Pela primeira vez vai ter uma GORDA na Playboy – com gordurinhas e celulite \o/

Quando chegou um e-mail da Playboy, eu dei risada… Não dei risada pelo convite em si, mas porque eu não me vejo – e nunca me vi – como uma mulher sensual e sair assim era impensável para mim. Por acaso, na hora que abri o e-mail estava conversando com a Marcinha, minha amiga de faculdade que também trabalha comigo aqui no blog.

A Marcinha é gordinha, ela não é plus size, mas tem barriguinha, coxas grossas, bracinho gordo, formas arredondadas e já lutou muito contra a balança. Contei pra ela o motivo do riso e ela ficou séria. Não sei por que você achou graça, Ju. Eu fico pensando que se eu tivesse visto uma representação da gorda como uma mulher sexy, em revistas ou em seriados, talvez eu tivesse tido menos problemas com o meu corpo, talvez eu tivesse me sentido mais sensual e mais confiante na hora do sexo, na hora de tirar a roupa e até na frente do espelho…”

A Marcinha me fez repensar. Eu luto há mais de 9 anos para que a mulher não precise da aprovação de ninguém, eu sou feminista a ponto de saber que eu não preciso ser NADA para agradar a homem nenhum, mas eu também luto para que a sociedade olhe a mulher gorda como uma mulher normal, que as pessoas encarem uma mulher gorda da mesma forma que encaram uma mulher magra e um dos meios para conquistar isso se chama REPRESENTATIVIDADE.

É colocar a gorda em revistas, em seriados, em filmes… E não só como a gorda coitadinha ou alívio cômico, é colocar a gorda como uma mulher empoderada, bem sucedida, amada, desejada, confiante e de forma positiva, provando que a gorda não tem que se esconder e que faz parte sim da sociedade, como qualquer outra mulher com qualquer outro formato de corpo.

Pois bem, a edição é toda voltada para internet e a seção se chama MQA: Mulheres Que Amamos, uma seção de entrevista onde os editores da revista chamam mulheres que eles consideram inteligentes, bonitas, sensuais e que têm muito mais que um corpo para oferecer ao mundo, é uma seção de entrevista que apesar das fotos de lingerie, fala sobre o meu trabalho e um pouco também da minha vida pessoal. Achei a seção legal, me senti honrada de ter sido chamada para fazer parte de uma matéria que vai além do corpo gordo.

Mas ainda fiquei preocupada: “eu não sei ser sexy no estilo Playboy” desabafei com a repórter que fez a minha entrevista. Ela me falou, “Ju, queremos que você seja você mesma, com a maior naturalidade possível, como se você estivesse em casa mesmo, do jeito que você fica. Você pode não se ver sexy, mas existem vários tipos de sensualidade  que vão além daquelas fotos fazendo caras e bocas…

No final das contas, nem precisei encarnar uma personagem. Não precisei fazer “a mulher que quer conquistar um homem”, eu apenas estava lá de boas sendo eu mesma. Tiramos algumas fotos do meu celular (pra eu mostrar pra minha mãe e ela não ter um ataque do coração como foi quando eu sai na capa da Elle hua hua hua) e para todas as meninas que mostrei a foto a reação foi a mesma: CARACA QUE LINDA, QUE FODA, AMEI, VAI TER UMA GORDA NA PLAYBOY… Nenhuma se sentiu ofendida, pelo contrário: elas acharam muito legal mostrar que a sensualidade não está só em ter uma calça 36 ou ter peitão (duas coisas que eu definitivamente não tenho) e um corpo fora dos padrões pode ser tão desejado e enaltecido quanto tantos outros.

E quando me mandaram as fotos finais, com quase nada de Photoshop, com as minhas gordurinhas marcando a lingerie, com as minhas celulites aparecendo, eu olhei e pensei: caraca, talvez eu seja sexy e eu só não consiga me enxergar desse jeito porque aprendi desde sempre que eu tinha outras qualidades incríveis, mas que ser sensual não poderia ser uma delas ja que meu corpo não é padrão.

Eu ainda só posso mostrar uma foto que tiramos no dia, porque a revista vai pras bancas dia 25 de outubro, mas vou colocar um comparativo da foto que tirei com o celular e da que tiraram com a câmera profissional pra vocês verem que foi super fiel ao meu corpo e à minha cara, coisa que achei importantíssimo já que o objetivo é mesmo mostrar que a gente pode ser sensual, SIM, do jeitinho que é 

 

♥ Pela primeira vez vai ter uma GORDA na Playboycom gordurinhas e celulite \o/ ♥

Na foto do ensaio:

gorda na playboy

 

Na foto que tiramos do meu celular, sem filtro nem correção de luz:

gorda na playboy 2

 

Enfim, fiquei orgulhosa de ter sido a primeira gorda a sair na Playboy, fiquei feliz de descobrir um lado meu que eu achava que nem existia e fiquei AINDA mais feliz de poder representar todas as gordas que também não se sentem sexy por algum motivo.

Essas fotos são pra vocês meninas, para que vocês nunca duvidem de si mesmas, para que vocês acreditem que podem ser lindas e maravilhosas com o corpo que tiverem.

 

Espero que vocês gostem e como disse a Marcinha depois de ver o resultado das fotos: “Essa vai ser a primeira Playboy que vou deixar meu marido comprar porque EU quero ver!” hua hua hua

 

Até sair a revista (25/10) vou vendo se consigo soltar mais spoilers hehehe Mas me contem o que acharam aqui nos comentários! 

 

HUA HUA

BJÓN

156 Comments
  1. Isso é maravilhoso, Ju!
    De 10 anos pra cá engordei bastante e tive alguns problemas de aceitação do corpo e tudo mais. Tenho 25 anos, comecei a namorar com 14 anos e casei com esse mesmo cara que estou há 11 anos no mês passado, mas eu morro de vergonha dele! Sério.
    Apesar dele falar que gosta de mim do jeito que sou e nunca fazer comentários maldosos, não me sinto representada, pois o modelo de mulher perfeita está longe de se parecer comigo.
    Agora com essa noticia incrível fica mais fácil de me convencer de que posso ser uma mulher segura com meu corpo e sexy.
    Arrasa, Ju!

  2. Simplesmente isso é tao revolucionário,tão inovador, vai ajudar tantas meninas que ainda sofrem pq são gordas, vai ser um marco e dessa vez não só pr nós que acompanhamos seus trabalhos e dicas mas pra toda sociedade que vai ter que engolir que n importa o peso, tu é linda e poderosaaa!!! Parabéns,obrigada como mulher e como mãe eu agradeço!

  3. Sua linda! Mano! Ha muitos tempo acompanho seu blog/face/insta e vc sempre foi uma inspiracao. Todos os dias em que eu nao me sinto legal na frente do espelho eu fico pensando nos seus posts e no que eu poderia tirar disso para parar de me sentir assim. Você me faz sentir mais bonita. Nunca se esqueça do quanto vc especial e de quantas vidas vc muda todos os dias. Mesmo sem saber. Obrigada. E parabens pela revista ooooow! ANIMAL!

  4. Caracasss… Ñ tenho palavras pra descrever minha felicidade por vc.
    Dia desses ainda comentei com amigas, que eu faria um ensaio sensual pra apoiar o tipo de mulher que o padronismo ñ impõe. hahaha

    Tu es lindaa. Parabens pela conquista

  5. Eu chorei ao ler essa reportagem. Chorei pq assim como sua amiga pensei: “e se”, quem sabe seria mais confiante? Não sei se sim, mas espero que ainda dê tempo. Parabéns por esse maravilhoso sucesso ❤

  6. Esse tiro me acertou!! Vai ser a primeira playboy que eu vou comprar NA VIDA! Ju… vc me inspira cada dia mais. Vc é foda!! Graças a Deus vc existe!! 😍

  7. Adorei! Há várias formas de beleza e sensualidade. Realmente acho que a mulher gorda tem que ser tratada apenas como MULHER assim como a modelo plus size apenas como MODELO. Como exemplo tem a propaganda com a modelo Mayara Russi para o Santander apenas como uma modelo bonita. É assim que tem que ser daqui pra frente.

  8. Chorei, Ju! Fiquei só na dúvida se vai ser impressa ou só online, por vc ter dito q era toda voltada pra internet… Não entendi se é o tema da edição ou se vai ser só virtual! De qqr forma vamos comprar e/ou clicar, compartilhar e gerar muito buzz pq 1o.) deve ter fotos suas lindas e uma entrevista maravilhosa e 2o.) podemos provar que gorda e gente real tb atrai e vende, além de “recompensar” a posição maravilinda da revista. De mulher pelada padronizada a internet está cheia, acho mesmo que a Playboy está procurando lindeza real com conteúdo pq é do que eles precisam pra manter leitores!

  9. Linda! Que orgulho de ver você representando não só as gordas, mas todas as mulheres que não se sentem boas o suficiente. Com certeza muitas magras, altas e baixas, vão se inspirar com sua auto confiança.

  10. You go, girl! Acompanho seu trabalho há muito tempo.
    E não tem lugar algum onde você não possa chegar, INCLUSIVE a Playboy.
    Parabéns pela militância, por abrir a cabeça das pessoas , por implodir o conceito escroto e excludente que se tem de beleza.
    Grande beijo

Leave a Reply

Your email address will not be published.