O verão é cruel com a gorda

Eu sempre digo que a aceitação é um processo diário. Ninguém acorda um belo dia, depois de uma vida com a autoestima massacrada pelo bullying, e diz: meu Deus como eu sou maravilhosa. Não aconteceu isso comigo e, provavelmente, também não aconteceu com você. E acredite, eu achei que estava em um nível avançado de aceitação há anos, mas foi neste fim de semana que eu percebi: eu ainda tenho muito o que aceitar.

Há anos eu não ia à praia. Não porque eu tinha vergonha do meu corpo – vergonha, aliás, não é uma das minhas qualidades. Mas porque tudo era motivo: calor, areia, mar sujo, moleza, preguiça, sono, cansaço, gente pelada… Qualquer desculpa que eu pudesse inventar para ignorar completamente o verão, eu usava. Não sei bem por que eu fazia isso, só sei que quando o calor começou por aqui em São Paulo, foi me dando uma vontade maluca de aproveitar. Pode ser porque estou realmente bem comigo mesma esse ano, pode ser porque eu estou mais velha e quero aproveitar o que a vida tem de melhor ou pode ser simplesmente que eu enlouqueci de vez, sei lá. Sei que semana passada me deu um siricutico e eu PRE-CI-SEI ir à praia.

E chegando lá outra vontade: a de não ligar para nada e sair exibindo as celulites, as gordurinhas, as estrias e tudo mais que esse corpinho gordo aqui me permitir. Cheguei, pisei na areia com o meu shortinho e camiseta. Por um momento eu pensei: cara, eu devo ser a pessoa mais gorda dessa praia. E logo em seguida pensei de novo: o.k. se eu for, serei a mais gorda de roupa ou sem. Então, tirei toda a roupa, estendi minha esteira no chão e deitei com o meu mini-biquini (eu queria pegar uma cor sabe!?).

Só quero dizer uma coisa: deitada todo mundo parece mais magra! hua hua hua
Só quero dizer uma coisa: deitada todo mundo parece mais magra! hua hua hua

 

Aí quando estava já virando um camarão assado, resolvi abrir os olhos e reparar nas pessoas ao redor. Na nossa frente tinha um grupo de casais. As mulheres todas, gordas e magras, sem exceção tinham celulites, barriguinha, flacidez e estavam lá, arrasando em seus biquínis, com uma latinha de cerveja na mão. Não estavam ligando se eu estava olhando ou não. Então fui vendo e ninguém, absolutamente ninguém, naquela praia tinha o corpo igual ao de outra. Nem as irmãs magérrimas da esteira ao lado tinham o corpo igual. E de repente, comecei a achar tudo aquilo muito lindo. Mas aí reparei: se eu comecei a achar aquilo lindo, quer dizer que antes eu não achava? Ou antes talvez, eu tivesse aquela voz interior, que cresceu comigo, dizendo: O VERÃO NÃO É PARA GENTE GORDA.

E é isso mesmo. Eu nunca achei que o verão pudesse ser bom para mim, que eu pudesse ser feliz na praia, como as outras pessoas são. Nunca pensei que usar um shortinho e uma rasteirinha poderiam me fazer bem, porque afinal eu tenho a coxa toda furada de celulite e gordurinhas. Eu me privei do verão e da delícia que é o calor durante anos, porque em algum lugar lá do passado eu aprendi que a gorda deveria se esconder. E isso ficou tão cravado no meu subconsciente que só esse fim de semana, após 4 anos lutando pela aceitação, eu consegui me libertar dessa corrente.

Então, querida leitora, amiga, se você também tem aversão à praia, eu digo uma coisa: O VERÃO TAMBÉM É PARA VOCÊ! Gorda, magra, alta, baixa, bunduda, peituda, etc. Você não tem que esconder nada aí, não! Na praia a única regra é usar protetor solar, de resto é só ser feliz! Então, braços para fora. Se tiver muita vergonha, comece com um maiô. Só não fique embaixo do guarda-sol, olhando o tempo passar enquanto a vida está rolando e você está perdendo. Vá viver. Vá jogar bola, nadar no mar, pegar uma cor… Vá ser feliz!

Acredite, ninguém terá o mesmo corpo que o seu, mas desde quando isso é ruim? 😉

 

OBS: Tenho amigas magrinhas que vieram me falar: “Ju, admiro a coragem de postar uma foto de biquini, eu não teria”. Pois bem, eu não tenho mais o que esconder e não tenho por que me esconder. Eu quero mesmo é que todo mundo veja que dá SIM para ser feliz com o corpo que você tem, sem entrar na nóia da barriga negativa! Eu quero é ter saúde e aproveitar o que a vida pode me oferecer, sem ter que me preocupar com o que as pessoas vão achar do meu corpo – que é tão pouquinho e tão pequenininho perto do que eu sou… 😉 Fica aqui o meu grito por um verão libertador!

8 Comments
  1. Obrigada pelas dicas! Mas me sinto peixe fora d´água mesmo quando o assunto é moda Plus Size. Por exemplo, moda praia => E quem não tem essa cintura das modelos Plus Size – que são a maioria? E quem tem estômago bem ‘pra frente’ e barrigão? Comofas pra ficar bonita? Para encontrar a medida certa de seu maiô medir nas tabelas dos sites nos oferecem, enquanto elas sequer consideram medida de estômago?

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