancos sem divisórias? Um banco liso não mata ninguém, dessa forma as pessoas podem se encaixar nos espaços que precisarem.
5. Provador de loja
O problema: mal cabe você pelada lá dentro, imagine sua bolsa, suas compras anteriores, você abrindo os braços, tirando e colocando calças… E quando tem cortinas, sua bunda fica empurrando elas para fora…
Não sei se é porque além de ser gorda, sou claustrofóbica, mas provadores de lojas já me dão um desespero só de saber que eu vou ficar enclausurada em um cubículo cujas laterais quase encostam nos meus braços.
A solução: provedores com cabines maiores, se não forem todas, pelo menos algumas – e que não sejam apenas para deficientes físicos. Minha solução imediata é ficar com a porta do provador aberta pra não ter falta de ar, mas isso não resolve as laterais pequenas do provador, só me ajuda a não ter uma crise claustrofóbica mesmo.
6. Espelhos que emagrecem no provador
O problema: isso prova que nossa sociedade é tão gordofóbica, que precisa te passar sua imagem mais magra para que você se sinta mais tentada a comprar uma roupa. O pior? Algumas pessoas ainda gostam.
A solução: nem espelhos que engordem, nem espelhos que emagreçam… Apenas espelhos que reflitam a realidade, pode ser?
7. Cadeiras com braço
O problema: raramente os braços têm um bom espaço entre si, de forma que é só ter um quadril um pouco mais largo que as cadeiras com braços já ficam meio apertadas.
A solução: assentos mais largos, com braços mais distantes ou braços mais altos, sem fechar na lateral da perna – sabe aqueles vazados embaixo?! Não é preciso que TODAS as cadeiras do mercado sejam assim, mas que pelo menos existam opções pra quem é gorda e quer conforto, né!?!? Até a indústria de móveis é um tanto gordofóbica, minha gente… Num tá fácil!
8. Marcas plus size que só fazem até o 50
O problema: se até uma marca especializada em roupas pra gordas acha que existe um “limite aceitável” pra ser gorda, me diz como se sente a mulher que quer se vestir bem e está acima desse limite?!
A solução: fia, se você se propõe a fazer roupa pra gorda, faça direito com uma grade abrangente… Caso contrário tire o plus size do nome da marca e fique quietinha com a numeração pequena.
9. O próprio título plus size
O problema: quando a gente fala que alguma coisa é plus size a gente está segmentando aquilo, ou seja, está dizendo que aquele segmento não faz parte da maioria, não é o “comum” nem o “normal”. Quando a gente fala que uma marca é plus size, a gente está dizendo que a mulher gorda não faz parte da moda “tradicional” e, portanto, precisa de um segmento só seu.
A solução: que as marcas aumentem a grade no geral e que tanto a numeração 36, quanto a 60 sejam parte da numeração “normal”, mas que não precise de um nome para isso.
10. Sapatos para pés finos/pequenos
O problema: SÓ tem sapato para pé fino ou no máximo um mediano. Aparentemente a indústria de calçados ignora com fervor a existência de mulheres com pés grandes, largos e/ou altos.
A solução: aumentar a numeração é o básico, já que mulheres altas têm pés grandes normalmente, independentemente de serem gordas ou magras. Agora quanto aos pés largos e/ou altos, custava fazer alguns modelos de botas e sapatos maiores?! Custava fazer umas tiras de sandália com elástico? Custava fazer uns solados mais largos?!? Umas pernas de botas para batatas largas?! A gente até acha algumas, mas com MUITA procura, quase uma caça eu diria…
11. Cadeiras que aguentam só até 100 kg
O problema: a maioria das cadeiras no mercado de design só aguenta até 100kg, depois disso as pernas começam a ceder, as juntas ficam moles, o encosto vai se separando do assento e existe um grande risco de acidente. Agora me diz, como faz?! conheço homens grandes que não são gordos e pesam mais que isso (são bem musculosos inclusive). Ou seja, as cadeiras são uma porcaria em questão de qualidade de material, mas se a gorda quebra a culpa e a vergonha são dela?!
A solução: industria de móveis, apenas melhore! As cadeiras não têm que aguentar o mínimo, elas têm que ser bens duráveis, que suportem com segurança qualquer tipo de pessoa. De nada adianta fabricar cadeiras bonitas se elas não servem pra metade da população. Materiais melhores com design desejável, please!
12. Corredores e portas de aptos pequenos
O problema: a população está cada vez mais gorda e os apartamentos novos cada vez menores, mas mesmo os que não são menores também apresentam um detalhe bizarro: as portas novas são menores que as antigas. Enquanto uma porta tinha em média 80cm de largura, as novas no interno do apartamento têm 70cm. Pode ser que elas tenham diminuído com o objetivo de aumentar o espaço interno de uso, mas a verdade é que as pessoas gordas foram absolutamente ignoradas nesses casos.
A solução: apenas voltem com portas maiores e, arquitetos e engenheiros, prestem atenção para ver se seu projeto é acessível. Porque sinceramente, se eu que visto 50 não paro de bater os braços nas maçanetas, imagine uma gorda maior ou uma cadeirante tentando passar por essas portas?!
Bom, esse é um daqueles posts que a gente faz quando está revoltada por ter passado por uma situação indesejada, mas a verdade é que a gente passa por vários momentos gordofóbicos no nosso dia e sem perceber acaba se sentindo inferiorizada ou humilhada. Por isso a gente não pode parar de lutar por locais públicos mais acessíveis e tem que manter a cabeça bem levantada quando passar por qualquer uma dessas situações. Não se sintam mal se acontecer alguma coisa dessas com vocês, vocês não estão sozinhas!
Bom, tem mais alguma situação que não coloquei aqui que você passa? Me conta nos comentários!!!
Olá queridas, há umas 2 edições do Fashion Weekend Plus Size estava na porta aguardando minha credencial quando uma pessoa maluca me abordou com um celular gravando, veio me abraçou como se a gente se conhecesse há anos e pediu pra gente gravar juntas alguma mensagem. Achei divertidíssima essa pessoa que chegou assim como um furacão e na hora e mal sabia que traria esse furacão pra minha vida e para o meu dia a dia. Foi assim que eu conheci a Mari e em poucos meses essa pessoa não só me provou que, sim, é possível fazer amizades verdadeiras depois dos 25 anos (um mito que atormenta minha vida há anos) como também é uma delícia encontrarmos amigas que passam pelos mesmos dramas que a gente na vida pessoal e na profissional.
Mari criou uma série em seu canal do YouTube (o Moda Plus Size Brasil) e eu tive a honra de ser a primeira entrevistada do Gorda Visita (uma referência ao programa do João Gordo na MTV há mileducas), onde o objetivo é Mari ir à casa de pessoas legais para descobrir mais sobre a vida delas. Enfim, Mari veio, Mari sentou no meu sofá e Mari e eu fizemos o que costumamos fazer pelo menos 3 vezes por semana: demos risada! Além de Mari trazer um lado meu que pouco conto… hehe
Queremos te convidar pra fazer parte desse momento e, quem sabe, sentar no sofá com a gente na próxima, né?! ♥
Bom, gatonas, espero que vocês tenham curtido a conversa, que tenha acrescentado alguma coisa e que nós possamos nos conhecer ao vivo mais pra frente!
Olá queridas! Depois que postei minhas fotos nas férias (veja o post AQUI) muitas leitoras lindas me contaram que não tinham coragem de usar barriga de fora e perguntaram “como usar top cropped sendo gordinha”. Bom, não tem um manual de “como usar” na minha opinião, mas considerando que eu já passei pelo momento “vergonha da barriga” e consegui superar, resolvi reunir aqui algumas dicas que eu coloquei em prática – e ainda coloco naqueles dias que bate uma vergonha.
Espero que ajude ou que pelo menos dê um pouco mais de coragem a quem tem vontade de usar!
♥ Como usar top croppedsendo gordinha ♥
NA HORA DA COMPRA
1. Primeiro, não tenha medo de ir a uma loja e provar um top cropped. Entre você e as quatro paredes do provador só tem o SEU julgamento. Então se dê uma chance de pelo menos ver como a peça fica em você.
2. Se o top cropped que você provou ficou horrível e você odiou, não desista! Eu adoro croppeds mas sempre provo uns que deixam meu corpo deformado. É normal! Ninguém fica bem em todas as modelagens de roupa. Se ele não ficou na altura desejada, procure mais e mais e mais… Uma hora você vai achar um que fique PERFEITO!
3. Se você está com medo da cara de julgamento da vendedora, supere isso! A vendedora não te conhece e não faz parte da sua vida, portanto o que ela pensa ou não de você NÃO IMPORTA MESMO! Além do mais, é ela quem vai pagar suas compras?!?
NA HORA DE ESCOLHER A COMBINAÇÃO
1. Em casa, na hora de escolher o look, pode ser o momento mais traiçoeiro do seu dia. Você está lá animadíssima com a ideia do cropped, mas acaba optando pelo mesmo look de sempre que é o “básico, porém seguro”. Miga, dê uma chance pro cropped! O dia está com sol e calor? Aproveita! Te juro que você não vai parecer deslocada por usar uma barriguinha de fora quando na verdade a vontade de todo mundo era andar pelado!
2. Se a sua dúvida é como usar o top cropped combinando, pense que, assim como qualquer blusa, o top cropped também fica legal quando combinado com a outra peça. Minha combinação favorita é “peça estampada X peça lisa” e de preferência a peça lisa combinando com alguma cor da estampa. É tiro e queda!
3. Não é uma regra, ok? Mas eu sempre acho mais bonito e elegante usar o cropped com uma parte de baixo de cintura bem alta. Shorts mais larguinhos, saias sequinhas ou rodadas são opções incríveis. A calça jeans pode ser uma peça mais desafiadora para quem não curte que a gordurinha de baixo fique marcada e aparente, então se quiser disfarçar, experimente uma camisa amarrada ou cardigan. Não deixa que a barriguinha fique marcada no jeans e, de quebra, você ainda fica com um look mais descolado. Eu AMO as camisas jeans amarradas.
4. A parte de baixo normalmente cobre o umbigo, o que é natural já que teoricamente ela deve ficar na sua cintura! Escolha peças com cintura realmente altas. Minhas favoritas são saias de elástico e calças jeans.
5. Teoricamente, o espaço “ideal” entre o top cropped e a parte de baixo é um palmo de barriga à mostra. Mas já vou avisando: CADA CORPO É UM CORPO. Eu por exemplo, tenho tronco curto, então minha cintura é bem alta, tão alta que para deixar um palmo de barriga à mostra com a cintura alta, só se eu ficar de sutiã!!! Então, não se deixe levar pelas regrinhas. Mais vale você gostar do look no SEU corpo! Achou que aquele pedacinho de pele já está legal? Vai nessa!
NA HORA DE SAIR COM O CROPPED
1.Não espere que o top cropped fique no seu corpo da mesma maneira que fica no meu ou na da modelo da loja. O seu corpo é SEU e é único e diferente de qualquer outro. Mas isso não quer dizer DE FORMA ALGUMA que vai ficar feio!!! Ele pode ficar tão lindo quanto em qualquer outra pessoa. Sinta-se linda dentro dele que COM CERTEZA as pessoas notarão que você está linda mesmo.
2. Se o que te amedronta é a pele à mostra na rua, comece com um top cropped mais compridinho, que deixe só um pedacinho da barriga à mostra. Quando você se acostumar com esse, parta para um mais curto.
3. Se você tem medo do que as outras pessoas possam pensar do seu look com barriga de fora, amor, esquece! De verdade, as pessoas SEMPRE terão uma opinião a seu respeito e você não tem controle sobre o que está dentro da cabeça dos outros. A única coisa que você tem controle é o que está dentro da sua e como você vai fazer para se respeitar e se deixar ser feliz.Então, esqueça o que você não pode controlar e tome controle da sua vida e das suas vontades!!! O máximo que vai acontecer é alguém olhar com cara feia, mas até aí, que diferença essa pessoa faz na sua vida? E, vamos lá, você vai deixar a opinião de uma pessoa mesquinha assim afetar as suas vontades?!
4. Ainda não te convenci? Então pensa assim: se eu uso e tantas outras meninas usam e nada de bizarro acontece com a gente depois disso, por que aconteceria com você? Se eu, que não sou melhor nem pior que você, posso usar um cropped, acredite: VOCÊ PODE!
Bom, gatonas esse são os truques que eu uso quando fico insegura e espero de coração que ajude vocês a superarem o medo e usarem o que tiverem vontade!!! Ficou alguma dúvida? Alguma insegurança? Deixa aqui nos comentários!!!
OMG! O que são as capas da ELLE de dezembro? Em maio, quando saiu uma capa digital sem Photoshop, com uma gorda mostrando suas dobras na maior revista de moda do mundo eu achei que tinha sido o maior passo das revistas femininas que veríamos esse ano. Um especial de diversidade, com mais de 8 páginas para contar como é estar na pele de quem não se encaixa nos padrões é realmente um grito de liberdade e, acima de tudo, uma das batalhas feministas vencida – e foi abraçado e aclamado nos 4 cantos do mundo. Uma coisa ainda me deixou com a pulga atrás da orelha: embora tenha sido incrível, será que esse posicionamento terá continuidade ou foi apenas mais um “especial”? Não me leve a mal, mas estamos acostumadas a ver veículos bipolares a rodo, ora defendendo diversidade, ora fazendo comentários gordofóbicos…
No mês seguinte, a edição de junho não sótinha a plus size Isabella Trad em um editorial, como tinham mais outras mulheres que não são modelos e não se encaixam nos padrões estampando a capa e as páginas de recheio. Fiquei orgulhosa. Mas confesso que não fui acompanhando mês a mês… Até que esse mês, o último do ano, eu percebi: a ELLE de dezembro realmente ZEROU O JOGO das revistas femiNINAS e começou o novo caminho das revistas femiNISTAS. Aquelas que não têm a função de OPRIMIR a mulher, mas sim as que LUTAM por ela e ao lado dela.
A briga não é por um tipo corpo ou por outro, a luta é para que cada mulher POSSA DECIDIR SOBRE O SEU PRÓPRIO CORPO e seja a única a fazer isso. A ELLE de dezembro fez o que as revistas deveriam fazer há anos: ela vestiu a camisa das mulheres e montou um time de jornalistas e pensadoras FODAS (com o perdão da palavra e no maior bom sentido) para lançar um MANIFESTO FEMINISTA.
Chuiquérrimo, com conteúdo inteligente e que faz cada leitora CRESCER intelectualmente. Porque é ÓBVIO que uma revista de moda fala de moda, mas também deveria ser ÓBVIO que dentro desse discurso deve existir o da valorização da mulher, do empoderamento, da liberdade, entre tantos outros que buscam o respeito e igualdade da mulher na sociedade.
Sinceramente, desde que eu me dou por gente eu leio revistas, mas pela primeira vez eu senti que uma revista era PARA a mulher. Esse ano eu fui surpreendida. Olha, apenas estou orgulhosa e escrevendo com os pés, porque estou aplaudindo com as mãos. ♥
♥ ELLE de dezembro e o Manifesto Feminista:por um corpo seu, que seja realmente seu♥
Embora a temática das capas tenha mais a ver com violência sobre a mulher e não especificamente sobre a diversidade corporal, não se sinta de fora. Se por UM segundo você não se sentiu representada, pode começar a se sentir, porque esse manifesto feminista não privilegia um tipo de corpo ou outro. Ao defender que o corpo da mulher é dela e que cabe APENAS a ela as decisões sobre ele, automaticamente esse manifesto diz que o seu corpo, no tamanho que ele for, com a numeração que tiver, pode vestir, fazer e ser o que VOCÊ quiser.
É o que eu sempre digo,tudo tem que começar de algum lugar, mas se tivermos que entrar na briga, que tenhamos um aliado forte ao nosso lado, não é? 😉
Pessoalmente, eu AMO as convidadas especiais que escreveram para essa edição. Acho que são mulheres muito incríveis que dão a cara a tapa para defender outras mulheres e MERECEM ser ouvidas. Nada melhor que uma gigante da moda para apoiar, não é mesmo?
E francamente, acho que em vez de ficar achando defeitos nas ideias inovadoras a gente tem MESMO que apoiar, para ver se todas as outras revistas se tocam e abandonam o pensamento mesquinho e opressor de sempre. Erro sempre tem, mas é PRECISO apoiar as ideias que fazem o bem e elevam as discussões saudáveis!
Me contem: o que vocês acharam das capas? Qual é a sua favorita? Já foi pras bancas apoiar e ver de perto? ME CONTA TUDO! Ah! E compartilhe essas capas com as suas amigas, quando uma mulher dá apoio e incentivo a outra mulher, coisas incríveis acontecem!
Olá queridas, antes que você comece a ler o texto, deixo bem claro que meu objetivo NÃO é fazer com que você desista do seu sonho de ser modelo plus size, nem te desmotivar na vida. A questão é que eu tenho visto muita, muita mesmo, menina querendo se tornar modelo plus size, mas a maioria (não todas!) nem sabe do que se trata a profissão direito ou acredita que a profissão é só coisa boa, glamour e paparicação. Pois bem, eu NÃO sou modelo plus size, mas convivo com muitas modelos plus size há mais de 7 anos, então resolvi reunir aqui algumas coisas sobre a profissão que ninguém conta para uma mulher que quer ser modelo – e ela acaba passando por essas desagradáveis surpresas.
Eu poderia ser BEM dura e dizer: se você está na dúvida se você pode ou não ser modelo plus size, então provavelmente você não pode, porque nessa profissão não tem muito espaço pra dúvidas e inseguranças. Mas para você entender por que eu digo isso, eu vou explicar em 19 itens para o que você tem que estar PRE-PA-RA-DA antes mesmo de ir procurar uma agência, OK?!
♥ 19 verdades cruéis que ninguém conta para quem quer ser modelo plus size ♥
1. Não existe um casting amanhã e você não precisa mandar as fotos hoje
Essa é a desculpa mais antiga das agências de modelo (magras ou gordas). Com o objetivo de pressionar a aspirante à modelo que ainda está em dúvida, a agência liga dizendo que tem uma seleção para um job muito grande e que vai pagar bem, mas que para você participar é necessário pagar a taxa da agência e fazer o book profissional “ATÉ AMANHÔ (ou alguma data muito próxima) e aí vem o segundo golpe…
2. As fotos de um book profissional não precisam seguir o padrão da agência
A taxa de agenciamento pode até ser baixa, mas a agência vai dar um jeito de tirar mais dinheiro da aspirante a modelo plus size cobrando em outra coisa como o book, por exemplo. Eles fingem que não se importam se você fizer em outro lugar, mas tentam te coagir com frases como: “a senhora pode até fazer com um fotógrafo, mas as fotos têm que ter um padrão profissional que a gente garante aqui, sabe, para você ter mais chances e blá blá blá”, e inventam qualquer desculpa para você acreditar que as fotos que eles farão na agência (e te cobrarão 3X o preço real) é realmente melhor do que a que a sua amiga fotógrafa vai ter fazer por um precinho camarada. E para ser sincera, algumas fotos mais bem tiradas, mesmo que não sejam a coisa mais profissional do mundo, já são o suficiente para a marca ver se quer você ou não em uma campanha, concorda?
3. As agências sérias não saem por aí fazendo casting no Facebook
Embora você ache as selfies no espelho do banheiro e as fotos da balada muito incríveis, uma agência séria não sai atirando para todos os lados nas redes sociais (até mesmo porque é super difícil encontrar uma Fluvia Lacerda no meio de tantos perfis). Pode até acontecer, é claro, mas desconfie ao menor sinal de malandragem e confie nos seus instintos.
4. Não é porque você é bonita que vai funcionar como modelo
Eu sou contra e acho péssimo, mas infelizmente o mercado de modelos (mesmo o de modelos plus size) ainda tem um padrão. Eu, por exemplo, não sou modelo. O mercado pode até contar com diversidade em cor de pele e textura de cabelo, mas, seja como for, todas as modelos têm que ter o corpo proporcional, no formato de ampulheta, sem flacidez, com pouca celulite e, de preferência, com mais de 1,67m de altura. O mercado plus size também considera a modelo um cabide e aparentemente esse é o tipo de corpo que mais se encaixa nas roupas que são produzidas. É claro que eu, que defendo a beleza em todas suas formas, acho um absurdo e por isso que eu fico tão revoltada, mas a verdade é dura e o mercado é assim mesmo. Então, claro que vale lutar pelo seu lugar, porque toda regra tem exceção, mas saiba que AINDA existe um padrão no mercado de modelo plus size e você vai ter que enfrentá-lo.
5. Não é porque você gosta de tirar selfie que você tem aptidão pra fotos profissionais
Eu já disse aqui no blog algumas vezes que ser modelo plus size é uma profissão e que como qualquer outra profissão exige aptidão e uma série de características para ser exercida. Não é só tirar fotos! Você tem que ser pontual, amável, paciente, simpática, educada, agilizada, não pode ter preguiça ou reclamar de cansaço e, peloamordesantocristo, TEM que ter um repertório vasto de poses. Além do corpo dentro do padrão do mercado, ainda tem que ter pele firme, pouca celulite, unhas e cabelos bem cuidados, hidratados, brilhantes e bem pintados, pele sem espinhas, marcas ou manchas e tem que estar SEMPRE com unhas feitas, pele hidratada e depilada. Claro que o Photoshop resolve muita coisa na hora de finalizar a campanha e algumas marcas levam cabeleireiros e manicures para o shooting, mas nem todas as marcas têm verba para bancar um extreme make over. É um absurdo e foge totalmente do propósito da beleza natural, mas é a verdade.
6. As agências não são garantia de trabalho
Você pode ser agenciada, mas isso não quer dizer que você vai se tornar uma modelo plus size – inclusive conheço meninas que são agenciadas há anos e NUNCA tiveram um trabalhinho sequer arranjado pela agência. Ou seja, você pode pagar o que for e acabar nunca trabalhando como modelo.
7. É claro que a agência vai falar que você tem perfil
E você pode ter perfil mesmo, mas pode não ter nada a ver com o que o mercado quer e a agência não vai te contar, afinal ao não te dizer ela leva o seu dinheiro sem o compromisso de te devolver. Ou seja, você paga, ela mantém seu nome na lista de agenciados, mas nunca nenhuma marca pode te chamar pra fotografar. Dessa forma a única que perde é você. Tenha senso crítico, veja se você tem aptidão e se esse é realmente um sonho que vale a pena investir.
8. Por falar em investimento, o salário NÃO é milionário
É claro que se você é uma modelo super top, que já está há anos no mercado e toda marca sonha em te ter no catálogo, você vai poder cobrar um valor mais alto. No entanto, até chegar em patamar avançado da carreira, você vai ter que praticamente pagar para trabalhar – entre fazer as unhas, depilação, pagar condução ida e volta e bancar seu almoço você pode realmente gastar mais do que vai ganhar. Mas calma, porque todo começo de carreira de modelo é assim!
9. Você vai ter que lidar com gente puxando seu tapete
Se você vê as modelos como todas colegas de profissão que se apoiam e se amam, saiba que esse é um dos motivos de decepção com a carreira que eu mais ouço. Por existir muita concorrência e até por formar panelinhas com as pessoas que você mais se identifica, dentro do meio plus size também existem conflitos e também tem gente tentando te sabotar. Quem disse que era um mundo mágico?
10. Você vai ter que lidar com marca mão de vaca e com propostas absurdas
A marca pode ser linda por fora e podre por dentro! Existem marcas que apesar de poderem pagar, oferecem uma mixaria pra modelo, tem que ter malícia e firmeza para bater o pé no seu valor! Outro grande mistério são as marcas que oferecem permuta em roupas no lugar de dinheiro. Cuidado! Apesar de muito legais, as rupas ainda não pagam as contas de água, luz e telefone.
11. Você tem que ter uma carreira com carga horário flexível além de ser modelo plus size
Ou alguém para te sustentar enquanto o sucesso não vem, já que os salários são baixos e você vai ter trabalhos que vão durar longas tardes, é necessário ter tempo e dinheiro. Ou seja, o investimento da carreira não é só ao pagar a agência.
12. Ser modelo plus size não resolve problemas de autoestima
Não sei quantos e-mails já recebi de mulheres incríveis que queriam uma chance de ser modelo plus size para dar um up na autoestima. É verdade que se ver linda em uma campanha famosa é uma grande massagem no ego, o problema é que até chegar lá você vai ter que comer o pão que o diabo amassou, na mão de tudo quanto é gente ignorante e sem noção. E nem estou falando no começo, quando você ainda não é ninguém na fila do pão, estou falando SEMPRE, veja aqui o caso da modelo famosa e super conceituada no mercado, a Alessandra Linder, que foi chamada de gorda, leitoa e arrombada por um booker sem noção.Tem que JÁ ter uma autoestima MUITO fortalecida para conseguir lidar com as críticas pesadas ao seu instrumento de trabalho, que é o seu corpo. Existem mil jeitos de fazer fotos e se sentir diva sem precisar fazer disso uma profissão, ok?! Você pode criar um blog de look do dia ou um Instagram de inspirações, para começar 😉
13. Não basta estourar em uma temporada, você tem que se manter no topo
Vide a primeira modelo plus size transsexual, a Renata Montezine, que foi a sensação do último Fashion Weekend Plus Size e que é uma linda, mas que por conta do preconceito do mercado acabou perdendo muitos trabalhos e campanhas – e que agora infelizmente está quase desistindo da carreira.
14. Não tem tanto glamour quanto parece
Você imagina que a modelo plus size fica sendo abanada naquele cenário maravilhoso de fundo e que antes do ensaio ela ficou comendo frutas, deitada em um SPA, com pepinos nos olhos e 2 gostosões lhe fazendo massagem… SÓ QUE NÃO! Antes do ensaio, provavelmente ela dormiu toda torta em um voô ou em um longo percurso de ônibus até chegar na cidade onde seria o ensaio e nem deu tempo dela ajeitar as costas que já veio alguém da produção lhe arrancando a roupa e lhe metendo um monte de outras para fazer teste de luz e a maquiagem, enquanto outra pessoa puxa seu cabelo em um penteado que não tem nada a ver com você, pouco antes de começar uma longa jornada de 10 horas com adicional de 2 sem multa, em que você vai ficar subindo e descendo de sapatos que não cabem nos seus pés, mas que você tem que entrar mesmo assim, e ainda sair sorrindo e linda em um clique de um fotógrafo mal educado que vai ficar te fazendo caretas. Ufa! Claro que nem todos os ensaios são assim e tem uns que são REALMENTE muito divertidos com uma equipe dedicada e gente muito simpática, mas é sempre bom saber que tem o lado “perigoso” nisso e que você vai ter que aguentar sem reclamar porque esse é o seu trabalho.
15. A concorrência é alta e NÃO tem espaço para todas
Gente, é um fato que metade da população brasileira está acima do peso considerado ideal, mas isso infelizmente ainda não significa que metade das lojas do shopping oferecem tamanhos grandes. O mercado plus size ainda é recém-nascido aqui no Brasil e são poucas marcas que fazem moda boa, com investimento em campanhas bonitas e com modelos profissionais. O que significa que o espaço para modelos plus size é bem pequeno e a concorrência é altíssima com mulheres que já estão no mercado há anos e entendem muito bem da profissão, o que nos leva ao próximo item…
16. Não pode só gostar de tirar fotos, TEM que entender o mercado
Você vai concorrer com mulheres que estão inseridas no mercado há anos, que conhecem donos de lojas e têm relacionamento pessoal com eles. Ou seja, suas chances aumentam MUITO se você entender e acrescentar alguma coisa a mais para a campanha ou para a coleção de alguma marca. Seja interessada, pesquise sobre o mercado, o que falta, como vão as tendências, qual é o histórico da marca, as parceiras, o que os blogs falam dela, o que não falam, etc. É sempre bom provar que além do rosto bonito da campanha, você é uma pessoa esforçada e que entende o que faz.
17. Você tem que ter um bom vocabulário de particularidades da profissão (e um bom inglês)
Shooting, trend, spring/summer, sessão, ensaio, Photoshop, blur, set, booker, casting, produção, prova, BG… Não entendeu metade dessas gírias? Comece a estudar, amiga… Você vai precisar delas pra sobreviver no universo das modelos plus size!
18. Você tem que ter um diferencial
Observe as modelos plus size mais famosas e veja no que elas se diferenciam de outras mulheres que vestem acima de 46. Te garanto que todas elas têm alguma coisa que faz com que se destaquem entre tantas outras, seja o jeito de olhar e sorrir ou o jeito de posicionar o corpo. Pense sozinha: o que te faz diferente de outras mulheres plus size? Não existe uma regra, infelizmente, mas se você não conseguir achar o que te faz diferente, como você vai conseguir mostrar isso pra marca?
19. Você não pode ter vergonha!
Você vai ficar pelada em um estúdio com mais de 20 pessoas, entre mulheres, homens, gays, héteros, bis e trans. Produtores vão tirar sua roupa sem que você perceba e vão acabar esbarrando em uma nádega ou em algum dos seus mamilos. Alguém “das modas” vai te olhar com cara feia de preconceito. Você vai ter que fazer cara de santa ou de sexy conforme a fotógrafa pedir e de um segundo para o outro. Você vai ter que fingir que gosta de rock ou que é uma ginasta se precisar. Você vai suar loucamente e vai segurar a vontade de soltar um pum até sua barriga doer. Alguma peça vai ficar pequena, você vai se sentir a mulher mais gorda do estúdio e isso vai parecer horrível na hora. Você vai ter que superar qualquer tipo de vergonha e ninguém vai te ensinar a fazer isso ou vai ter paciência com você. Se você tem vergonha, esse trabalho não é para você.
Bom, gatonas, é claro que como TODA profissão essa também tem o lado bom e o lado ruim e também, como TUDO na vida, existem exceções, mas como eu recebo muuuuitas perguntas de muitas mulheres a respeito do tema acho legal sempre falar um pouquinho. Eu espero que você fique de olhos abertos e não desista dos seus grandes sonhos! Força, mulher ♥
Conhece alguma amiga que quer ser modelo plus size? Compartilhe a matéria com ela 😉
Olá queridas, eu sei que ontem teve vídeo também, mas é que eu não podia deixar de compartilhar esse vídeo da minha série com o Lucas, lá no MdeMulher…Se você não conhece o A Gorda e O Gay, clica aqui.
O fato é que esse episódio, apesar dos nossos sorrisos e da nossa tranquilidade ao falar, foi um dos mais tensos para gravar porque mexe com muitos sentimentos profundos, muita superação diária, muitos estalos psicológicos e mexe muito com a nossa autoestima.
A gente aceitou e quis se expor assim, sem filtro, para que quem visse o programa também soubesse que é difícil passar pelo processo de aceitação – do que for, seja do corpo ou da sua sexualidade – mas que depois que você entende a importância disso na sua vida e na vida das pessoas, você passa a ser realmente uma pessoa mais segura de si e mais empoderada.
Enfim, espero que vocês gostem do episódio de hoje e que isso lhes dê forças para se aceitarem do jeito que forem também!
♥ Como eu me assumi plus size!A Gorda e O Gay ♥
Enfim, até me emociono pela história de como eu me assumi e também pela história do Lu, que foi fisicamente sofrida também.
Para finalizar, só quero dizer uma coisa: quando tem AMOR envolvido ninguém sai perdendo… Seja amor pelo seu corpo, seja amor por alguém do mesmo sexo, seja amor pela vida! Amor gera amor, gente. Vamos amar e se amar? ♥